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Engenheiro vira o profissional da vez

Boom imobiliário provoca corrida pela contratação de mão de obra qualificada. Empresas aceleram programas de trainee Paula Takahashi e Geórgea Choucair O mercado está para os engenheiros, que começam a fazer falta nos canteiros de obra. O boom vivido pelo setor imobiliário, principalmente na baixa renda, provoca uma corrida pela contratação desses profissionais, que pela primeira vez vão participar de programas de trainee de construtoras e incorporadoras. A Gafisa e a Tenda lançaram ontem o programa Comece bem, para seleção de engenheiros das áreas civil e de produção para atuar em diversas regiões do país. A demanda por esses profissionais cresce não só no segmento da engenharia civil como também de minas, mecânica, de produção e siderúrgica. O mercado mais amplo reflete-se nos números de interessados em ingressar na profissão. No primeiro semestre de 2008, a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) registrou 669 inscritos para o vestibular de engenharia (civil, mecânica, elétrica, automação e produção). Este ano, o número de interessados chegou a 2.124, incluindo os candidatos do novo curso de engenharia civil, da unidade do Barreiro. O vice-diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rodney Rezende Saldanha, avalia que setores da economia que tiveram incentivos do governo estão necessitando cada vez mais de profissionais da área. “Com o aumento do volume de venda de automóveis, a demanda pela engenharia mecânica está sendo retomada. Existe também algum sinal de retomada nas áreas de minas e metalurgia, com o anúncio de investimentos nas siderurgias.” A situação também é percebida pelo gerente de projetos e desenvolvimento do grupo de recrutamento Selpe, Robson Barbosa. “Hoje não existe escassez de engenheiros no mercado, mas há pouco tempo isso era realidade e pode ser que volte a ocorrer novamente. Por isso, já estamos sendo procurados por empresas interessadas em abrir processos de seleção de estágio e trainee para formação de talentos”, explica. A escassez de mão de obra é mais expressiva quando é necessária a contratação de profissionais com mais experiência. Para suprir essa demanda, empresários do setor ampliaram os investimentos em cursos de especialização. O Sindicato da Indústria da Construção Pesada de Minas Gerais (Sicepot-MG) finalizou este mês na Fumec a primeira turma de qualificação de engenheiro civil para a construção pesada. Os estudantes são alunos dos últimos períodos de graduação e recém-formados. O curso foi feito em parceira com a faculdade, o sindicato e o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER). “A formação dos engenheiros não aconteceu na mesma velocidade do avanço das obras. O bom profissional está escasso, pois muitos foram para outros setores no passado, por falta de mercado”, afirma Alberto Salum, presidente do Sicepot-MG. O engenheiro civil José Guaraci D’Ávila Reis trabalha no ramo da construção civil há 30 anos. Ele tem uma empresa no setor, focada em obras para a baixa renda. Atualmente, tem uma vaga aberta para engenheiro, mas afirma que o profissional com boa formação é difícil de ser encontrado. “É um bom momento para o recém-formado e engenheiros em busca de emprego”, diz. Ele afirma que a remuneração de muitos profissionais chegou a crescer 40% nos últimos dois anos. ONDE SE INSCREVER Gafisa e Tenda Inscrições: www.bpc.com.br Requisitos: formados, recém-formados ou cursando o último período em engenharia nas áreas civil e de produção. Ter mobilidade nacional. Inglês é diferencial Salário: estimado em R$ 3,5 mil Programas de trainee Volkswagen Inscrições: até 12 de agosto no site www.grupofoco.com.br Vagas: 19 para trainee Requisitos: graduação entre dezembro de 2007 e dezembro de 2009. Há vagas para todas as áreas, inclusive engenharia Vopak Inscrições: até 5 de agosto no site www.ciadetalentos.com.br Requisitos: formado entre julho de 2007 e julho de 2009 nos cursos de engenharia elétrica, de produção, mecânica, naval ou química, ter inglês fluente, bons conhecimentos do Pacote Office, disponibilidade para residir em outras cidades, estados e países Local de trabalho: Santos (SP) Benefícios: salário compatível com o mercado, plano de saúde, plano odontológico, vale alimentação, seguro de vida, previdência privada, participação nos lucros Início: novembro de 2009 Souza Cruz Inscrições: 14 de setembro no site www.ciadetalentos.com.br Requisitos: conclusão da graduação entre dezembro de 2007 e dezembro de 2009, mobilidade geográfica, inglês fluente. Há vagas para todas as áreas, incluindo engenharia Salário inicial: R$ 3.824 Local de trabalho: uma das unidades da Souza Cruz no Brasil Procuram-se estagiários Paula Takahashi e Geórgea Choucair O vice-presidente de Política, Relação Trabalhista e Recursos Humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON-MG), Ricardo Catão Ribeiro, afirma que o mercado da construção civil está mais aberto não só para engenheiros formados, como também para os estudantes de graduação. “No passado, até os estagiários de engenharia tinham dificuldade de achar vaga. Hoje, só fica desempregado quem quer”, diz. Luis Testa, gerente de Marketing da empresa de recrutamento Vagas Tecnologia, tem observado um retorno dos programas de trainee e estágio. “Esse era um segmento que estava parado no início do ano com muitos processos seletivos suspensos, mas este mês já notamos que grandes empresas, como a Souza Cruz e a Volkswagem, estão iniciando seus processos de seleção”, explica. A recém-formada em engenharia civil Renata Menezes Almeida aproveitou a oportunidade e garantiu seu primeiro emprego como trainee em uma empresa de consultoria de projetos. “Trabalhei como estagiária durante dois meses e tive a chance de ser contratada. Pessoalmente não percebi os efeitos da crise no mercado de trabalho”, explica. No caso dos colegas de sala, que também se formaram agora, ela acredita que a situação seja parecida. “Das 55 pessoas que formaram comigo, tenho notícias de duas que estão desempregadas. Então imagino que a grande maioria já esteja trabalhando”, explica. Raul Otávio Pereira, secretário geral do Sindicato de Engenheiros do Estado de Minas Gerais (Senge), acredita que deve haver cautela, já que os sinais de contratações ainda são pequenos e restritos a alguns setores da engenharia. “O que se pode dizer é que houve uma estagnação das demissões, mas há uma retomada e acredito que já no ano que vem os níveis de contratação voltem aos patamares do ano passado”, avalia. Também é para o próximo ano que Márcio Damásio Trindade, presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), prevê melhoras significativas. “Já existe alguma coisa no setor rodoviário e os setores elétricos e de energia estão bem em questões de mercado de trabalho.”