As novas projeções de crescimento da economia nacional e da construção civil divulgadas na semana passada pelo Banco Central e pela Fundação Getúlio Vargas revelam a importância deste setor para a impulsão do desenvolvimento do país. Conforme as duas instituições, as estimativas foram revisadas para baixo. Mas, a despeito das quedas observadas nas projeções, a construção civil continua com perspectivas de números superiores ao crescimento da economia em geral. Agora, o BC aposta que o país crescerá em 4%, quando antes apostava em 4,5%. Já a FGV fala em incremento de 3,3%, quando anteriormente falava em 5,0%. A alteração do cenário macroeconômico, especialmente em função dos recentes aumentos no preço do petróleo e da crise japonesa, que deprimem ainda mais o ambiente da economia mundial, ajuda a justificar os motivos pelos quais as projeções para o país foram reduzidas. Também devem ser consideradas as preocupações com a inflação, os cortes no orçamento de 2011 e os aumentos na taxa de juros. Este cenário também fez cair as estimativas de incremento da construção civil: segundo o BC, de 6,6% para 5,2%; e, de acordo com a FGV, de 6,1% para 5%. Números que praticamente coincidem e que, mesmo em queda, são mais altos do que as projeções para a economia. A redução do dinamismo do setor pode ser explicada pela forte base de comparação do ano de 2010, quando registrou alta de 11,63%, aliada aos fatores citados acima para justificar a diminuição do dinamismo do crescimento do país. Entretanto, os recursos para o crédito habitacional estão garantidos e a expectativa de investimentos das empresas ainda é alta. E, por isso, a construção civil continuará registrando incremento superior ao da economia nacional. Como se percebe, teremos, em 2011, um “ajuste” no ritmo das atividades. Mas o menor crescimento em 2011 pode significar uma oportunidade para o setor conseguir se adequar a uma expansão maior. As perspectivas permanecem positivas para o futuro: copa do mundo, olimpíadas, crédito imobiliário, o Programa Minha Casa, Minha Vida, que tem programação de construir dois milhões de unidades em quatro anos, dentre outros. Tendo em vista este horizonte, é possível, caso não ocorra nenhuma grande crise, que a construção civil retome a curva ascendente e puxe, com ela, o aumento do Produto Interno Bruto Nacional. Afinal, o setor funciona como uma mola propulsora para o desenvolvimento do país, uma vez que ele impacta fortemente toda a economia. É notória sua significativa contribuição para a formação do produto nacional e dos investimentos – participa com 5,3% do PIB e com 37,8% da Formação Bruta de Capital Fixo. É igualmente relevante seu papel social como grande empregadora de mão de obra, principalmente a de pouca qualificação. A construção civil também gera expressiva massa salarial na economia. Uma outra característica importante do setor é o seu reduzido coeficiente de importação, uma vez que ele utiliza basicamente capital, tecnologia e insumos predominantemente nacionais. A construção apresenta também baixos níveis de importação em comparação a outros segmentos e ao seu valor agregado. Em princípio, ela é uma indústria que não depende de financiamentos externos. Sendo assim, o crescimento do setor não pressiona a balança comercial e, por conseqüência, o balanço de pagamentos do país. E, ainda, a construção, devido à sua extensa cadeia produtiva, possui também elevada capacidade de geração de impostos. * Jorge Luiz Oliveira de Almeida é diretor de Comunicação do Sinduscon-MG.