Empresários da construção civil precisam abandonar formas empíricas e passar a mensurar os riscos dos empreendimentos, a fim de conhecer as taxas de retorno e a viabilidade dos investimentos. O tema foi abordado por Leonardo de Paula Longo, administrador de empresas. Convidado pelo fórum Banco de Dados no 89º Encontro Nacional da Indústria da Construção, ele apresentou análises de investimentos praticadas no mercado financeiro, garantindo serem aplicáveis a empreendimentos imobiliários.
“No atual cenário econômico do país, é preciso um planejamento, procurar o caminho mais adequado” para cada empresa, complementou a economista do Banco de Dados e assessora econômica do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ieda Vasconcelos.
Mestre em crédito imobiliário pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Longo destacou aos participantes que em tempos de grande incerteza, como agora, é necessário que as empresas procurem calcular o custo do dinheiro a ser investido, mensurando os riscos embutidos, para conhecer se o retorno compensa. “O retorno é o que se ganha em relação àquilo que se investiu”, simplificou o palestrante. Para tanto, não se pode desprezar os riscos, em qualquer projeto, independentemente da época. “Estamos num período de aumento de incertezas, que é aquilo que você não tem como mensurar. Ao contrário do risco, a variabilidade dos eventos, mas que você consegue medir”, explicou.
Segundo Longo, as empresas devem fazer avaliações, mesmo que complicadas e para isso buscando profissionais especializados, para fazer análises dos projetos em pauta. “Quando estamos falando de investimentos financeiros, o mercado é cruel. Não tem conversa. Se a percepção do risco aumenta, a taxa sempre será maior”, comentou.
Exemplificando com dados de balanço financeiro, Longo recomendou a adoção de técnicas que apontem o custo do capital no tempo do investimento, encontrando-se a taxa de risco e a taxa de retorno de cada projeto. “Sobretudo, não aconselho tomar decisões somente usando técnicas simplificadas como o payback (pagamento de volta), usado há tempos na construção civil, mas que não dá ao empresário o custo do capital e a taxa interna de retorno”.
Ele recomenda a diversificação de investimentos, dentro do próprio setor de construção civil. E que as empresas aceitem a ajuda de fórmulas matemáticas que apontem se o projeto será ou não vantajoso. “Toda decisão empresarial vai ter algum tipo de risco e, mesmo assim, terá que ser tomada. Por isso, é preciso trazer receitas e despesas (capital) a valor presente, ajusta a uma taxa de riscos e chegar à taxa de retorno que deve, ao menos, manter o mesmo valor de mercado da empresa”, concluiu Longo.
O 89° Encontro da Indústria da Construção (ENIC) é uma promoção da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e uma realização do Sinduscon-DF. As reuniões técnicas das Comissões, Fóruns e Banco de Dados da CBIC contam com a correalização do SENAI Nacional e SESI Nacional.
Fotos: Breno Esaki/CBIC
Texto extraído do boletim da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)