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Financiamento imobiliário no Brasil: setor aponta riscos com alta dos juros e defende novos mecanismos de funding

Especialistas e lideranças do setor da construção civil se reuniram nesta terça-feira (8), durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), para debater os rumos do financiamento imobiliário no Brasil. O painel discutiu os principais desafios e oportunidades para o crédito habitacional diante do cenário econômico atual, com ênfase na sustentabilidade das fontes de recursos e nas expectativas para 2025. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo até o dia 11 de abril.

O presidente da CBIC, Renato Correia, abriu os debates destacando a evolução histórica do crédito no país e a importância de manter o “alto-forno” do setor ligado. “Em 2002, falávamos em um mercado financiado com R$ 2,5 bilhões. Hoje, somamos mais de R$ 300 bilhões em recursos do SBPE, FGTS e outros instrumentos. É um outro mundo, que só foi possível com o amadurecimento do mercado e a melhoria da legislação”, afirmou.

Correia alertou, no entanto, para a desaceleração nos segmentos voltados à classe média. “Estamos vendo um arrefecimento no funding. Precisamos encontrar uma avenida paralela ao FGTS, com robustez independente. O fundo do pré-sal, por exemplo, abre uma nova perspectiva”, defendeu, referindo-se à recém-criada faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, destinado a financiar moradia para a classe média.

O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo

Na mediação do painel, o conselheiro da CBIC e economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, fez um resgate histórico do financiamento habitacional, lembrando o papel central do FGTS e da poupança no desenvolvimento urbano do Brasil. “Em 1970, 56% da população vivia em áreas urbanas. Em 2023, chegamos a 87%. Isso só foi possível graças ao crédito via FGTS e poupança. Mas hoje, com juros altos e perda de atratividade da poupança, o cenário é preocupante”, alertou.

Saque aniversário – Renato Lomonaco, diretor de assuntos econômicos da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), trouxe dados positivos sobre o desempenho recente do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), mas apontou entraves que afetam a viabilidade de produção em pequenas cidades. “Quase 80% das cidades estão perto do teto permitido pelo programa, tornando a produção inviável. Precisamos ajustar os limites e rever a atualização da renda para as faixas 1, 2 e 3”, explicou.

Lomonaco também defendeu mudanças urgentes no uso do FGTS. “É fundamental permitir que famílias das faixas 1 e 2 possam comprar imóveis classificados na faixa 3, com taxas mais acessíveis. Hoje, essa barreira gera uma exclusão injusta”, apontou. Ele ainda criticou os efeitos do saque-aniversário, que estaria reduzindo drasticamente a capacidade de entrada no financiamento.

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Filipe Pontual, abordou o impacto da alta dos juros e a necessidade de novas alternativas de funding. “Mesmo com taxas elevadas, o início de 2024 surpreendeu pela força da demanda. Mas há uma queda preocupante no financiamento à produção, que caiu 44% no início do ano. Os bancos estão priorizando o crédito para aquisição, deixando a produção sem funding adequado”, explicou.

Pontual também alertou para os impactos de decisões judiciais que ampliam a insegurança jurídica para os bancos. “A cobrança de IPTU e dívidas condominiais dos financiadores, mesmo sem posse do imóvel, pode inviabilizar operações. Isso encarece o crédito e restringe o acesso da população”, pontuou.

O painel mostrou que, apesar do cenário macroeconômico desafiador, o mercado imobiliário brasileiro segue em patamares elevados e com forte demanda. No entanto, para manter a sustentabilidade do crescimento, os participantes foram unânimes em defender ajustes regulatórios, modernização das fontes de funding e estabilidade jurídica.

Construir com respeito é construir para todos! No ENIC 100, evento realizado pela CBIC, reforçamos o compromisso com a diversidade, inclusão e um setor mais justo. Racismo não tem vez! Vamos juntos construir um futuro mais igualitário e respeitoso para todos.

O tema tem interface com o projeto “Segurança Habitacional como Garantia Básica para a Qualidade de Vida e Integridade Física do Trabalhador”, da Comissão de Indústria Imobiliária (CII) da CBIC, em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi).

Fonte: CBIC