Magali Simone de Oliveira/Interface Comunicação
Divergências entre os processos sugeridos nos projetos de prevenção de incêndios e os procedimentos adotados na construção das edificações estão entre as justificativas mais frequentes para a não concessão dos AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). A afirmação foi feita pela engenheira civil Carolina Pimentel da Silva, que ministrou a palestra “PSCIP. Projeto x Inspeção x Vistoria”, promovida no dia 23 de agosto, data de encerramento do 2º Seminário de Engenharia de Incêndio do Construa Minas 2024, promovido em Belo Horizonte.
Estatísticas apresentadas por Carolina revelaram que, em média, pouco mais de 70% dos pedidos de AVCB, apresentados até junho de 2024 aos órgãos responsáveis, foram emitidos este ano. Dados semelhantes foram detectados no mesmo período em 2023. Para evitar a não concessão dos autos, Carolina aconselhou os projetistas a detalharem os materiais e medidas explicitadas nos projetos de prevenção de incêndio.
“A informação de qual tipo de hidrante foi indicado, por exemplo, vai ajudar os engenheiros a executarem corretamente o projeto”, observou a palestrante, que é engenheira projetista da Equipaeng. Ela também aconselhou os executores dos projetos de prevenção a incêndio a fazerem visitas de campo para conhecerem de perto detalhes da obra.
Este cuidado, segundo explicou, pode garantir aos engenheiros responsáveis pela execução de determinado projeto a oportunidade de fazer um levantamento mais preciso da adequação entre os materiais e equipamentos utilizados na obra e os que foram preconizados pelo projetista. Durante sua apresentação, Carolina mostrou várias situações em que os procedimentos definidos no projeto não foram implementados pelos executores.
Excessos
Entre os problemas que podem dificultar a emissão dos AVCBs estão o excesso de exigências apresentados pelos responsáveis da emissão deste documento. “Em uma determinada situação, foram exigidas mudanças em mais de 200 itens do projeto, apesar de a obra em questão já ter sido aprovada pelo Corpo de Bombeiros. Em algumas vistorias são exigidos laudos não previstos pela legislação em vigor, o que prejudica os clientes”, afirmou Carolina, que mostrou duas placas de sinalização muito parecidas. Segundo a palestrante, apesar de os dois desenhos indicarem o local em que deveria ser colocado o extintor de incêndio, apenas a primeira das duas imagens foi considerada válida pelos responsáveis pela vistoria.
Agendamento
A falta de informações sobre o turno em que os fiscais irão visitar determinada obra foi outro problema indicado por Carolina. De acordo com a palestrante, sem esses dados, os engenheiros responsáveis por determinada obra são obrigados a passarem o dia inteiro aguardando a vistoria.
“É uma sugestão que faço. Atrasos podem ocorrer. Mas se formos informados pelo menos do dia e do turno em que uma vistoria irá acontecer, poderemos melhorar esse processo. Muitas vezes, os engenheiros passam o dia inteiro neste atendimento e as vistorias são desmarcadas”, ressaltou.
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O Construa Minas 2024 é uma realização do Sinduscon-MG e da CBIC, com apoio master do Sebrae. Tem patrocínio da Topmix (Diamante), Confea, Copasa/Governo de Minas e Sicoob Imob.Vc (Prata), Agera e Sienge (Bronze). E apoio institucional da ARMBH, CMI Secovi-MG e Sinaenco-MG.