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Evento da AsBEA-MG destaca requalificações urbanas e retrofit


O tema “Reviver Rio: uma experiência de requalificação do Centro do Rio de Janeiro” abriu as palestras do evento Reviver Centro – Um Novo Vetor Imobiliário em BH, realizado pela AsBEA-MG no Construa Minas, nesta quinta-feira (20/10), no espaço The One, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

O arquiteto e urbanista (ex-secretário de Planejamento Urbano do Rio de Janeiro) Washington Fajardo esteve à frente do trabalho de revitalização, que completa um ano. “O objetivo era levar vida para aquela região. Fizemos uma pesquisa online e ouvimos mais de 8 mil pessoas. Muitas tinham vontade de morar no centro, mas não iriam com a família pra lá. Outras até viveriam sem carro, mas temiam pela insegurança”, explicou. 

Um ano depois, o Reviver Centro do Rio licenciou mais de 1,3 mil unidades habitacionais – número superior ao total de licenças concedidas nos dez anos anteriores ao programa.

“O VLT e metrô, por exemplo, não levaram pessoas para o centro. Apenas alguns nichos foram criados, como os estúdios para executivos, um modelo paulista, que não deu certo no Rio”, contou Fajardo. Segundo ele, é preciso atrair famílias de renda média para as áreas centrais. Esse é o público que vai desenvolver comércio, gerar renda e atrair mais moradores e empreendedores. 

Uma isca lancada pela Prefeitura do Rio para atrair investidores para o centro foi o bônus construtivo. “O foco dos construtores era a Zona Sul, a Barra, então demos esse incentivo com a condição de que eles também investissem no centro. Se você for a Ipanema vai ver vários canteiros de obra, mas porque todos esses incorporadores também construíram na região central”. 

Para Fajardo, o sucesso de um projeto desse porte também se deve a presença do poder público na rua e ao diálogo. “Autoridades têm que andar a pé, eu estava sempre pelo centro do Rio. Também foi criado um gabinete de crise para ouvir demandas de moradores e comerciantes, e seguir aprimorando”.

O Reviver Centro do Rio ainda implanta um Distrito de Baixa Emissão para a redução de gases do efeito estufa. A área de 2,3 quilômetros quadrados será entregue por etapas até 2030. 

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O jornalista Raul Juste Lores, autor do livro “São Paulo nas alturas”, palestrou no evento da AsBEA-MG sobre o tema Requalificações Urbanas Possíveis. De início, ele disse ter se assustado com o fato de belo-horizontino conhecer tão pouco a cidade. “BH precisa se mostrar mais. Eu estou sempre aqui e sei de muita gente que vai mais ao Rio de Janeiro, a Tiradentes, sem descobrir BH. Outras dizem que vão morar em Nova Lima… Que cidade você imagina estar vivendo?! Tem que conhecer!” provocou.

Como exemplo de requalificação urbana possível e de “autoestima” Lores citou a Magnificent Miles, uma rua da cidade de Chicago (EUA). “No final dos anos 1960, os Estados Unidos estavam em crise. O presidente John Keneddy, Martin Luther King, haviam sido assassinados. Os brancos correram pro subúrbio e abandonaram as cidades. A Magnificent Miles estava abandonada mas Chicago reagiu, criando um calendário de eventos pra a cidade ser lembrada, convocaram artistas pra grafitar, chamaram a Oprah Winfrey pra divulgar a campanha… Hoje todo mundo frequenta essa rua”.

E provocou. “Aqui em BH, quem chega ao Aeroporto de Confins tem informação sobre onde ouvir a música do Clube da Esquina? Sabe aonde ir para ver o Grupo Corpo dancar, ver o teatro do Galpão? A mudança, a requalificação, começam pela autoestima”.

Na opinião do jornalista, a legislação de patrimônio ainda tem que mudar muito. “Todo prédio histórico não tem que virar museu ou centro cultural. O presente também é um momento importante da cidade, não só o passado, senão vira Veneza (Itália) ou Bruges (Bélgica)”.

Lores (ex-correspondente nos Estados Unidos, China e Argentina) deu exemplos de obras de arquitetura por cidades mundo afora. Em Portugal, deve-se preservar as fachadas e volume, já o interior está liberado para mudanças conforme a cabeça do arquiteto. Ele falou de shoppings em Pequim que saíram da formato caixa tornando-se empreendimentos ao ar livre; citou um centro cultural instalado em antigos tanques de petróleo (Coréia do Norte) e da Galeria do Rock que resiste em uma área degradada de São Paulo.

“Nós desperdiçamos muitos terrenos, como os que são usados para estacionamento. Quantas bases militares ou prédios estão desocupados em BH!? Temos que nos permitir a criatividade”, finalizou Lores.

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“Os grandes centros-urbanos do Brasil estão mudando. E esse é o desejo dos jovens, mas não apenas dosjovens de idade, os jovens de cabeça também”. A afirmação é de Maxime Barkatz, fundador da Illion Partners, empresa de investimento imobiliário com foco na compra e recuperação de prédios antigos na cidade de São Paulo.  

A técnica/tendência adotada pela empresa é o Retrofit. A expressão faz parte do vocabulário de arquitetos, construtores e decoradores, e surgiu como uma solução paraedifícios abandonados ou em péssimas condições de utilização, proporcionando uma vida extra aos espaços e preservando o patrimônio histórico.

“A maioria dos prédios de São Paulo data dos anos 1950. E muitos desses pertencem ou pertenceram a famílias que não deram  a manutenção mínima”, explicou Maxime.  

Um dos últimos lançamentos da Illion Partners é o Edifício Tangará (Vila Clementino), de estilo arquitetônico da década de 1960. Com 56 apartamentos de 30 a 50m², a edificação é do tipo residencial para locação, administrada e operada pela Illion Partners.  “O mercado imobiliário é de construtores, há pouco Retrofit”, reconheceu Maxime, “mas é natural que se comece a olhar para esse modelo”.

O Construa Minas é uma realização do Sinduscon-MG e da CBIC, com apoio do Sebrae. Tem patrocínio (Diamante) da PAD, Fassa Bortolo (Patrocínio Ouro), Sicoob Imob.vc (Patrocínio Prata), Ferreira, Pinto, Cordeiro, Santos & Maia Advogados e Sienge CV (Patrocínio Bronze). E apoio institucional do Crea-MG, Fundação Dom Cabral, CMI/Secovi MG, Secovi SP, Prefeitura de Belo Horizonte e Governo de Minas.

Gustavo Lameira – Agência Interface