Com o crescimento da construção observado nos últimos anos, várias empresas do setor tem buscado inovar em seus canteiros de obras, com o objetivo de alcançar maior produtividade. Novas técnicas construtivas, novos materiais, equipamentos, gestão dos processos, industrialização, são alguns dos recursos utilizados pelo segmento para se alcançar a excelência. Essas alterações impactam diretamente na mão de obra que, necessariamente, passa a ter que ser mais qualificada. Deve-se considerar que esses processos tornam o setor bem mais eficiente. A maior autonomia proporcionada pela utilização destas novas técnicas gera maior controle e maior qualidade aos seus produtos, dinamizando o tempo e os recursos utilizados. Aos poucos, o setor está modificando o paradigma da construção artesanal e grande absorção de mão de obra não qualificada. Acelerar o processo de inovação tecnológica, expandindo o seu conhecimento e utilização para todas as empresas, é um dos desafios prementes do segmento. Neste contexto, ressalta-se o Programa Inovação Tecnológica (PIT), uma iniciativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) que tem o objetivo de estudar, analisar e definir diretrizes para o desenvolvimento de inovações tecnológicas na construção civil nacional. O PIT prevê a implementação de nove projetos que vão garantir o desenvolvimento de tecnologias que permitam a evolução do setor e visa a inserção do tema no planejamento de negócios das empresas. A ideia é mostrar que os investimentos na área podem se tornar um diferencial competitivo, aumentando a produtividade e a sustentabilidade dos negócios. Este Programa foi o fio condutor da palestra “Inovação Tecnológica na Construção”, proferida pelo professor da USP e presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), Francisco Ferreira Cardoso, na semana passada, durante o Minascon/Construir Minas 2010, realizado no Expominas. Cardoso, que é referência no assunto no país, focou sua palestra na relação entre a oferta de pesquisa e inovação na área de tecnologia do ambiente construído oferecida pelas universidades brasileiras e a demanda das empresas do setor. Ele apresentou dados que comprovam que existem diversos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) no Brasil que investem na produção de pesquisas na área da construção civil. Especificamente em inovação tecnológica focada no segmento, são nove centros totalizando 37 pesquisas, distribuídos pelos estados de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. O problema, segundo ele, é que não existem informações estruturadas e precisas das demandas das empresas do setor em relação à inovação tecnológica. Faltam ainda informações sobre os investimentos, ações e resultados das organizações. Por isso, o PIT é tão importante. Conforme o professor da USP, o Programa da CBIC é a primeira iniciativa nacional que está procurando resolver essa questão da oferta e da demanda. Por isso também torna-se urgente uma maior aproximação entre centros de pesquisa e entidades e empresas do setor, de forma sistêmica e integrada e em escala nacional. E, ainda por isso, é fundamental que essas informações cheguem rapidamente ao maior número possível de pessoas, para se resolver a questão tecnológica que atrasa o avanço da industrialização na construção civil brasileira, segmento que tanto impacta na vida econômica e social do nosso país. * Jorge Luiz Oliveira de Almeida é diretor de Comunicação do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).