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Imóveis valorizaram até 100%

Linha Verde. Obras de melhorias viárias contribuíram para aumento nos preços de aluguel e compra Demanda para locação é até 30 vezes maior do que a oferta na região Queila Adriadne Morar às margens da Linha Verde está bem mais caro e muito mais difícil. Desde que as obras começaram, há três anos, os imóveis valorizaram até 100%, seja para compra ou locação. Vinícius Araújo é dono da imobiliária Prolar, que tem duas unidades nas regiões Leste e Nordeste, cortadas pela via. Segundo ele, a procura de imóveis para alugar está 30 vezes maior do que a oferta. “Para cada unidade alugada, tem pelo menos 30 pessoas interessadas”, destaca Araújo. Os bairros mais procurados são Cidade Nova, da Graça, Silveira, Nova Floresta, Palmares e Dona Clara. Todos ao longo da avenida Cristiano Machado. “A procura está tão grande, que um apartamento de dois quartos, que há dois anos era alugado por R$ 300, hoje está R$ 600”, exemplifica Araújo. O empresário explica que desde que as obras começaram, o apetite dos investidores aumentou e muita gente passou a comprar imóveis no local, apostando da valorização que as melhorias de acesso viário iriam trazer. “A região virou uma área de especulação imobiliária, com pessoas comprando para vender mais caro depois”, justifica. Um apartamento de três quartos em um edifício localizado na Cristiano Machado, próximo à avenida José Cândido da Silveira, está sendo anunciado por R$ 150 mil. O proprietário prefere não se identificar, para não atrapalhar as negociações, mas revela que há mais ou menos dois anos e meio, quando se mudou para lá, os imóveis desse tipo na Cidade Nova custavam entre R$ 55 mil e R$ 80 mil. Ou seja, de lá para cá, o preço pelo menos dobrou. Mercado. A Linha Verde ajudou, mas não é a única explicação para tamanha valorização. A construção do centro administrativo que vai abrigar as secretarias do governo do Estado, no bairro Serra Verde, também tem atraído inquilinos e proprietários para a região. A expectativa é de que 15 mil pessoas trabalhem lá. O centro administrativo faz parte do projeto de desenvolvimento do Vetor Norte de Belo Horizonte, que inclui a Linha Verde. De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas Imobiliárias de Belo Horizonte (Secovi-MG), Ariano Cavalcanti, as obras certamente contribuíram para a valorização. Entretanto, na hora de explicar o boom dos preços dos imóveis, é preciso considerar o aquecimento do mercado. “Há pelo menos dois anos os preços vêm subindo em todas as regiões de Belo Horizonte, pois a procura está crescendo num ritmo muito maior do que a demanda”, justifica Cavalcanti. Marketing. Mesmo não sendo a única explicação para o boom dos preços, a Linha Verde virou estratégia de marketing para ajudar a vender e alugar. É comum ver nos classificados o destaque: “imóvel próximo da Linha Verde”. Números 14.000 empregos diretos e indiretos foram gerados durante a obra 26.000 t de massa asfáltica recapearam a Cristiano Machado 50.000 metros cúbicos de concreto foram usados na avenida Cristiano Machado Comércio Nem todas as lojas saíram ganhando com as obras Os 12 km da Linha Verde da Cristiano Machado não agradaram a todos os comerciantes espalhados pela avenida. Nos primeiros quarteirões, entre a saída do túnel do complexo da Lagoinha e o começo do viaduto que passa sobre a Silviano Brandão, muitas lojas ficaram isoladas e perderam clientes. Algumas não resistiram aos três anos de obras e preferiram fechar. Vanilda da Silva Miranda é caixa do açougue Frigo Miranda, localizado neste trecho. Ela conta que o irmão comprou o estabelecimento há dois anos e meio porque o antigo dono estava desanimado com a queda nas vendas. As obras acabaram e o movimento não voltou ao normal. O jeito foi implementar a entrega e contratar dois motoqueiros. “Faltou uma passarela, pois os clientes não conseguem atravessar do bairro Concórdia para cá e têm medo de passar por baixo do viaduto, por causa de assaltos”, destaca Vanilda. A loja de acessórios de motos Auto Marcas, ao lado do açougue, viu o movimento cair 40%. “Aqui virou um corredor de passagem, antes tinha sinal de trânsito e estacionamento, agora não dá mais para parar o carro”, conta a balconista Elizângela Pereira. No posto de gasolina do quarteirão de baixo, só ficou um frentista. Beneficiados. A partir da José Cândido da Silveira, os comerciantes não têm do que reclamar. Depois de amargar prejuízos de 10% durante o período de obras, o Minascasa, que fica ao lado do viaduto da Bernardo Vasconcelos, registrou aumento de 7,38% nas vendas em novembro. “Em razão da Linha Verde, o Minascasa está investindo cerca de R$ 1 milhão em obras de revitalização do empreendimento. A expectativa é de que o fluxo de clientes aumente 25% em 2009”, destaca o superintendente do shopping, Alexandre Botelho. (QA) Oportunidade Proprietários da região ficam tentados a vender A família do técnico eletrônico Roberto Márcio do Carmo Júnior cresceu com a chegada do segundo filho. A vontade de morar em uma casa maior também. Apesar do desejo, ele até estava satisfeito com o apartamento de três quartos, no bairro Fernão Dias, atrás do Minas Shopping. Mas os imóveis na região estão valorizando tanto, que ele está tentado a vendê-lo. O técnico já entrou em contato com uma imobiliária, que avaliou o apartamento em R$ 130 mil. Há dois anos, uma vizinha dele vendeu um semelhante por R$ 85 mil. “Se eu realmente achar este valor, eu vendo e compro em outro bairro”, afirma Roberto. Ele sabe que o mercado imobiliário está aquecido em toda a capital, mas também sabe que a Linha Verde colaborou para uma valorização ainda maior na região. “Há mais ou menos três anos, minha mãe anunciou um apartamento na Cristiano Machado por R$ 60 mil, achou comprador, mas desistiu. No ano seguinte, anunciou por R$ 90 mil, achou comprador e não vendeu. Agora tem apartamento no prédio dela sendo vendido por R$ 150 mil”, conta. (QA)