Governo federal avalia elevar valor máximo dos financiamentos com recursos do FGTS. O governo federal poderá elevar o valor máximo dos imóveis financiados com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Atualmente, o teto é de R$ 350 mil e deverá passar para R$ 500 mil com o Plano Nacional de Habitação (PlanHab). Projeto em análise em Brasília gera expectativa na indústria da construção civil em Minas Gerais, pois a medida irá contribuir para a expansão do setor em 2009. O presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/MG), Ariano Cavalcanti de Paula, afirmou que se a medida for anunciada deverá trazer efeitos positivos para o mercado. Conforme ele, a elevação do teto irá atender à uma parcela da população que não era beneficiada pelo FGTS, o que contribuirá para aquecer o setor. O valor médio de imóveis comercializados em Minas Gerais é de R$ 168 mil, conforme pesquisa realizada pela entidade em outubro do ano passado. “Há uma demanda por unidades com valores mais altos”, disse. O vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Jackson Câmara, também fez uma avaliação positiva. “Qualquer ação que contribua para expandir o crédito benificiará o setor”, disse. Apesar disso, ele é contrário à estipulação de teto para financiamento de imóveis. “O governo federal está controlando um recursos que é do contribuinte”, disse. O diretor de Desenvolvimento Imobiliário da Paranasa, Jânio Valeriano Alves, afirmou que a medida deverá impactar a empresa, que é especializada em empreendimentos voltados para a classe média alta. Ele lembrou que a polêmica em torno da medida ocorre em virtude da maior parcela do déficit habitacional estar na população de baixa renda. “Mas, em uma construção de luxo há um grande volume de recursos em circulação”, disse. Segundo Alves, nestes empreendimentos são utilizados um maior volume de material e produtos com alto valor-agregado, o que movimentaria a cadeia produtiva. Novo nicho – O proprietário da Construtora Futura, de Belo Horizonte, Nelson Baeta, afirmou que a medida poderá criar um novo nicho de mercado para a empresa. Conforme ele, os empreedimentos residenciais da construtora estão dentro do limite máximo para financiamentos por meio do FGTS. O pacote habitacional do governo federal, que deverá ser lançado ainda neste mês, visa acabar com o déficit habitacional brasileiro até 2023. Algumas medidas que deverão estar no plano já foram anunciadas. Entre as ações está a criação da carta subsídio, que deverá substituir a carta de crédito para a população de baixa renda. Nestes casos, o valor da parcela mensal não deverá ultrapassar R$ 200. A medida foi anunciada juntamente com o orçamento do FGTS de 2009, que prevê R$ 14 bilhões. Deste total, cerca de R$ 1,7 bilhão deverão ficar em Minas Gerais, sendo que R$ 699 milhões serão utilizados para o financiamento habitacional, conforme dados da Caixa Econômica Federal (Caixa). A proposta de elevação do teto foi apresentada pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Mas, a entidade pretendia que o limite fosse ampliado para R$ 800 mil, o que gerou resistência por parte da Caixa, conforme informações de mercado. RAFAEL TOMAZ