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Hora de aumentar a casa

Construir novos cômodos no imóvel demanda certos cuidados, como planejamento prévio com ajuda de profissional especializado, para evitar embargo pela prefeitura e acidentes Rosana Zica Antes de iniciar qualquer ampliação na residência é preciso escolher os técnicos que vão trabalhar na obra, obter alvará, fazer planilha de gastos e conter a euforia Erguer um cômodo sem orientação de profissional dá trabalho, gasta mais material e o dono do imóvel corre sérios riscos de a obra ser embargada ou simplesmente dar errado. A dona-de-casa Maria Carmo Nunes começou em outubro a ampliação da residência no Bairro Nova Riacho, em Contagem. O imóvel foi comprado há oito anos, mas desde 2004 estava alugado enquanto a família morava numa casa de padrão mais elevado na cidade. Por causa da localização privilegiada, os proprietários decidiram investir na melhoria da antiga residência e voltar a morar nela. Para fazer render o lote, de 360 metros quadrados, e aumentar o conforto da casa, foi encomendado um projeto e as obras são feitas com a família residindo no espaço. “Estamos juntos com a baguncinha, mas daqui a pouco as coisas se ajeitam”, diz a dona-de-casa. Toda a obra foi pensada para acomodar confortavelmente a família, que tem três filhos. O espaço interno está sendo redistribuído para a criação de mais um quarto. A antiga copa será incorporada à sala, criando espaço de jantar e televisão integrados. Como a família prefere uma casa maior, mas Maria Carmo não quer nem ouvir falar em dois pavimentos, a saída foi usar a área livre. Parte do quintal foi destinada à construção de uma cozinha externa, onde a dona-da-casa pretende pôr uma mesa grande, fogão e churrasqueira. Ao lado, será erguido mais um banheiro e a área de serviço. Com o acréscimo, a casa, que já tinha 160 metros quadrados, ganhará mais 35 metros quadrados. Para amenizar a perda do quintal, será construído um perolado com vigas de madeira rústica, onde poderão ser cultivadas plantas no caramanchão. “Nossa casa vai ter espaço gourmet e um lugar para as plantinhas. Quero tudo de bom para a família curtir bastante”. Com o anteprojeto em mãos, os proprietários contrataram um pedreiro conhecido para a empreitada. A design de interiores Laurene Magalhães acompanha a obra e explica que, desde o anteprojeto, a preocupação foi fazer o mínimo de demolição. “Obras de acréscimo sempre precisam de profissional para aperfeiçoar o espaço interior e sugerir melhorias na área externa”. Para Laurene, é impossível fazer intervenções com mudanças na estrutura sem a participação de um engenheiro para os cálculos de vigamento e laje. MUDANÇAS O engenheiro Wiliam Alves Pereira diz que o mercado da construção sofreu alteração positiva nos últimos anos. “Quem não procurava orientação especializada está descobrindo que toda obra projetada e coordenada por profissional tem custo final bem menor, com espaço bem distribuído e bem acabado, aumentando o valor futuro do imóvel”. Para a arquiteta Ana Flávia Mendonça, os passos para qualquer obra de ampliação são pensar bastante sobre o que quer mesmo ampliar, escolher o profissional, obter alvará na prefeitura, fazer planilha de gastos e conter o entusiasmo para não exagerar e se perder no meio da obra. Foi esse o caminho percorrido por Maria Carmo Nunes. “Antes de começar a obra, a família toda já sabia o que esperava com a mudança. Não temos muito espaço para construir, mas acho que vai ficar confortável e na medida certa”. Depois da aprovação do projeto de ampliação pelos proprietários e pela prefeitura, o profissional deve especificar o material a ser utilizado. O cliente deve fazer no mínimo três orçamentos, tanto para produtos quanto para frete. “No caso de material de acabamento de primeira linha, a diferença de preço não é muito grande, mas nos itens básicos a alteração é grande”, compara Laurene Magalhães. INDICAÇÃO Na hora de orçar a mão-de-obra, o proprietário pode consultar equipes de profissionais autônomos ou construtoras, buscando sempre profissionais com indicação. Laurene Magalhães estima que a diferença de valores para a empreitada pode chegar a 20%. “As construtoras cobram mais caro, mas normalmente têm equipes maiores e entregam o serviço mais rápido”. Para Ana Flávia Mendonça, o melhor é fazer, sempre, um projeto que leve em conta a área disponível, a rede hidráulica existente e calcular os gastos para criar mais quartos ou áreas molhadas. “O puxadinho só valoriza o imóvel se for bem feito. Para isso, é preciso capricho do início ao fim. No acabamento, o rebaixamento e a iluminação bem-feita valorizam qualquer imóvel”. Longe de problemas Regra básica do puxadinho é manter o padrão do imóvel nos novos cômodos, para evitar casas com estilos diferentes Rosana Zica O engenheiro Wiliam Alves Pereira destaca algumas regras básicas para acertar na obra de ampliação do imóvel. Um dos princípios é usar para o puxadinho o mesmo padrão da construção existente na casa. Ele afirma que alguns erros na ampliação são mais visíveis, como a combinação de material colonial com esquadrias alumínio. Mesmo com material de primeira, o uso de mão-de-obra não qualificada faz com muitas ampliações terminem com acabamento malfeito, principalmente quando o reboco é feito sem massa-corrida. O engenheiro também cita como exemplo de obra equivocada os puxadinhos que encostam na divisa com o imóvel vizinho, gerando muitos transtornos. Para a designer de interiores Laurene Magalhães, é fácil reconhecer as obras de ampliação feitas de forma amadora. “Nessas obras faltam estética e proporção. Se a composição de elementos não foi planejada, o resultado é uma miscelânea de cores, pisos e revestimentos, sem contar a falta de luminosidade por falhas na escolha das portas e janelas, que não seguem o índice mínimo de luz recomendável por metro quadrado.” A especialista diz que a presença do profissional acompanhando todas as etapas da obra possibilita que as soluções sejam encontradas no momento em que os problemas surgem. Laurene Magalhães destaca que o retrabalho numa obra significa, sempre, desperdício de material e de mão-de-obra. Muitos problemas podem ser gerados por falta de dinheiro para concluir as obras. A arquiteta Ana Flávia Mendonça diz que quando a obra começa, o cliente sabe quanto custou o projeto, os gastos aproximados do material, como cimento, areia, argamassa e revestimentos, e com mão-de-obra, como pedreiro, ajudantes, pintores, eletricistas e bombeiros, mas é preciso ter uma reserva. “O problema é que, quando a obra começa, as pessoas pensam que porque estão trocando o piso podem trocar a janela; já que vão fazer cozinha nova, podem reformar a área de serviço; e o valor vai aumentando”. A arquiteta recomenda que, se a pessoa tiver pouco dinheiro e estiver em dúvida entre uma área de serviço ou a construção de mais um quarto, defina pelo projeto do dormitório. “Por causa do custo dos revestimentos, as obras nas áreas de serviço costumam ser mais caras”. Legislação determina ampliação máxima A arquiteta Ana Flávia Mendonça diz que um dos cuidados a serem tomados pelos donos de imóveis antes de realizar obras de ampliação é buscar orientação na prefeitura da cidade. No caso de Belo Horizonte, a legislação municipal determina que qualquer acréscimo na construção tenha autorização prévia da Gerência de Licenciamento Urbano. Somente para pequenas mudanças internas no imóvel não é necessária autorização da prefeitura. O site da PBH (www.pbh.gov.br) traz dicas para acréscimo na construção dentro da legalidade. Ana Flávia Mendonça diz que muitas vezes as pessoas querem ampliar a casa, mas não têm noção de espaço. A arquiteta diz que quando avisa que é preciso buscar autorização na prefeitura e que há limite para ocupar o terreno, que varia de acordo com tamanho do lote, setor comercial ou residencial e zoneamento, muita gente acaba desistindo da ampliação. “Em Belo Horizonte, fazer obra de ampliação sem autorização da prefeitura é uma furada, porque depois o proprietário não consegue fazer a regularização”. No caso do apartamento, as ampliações são muito mais restritas, pois a obra se limita a mudanças no espaço interno e não pode descaracterizar a fachada do prédio. (RZ)