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Indústria amarga queda, enquanto o varejo respira

Supermercados crescem 3,44%, mas faturamento da indústria cai 9,9% Janine Horta Enquanto a indústria nacional sente o tranco da crise, o setor supermercadista em Minas Gerais caminha na contramão e comemora resultados. Balanço divulgado ontem pela Associação Mineira de Supermercados (Amis) revela que o crescimento do setor em 2008 foi de 3,44%, perto dos 4% esperados, em relação a 2007, ano que teve os melhores números da década. O resultado de dezembro, porém, é apenas 0,06% maior que o mesmo mês de 2007. Segundo o superintendente da Amis, Adilson Rodrigues, 7.000 postos de trabalho foram gerados no ano passado e, este ano mais 5.000 devem ser criados por causa da abertura de pelo menos 25 lojas. Para a Amis, o desempenho positivo mostra que a desaceleração das economias do mundo ainda não causou impacto expressivo no varejo de auto-serviço em Minas Gerais. A entidade afirma que o que se viu foi “uma crise psicológica ao final do ano, que não foi adiante”. Para as fábricas, porém, a crise foi muito mais adiante que o esperado. A indústria brasileira fechou o mês de novembro com os piores resultados de faturamento e nível de emprego já registrados pela pesquisa mensal do setor realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O faturamento caiu 9,9% entre outubro e novembro, já descontadas as influências sazonais do período. Foi o pior resultado desde março de 2003. Na comparação com novembro de 2007, a queda foi de 7%, primeiro resultado negativo desde dezembro de 2006. Os dados sobre emprego e horas trabalhadas também foram os piores desde 2003. A expectativa para dezembro é pior, conforme antecipado pelas demissões divulgadas pelo Ministério do Trabalho. Os números surpreenderam a CNI, que esperava um impacto mais diluído ao longo dos meses. Por outro lado, a entidade avalia que essa piora pode significar uma crise mais profunda, porém mais curta. Números 24,78% crescimento nas vendas dos supermercados em dezembro contra novembro 0,06% alta nas vendas dos supermercados em relação a dezembro de 2007 9,9% queda no faturamento da indústria entre outubro e novembro 7% foi a queda no faturamento da indústria sobre novembro de 2007 Juros Brasil espera pelo corte na taxa, hoje Se depender da energia de empresários e economistas (veja quadro ao lado), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncia hoje a queda na taxa básica de juros (Selic), estacionada em 13,75%. A unanimidade é só o corte. Quanto ao valor, as apostas vão de 0,25 ponto percentual a 1 ponto percentual – passando pela esperança de que chegue a 3 pontos. “Nossa previsão é de queda de pelo menos meio ponto. O mais adequado, no entanto, seria uma taxa real entre 4% e 5% ao ano”, defende o presidente da Associação Comercial de Minas Gerais, Charles Loft. O presidente do Sinduscon-MG, Walter Bernardes, aposta em 0,50 ponto percentual. “Mas a esperança é de 1 ponto percentual.” Para o economista André Guilherme Perfeito, da Gradual Investimentos, o Copom deverá cortar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual. “O resultado do Caged foi a cereja de um bolo bastante indigesto”, comentou. (Helenice Laguardia) Análise Nem PIB de 4% salva total de vagas BRASÍLIA. O Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) divulgou estudo que mostra que, no pior cenário, 1,126 milhão de pessoas podem ficar desempregadas neste ano. O estudo usou três parâmetros para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2009: 1%, 2,5% e 4%. Os três valores foram atribuídos arbitrariamente. Com crescimento de 1%, seriam gerados 320 mil novos postos de trabalho. A previsão oficial é que 1,4 milhão de pessoas entrem no mercado em 2009, o que deixaria 1,126 milhão sem emprego. Na simulação de crescimento de 2,5%, seriam criados 800 mil empregos, deixando de fora do mercado 806 mil trabalhadores. No melhor dos cenários, com o PIB crescendo 4%, seriam geradas 1,3 milhão de vagas – ficariam desempregadas 154 mil pessoas. Juros. O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, defendeu o corte de 4 a 5 pontos percentuais na taxa básica de juros (Selic) ao longo do ano. Segundo ele, as medidas adotadas pelo governo contra a crise ajudaram a evitar o pior, mas não foram suficientes por causa da alta taxa de juros. O presidente do Ipea disse não haver justificativa para manter altas taxas de juros para conter a inflação, pois o cenário é de redução de preços. Minientrevista “Ainda teremos ajustes para baixo” Representante da indústria defende mecanismos que permitem reduzir a jornada e os salários para combater efeitos da crise. Flávio C. Branco economista-chefe da CNI A flexibilização da legislação trabalhista seria permanente? Esses mecanismos têm que ser vistos como fatos transitórios. A crise torna necessária flexibilizações que permitem ajustes momentâneos e transitórios, que mantenham o vínculo de trabalho. Quais são as possibilidades? Além da redução da jornada com diminuição de salário, há a suspensão temporária do contrato de trabalho. Mas esse tipo de negociação se dá no ambiente micro, dentro de cada empresa. Como o mercado de trabalho deve se comportar agora? Fiquei surpreso com a profundidade do estrago da crise no mercado de trabalho. Ainda a credito que até fevereiro deste ano deverão ser verificados ajustes para baixo no mercado de trabalho