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Imposto na importação de aço já preocupa

Cbic deve preparar um plano B. RAFAEL TOMAZ A indústria da construção civil teme um aumento de custos em virtude da elevação da alíquota do imposto de importação do vergalhão de aço imposta pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no início deste mês. A medida poderá reduzir a concorrência e levar à alta dos preços. No Brasil há um duopólio na produção do insumo utilizado na construção civil, concentrada na ArcelorMittal Brasil S/A e no grupo gaúcho Gerdau. Em 2005, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) chegou a condenar as duas companhias, além da Siderúrgica Barra Mansa, por cartelização. O produto siderúrgico estava na lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC), com isenção tarifária e passou a ter uma alíquota do imposto de importação de 12%. Além dos vergalhões, outros sete tipos de aço passaram a ser tarifados. De acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic), Paulo Safady Simão, o cenário preocupa. Ele lembrou que o insumo importado contribuía para regular os preços praticados no mercado interno. Segundo o presidente da entidade, a barreira imposta pelo governo deverá reduzir a concorrência no mercado brasileiro em um momento em que a demanda apresentará elevação em virtude dos investimentos públicos previstos para este ano. Ele destacou o programa nacional de habitação Minha casa, minha vida, que visa à construção de 1 milhão de moradias. Apesar da proteção ao setor siderúrgico, segundo Simão, não há razão para o aumento nos preços do insumo. Mesmo com a elevação da alíquota, o produto importado ainda é mais barato que o nacional, disse. Segundo o presidente da entidade, o setor está atento à evolução do mercado e acompanhará a evolução dos preços do insumo praticados pelas usinas brasileiras. De acordo com o presidente da Câmara da Indústria da Construção Civil da Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos, ainda não foi verificado reajuste nos valores do vergalhão. Apesar disso, conforme ele, a imposição da barreira é preocupante para o setor, que poderia ficar onerado com a elevação nos valores praticados. Alterações : As barreiras tarifárias para as importações também poderão resultar em alterações para os demais tipos de aços. De acordo com o presidente da Frefer S/A, distribuidora de aço independente com unidade em Contagem (RMBH), Christiano da Cunha Freire, a tendência é a finalização da política de descontos concedidas pelas usinas nos últimos meses. Apesar disso, para ele os reajustes não deverão ocorrer no curto prazo. Primeiro é necessário voltar a demanda, disse. Além disso, segundo ele, o preço do aço já dá sinais de recuperação no mercado externo. Nos últimos 15 dias, conforme Freire, a elevação no preço da bobina a quente aumentou cerca de 17%. Com a crise financeira, os valores negociados caíram cerca de 30%, disse. Dentre os produtos que deixaram de entrar no país com a alíquota zero estão as chapas e bobinas a quente (três especificações), chapas e bobinas a frio (duas especificações) e chapas grossas de aço carbono, que passarão a ser taxadas em 12%. O imposto que passa a incidir sobre as importações de barra de aço ligado será de 14%. A imposição das barreiras por parte da Camex visa combater o fluxo de importações, principalmente da China. O consultor e analista Otto Andrade criticou a medida do governo ao reduzir a concorrência. As siderúrgicas preferem paralisar a produção e demitir ao reduzir os preços praticados, disse. De acordo com dados da World Steel Association, a produção munidal de aço cresceu 7,4% em maio na comparação com o período imediatamente anterior.