Incorporadoras mudam projeções sobre o Valor Global de Vendas de lançamentos. São Paulo – A divulgação dos resultados do terceiro trimestre pelas incorporadoras foi marcada por nova onda de revisão de metas de Valor Global de Vendas (VGV) de lançamentos, por queda na velocidade de vendas, com arrefecimento principalmente da demanda por imóveis com valor entre R$ 350 mil e R$ 800 mil, destinados à classe média e alta. A expectativa do mercado é de continuidade da redução da velocidade de vendas no quarto trimestre. Os agentes do setor avaliam também que, apesar dos cortes já realizados nas metas de lançamentos, muitas empresas não conseguirão cumprir as projeções para o ano. A retração da demanda por imóveis com preço entre R$ 350 mil e R$ 800 mil, ou seja, acima da faixa coberta pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) deverá continuar. Trata-se, muitas vezes, de unidades destinadas a quem pretende trocar o imóvel para um de padrão de preço mais elevado. Num momento de crise, a decisão de mudar de casa pode ficar para depois. Na avaliação do analista da Fator Corretora, Eduardo Silveira, a velocidade de vendas deve piorar no quarto trimestre, puxada pela retração na procura por unidades desse segmento. Como boa parte das incorporadoras atua no médio e alto padrão, pode haver reduções nos lançamentos no período. “As vendas estão mais lentas. Mesmo as empresas tendo cortado as metas, é pouco provável que as projeções sejam atingidas”, afirma um consultor que prefere não ser identificado. As empresas não vão lançar projetos em que tenham dúvidas a respeito da demanda, segundo o consultor. “O nome do jogo mudou”, diz, sobre o cumprimento ou não das metas de VGV pelas incorporadoras. “A preocupação agora é com o caixa das empresas e que elas entreguem o que já lançaram”, complementa. Em relação às unidades com valor abaixo de R$ 350 mil, a perspectiva é que demore mais para que haja alterações na demanda. “Para isso, o cenário teria de piorar bastante”, diz Silveira. SFH – Na faixa abrangida pelos financiamentos do SFH, a redução na procura por imóveis depende de fatores como aumento do desemprego e redução da renda, destaca o analista. Em muitos casos, o segmento até R$ 350 mil representa o primeiro imóvel a ser adquirido. Não há euforia no mercado também nas perspectivas para 2009. Otimismo antes era esperar lançamentos 30% maiores em 2009 do que neste ano, segundo o analista da Fator. Atualmente, ser otimista é esperar que as empresas lancem no ano que vem o mesmo que em 2008, de acordo com Silveira. Outro analista, que prefere manter seu nome em sigilo, diz esperar desaquecimento maior no primeiro trimestre de 2009 do que neste fim de ano. “No primeiro trimestre, os juros continuarão altos e a taxa de desemprego estará um pouco maior”, avalia. Antes da temporada de divulgação dos balanços, uma das empresas que suscitava mais dúvidas do mercado se conseguiria cumprir as projeções para 2008 era a Cyrela Brazil Realty, a maior empresa do setor. O ceticismo era ainda maior em relação às metas da empresa para 2009. No relatório dos resultados do terceiro trimestre que a incorporadora anunciou redução de guidances (estimativa de resultados que a empresa fornece ao mercado) de lançamentos e vendas para 2008. A companhia prevê VGV de lançamentos de R$ 5,25 bilhões a R$ 5,6 bilhões, ante estimativa anterior de R$ 7 bilhões. A meta de vendas passou de R$ 5,5 bilhões para de R$ 4,675 bilhões a R$ 4,95 bilhões. As projeções para 2009 estão sendo revistas. Preservação – Em teleconferência com analistas e investidores, o presidente da Cyrela, Elie Horn, disse que o momento é de preservação do caixa das empresas. Segundo Horn, a Cyrela possui muitos projetos aprovados, mas, diante da falta de clareza do cenário, prefere não ser muito agressiva no momento. A Cyrela conta com carteira de recebíveis, com linha de crédito stand-by no valor de R$ 500 milhões e com financiamento à produção. Conforme o diretor de Relações com Investidores da companhia, Luis Largman, os recursos à produção estão mais caros. Mas a empresa diz que possui, atualmente, mais linhas de financiamento à produção do que há 45 dias. A Brascan Residential Properties reduziu em 13% a estimativa de lançamentos combinados com a Company (parcela das duas empresas), para R$ 2,7 bilhões em 2008. Quando foi feito o anúncio de união das duas companhias, a projeção era de que a empresa combinada lançaria de R$ 3 bilhões a R$ 3,2 bilhões. (AE) Novas obras são suspensas São Paulo – Em teleconferência com analistas e investidores, o presidente da incorporadora Cyrela, Elie Horn, disse que o momento é de preservação do caixa das empresas. Segundo Horn, a Cyrela possui muitos projetos aprovados, mas, diante da falta de clareza do cenário, prefere não ser muito agressiva no momento. A Cyrela conta com carteira de recebíveis, com linha de crédito stand-by no valor de R$ 500 milhões e com financiamento à produção. Conforme o diretor de Relações com Investidores da companhia, Luis Largman, os recursos à produção estão mais caros. Mas a empresa diz que possui, atualmente, mais linhas de financiamento à produção do que há 45 dias. A companhia poderá fazer também securitização de recebíveis no valor de R$ 250 milhões. A Brascan Residential Properties reduziu em 13% a estimativa de lançamentos combinados com a Company (parcela das duas empresas), para R$ 2,7 bilhões em 2008. Quando foi feito o anúncio de união das duas companhias, a projeção era de que a empresa combinada lançaria de R$ 3 bilhões a R$ 3,2 bilhões. A percepção de possível falta de demanda foi decisiva para a mudança da meta, segundo o diretor-presidente da Brascan, Nicholas Reade. Entre os lançamentos adiados para 2009 estão projetos com unidades com valor de R$ 350 mil a R$ 1 milhão, destinados à classe média/alta. A JHSF Empreendimentos e Participações revisou sua projeção de lançamentos para este ano para R$ 1,5 bilhão. A meta anterior era lançar R$ 1,94 bilhão, além dos R$ 300 milhões da Developer, empresa voltada para a baixa renda, no total de R$ 2,240 bilhões. A maior parte das reduções foi feita no segmento econômico. A JHSF vai aguardar a consolidação do cenário para divulgar as metas para 2009. As mudanças na empresa abrangeram também a readequação do banco de terrenos, com o cancelamento das opções de compra, principalmente também no segmento econômico. (AE) CUB registrou aumento de 0,84% em outubro O Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m2) registrou alta de 0,84% em outubro frente ao mês anterior, quando o indicador cresceu 0,81% em relação a agosto. Os resultados foram divulgados ontem pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Dos quatro grupos que compõem o indicador, o material de construção foi o único que apresentou aumento ( 1,64%), enquanto outros gastos, como mão-de-obra, despesas administrativas e aluguel de equipamentos mantiveram-se estáveis. Com isso, o custo do metro quadrado de construção na Capital mineira, para o projeto-padrão representatativo R8-N – de residência multifamiliar, padrão normal, com garagem, pilotis, oito pavimentos-tipo e três quartos – ficou em R$ 796,57 em outubro, frente a R$ 789,96 em setembro. De acordo com o coordenador sindical do Sinduscon-MG, o economista Daniel Furletti, o aumento é injustificável e preocupa o setor, e se deu principalmente com a alta dos insumos, que vêm subindo mais do que no ano passado. “Para se ter um exemplo, até outubro, o custo dos materias já tinha aumentado 15,96%. Enquanto no mesmo período de 2007, a alta acumulada foi de 5,91%”, explicou. O economista observou que o aço, que responde, em média, de 7% a 9% nos custos de uma construção, tem peso importante nos resultados, apesar de, neste mês, ter subido menos: 1,81%. “Desde o início do ano, o insumo já acumula alta de 59,85%. Não faz sentido aumentos assim, são injustificáveis. E, nem há ligação com a crise financeira internacional ainda, já que a tendência de agora para frente é que os preços dos insumos caiam”, avaliou. Vilões – Na pequisa de outubro, os vilões foram o cimento e concreto, que tiveram altas de 6% e 5,96% respectivamente. Também se destacaram no levantamento, em função de acréscimos nos preços, as placas cerâmicas ( 4,76%); vidro liso transparente ( 4,70%), janelas de correr (em perfil de chapa de ferro dobrada ( 3,63%), porta interna semi-oca para pintura ( 2,95%) e bacia sanitária branca com caixa acoplada ( 2,86%), entre outros materiais. Mesmo com os aumentos, Furletti acredita no esforço de toda a cadeia produtiva do setor para evitar um forte desaquecimento na construção civil mineira, principalmente a partir de 2009. “A crise da economia mundial preocupa. Nenhum setor está imune, enfrentamos um momento muito especial e isso reforça a necessidade de busca constante pelo diálogo e o entendimento para continuarmos crescendo. No ano que vem o problema tende a se agravar, mas esperamos que o governo continue estimulando o setor e mantendo o crédito imobiliário”, concluiu. LUCIANE LISBOA