“Cidades são, de fato, o nosso habitat. É um meio artificial sobre o meio natural e, cada vez mais, buscamos torná-lo confortável”, foi com esse argumento que Antônio Macedo Filho, master em Arquitetura Bioclimática e Edifícios Inteligentes pela Universidad Politécnica de Madrid, iniciou a discussão ontem (28) na Comissão de Meio Ambiente (CMA) sobre desenvolvimento urbano sustentável. Sustentabilidade é a grande tendência do século XXI nas empresas brasileiras. A indústria da construção consome essa ideia e busca alternativas eficazes para a implementação no setor. Para se ter uma ideia, estima-se que, no mundo todo, 85% da parcela da população, em 2050, vai morar na área urbana. Ou seja, as moradias ficarão cada vez menores. Compactação e compartilhamento de projetos sustentáveis é o foco da indústria imobiliária brasileira para diminuir os impactos no meio ambiente. De acordo com Antônio Macedo Filho, é possível repensar projetos inserindo paisagismo, por exmplo, com o intuito de refrescar o local de forma natural. Desse modo, evita-se a utilização de ar-condicionado – ou seja, menos consumo da energia elétrica. “Nesses casos, o uso de sistemas renováveis deve ser prioridade”, explica ele. Com os adventos da tecnologia ao longo das décadas – tais como ar-condicionado, lâmpadas, elevadores, entre outras – mudaram o mundo e isso não é novidade para ninguém. Mas, nos dias atuais, é possível pensar em uma cidade confortável mexendo na qualidade de vida de sua população? De acordo com o arquiteto, esse modo de viver vai além das variáveis do consumo dos adventos tecnológicos. Ele deu exemplo da High Line, em Nova York, um projeto ousado que transformou uma linha ferroviária desativada de 10 km em uma praça suspensa. “Ao invés da demolição, produzindo mais lixo, a prefeitura trabalhou com recursos de recuperação do verde”, destacou. No Brasil pode-se muito bem importar essas ideias. Aqui tem recursos naturais abundantes e um parque tecnológico em desenvolvimento que colaboram positivamente para trabalhar a questão da sustentabilidade do setor imobiliário. SELO AZUL Por fim, Jean Rodrigues Benevides, gerente Nacional de Meio Ambiente da Caixa Econômica Federal, prova que é possível utilizar a sustentabilidade em projetos habitacionais de interesse social. Foi apresentado por ele quatro empreendimentos que receberam Selo Azul, da Caixa, que os classificam socioambientalmente – projetos classificados nas cidades de Joinville (SC), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Betim (MG). Este Selo Azul reconhece os empreendimentos residenciais que otimizam o uso dos recursos naturais como água e energia elétrica e que reduzem o custo de manutenção para seus moradores. Para tal, é preciso investir em seis categorias que são Qualidade Urbana, Projeto Conforto, Eficiência Energética, Gestão de Água e Projetos Sociais. Tudo isso pelo conforto da população em seu habitat natural: a cidade. Por Paula Belém – Seconci-SE/Enic