Em março foram lançadas, nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima, 223 unidades residenciais, o que correspondeu a seis novos empreendimentos. Este número representou uma queda de 32% em relação ao observado em fevereiro (328) e uma retração de 59,89% na comparação com igual mês de 2020 (556). Foi em março do ano passado que a pandemia, provocada pelo novo Coronavírus, se instalou no Brasil. Mesmo assim, o volume de lançamentos naquele mês superou o observado neste ano. Em fevereiro/21, os lançamentos já tinham apresentado retração de 27,6% em relação a janeiro. Estes dados são do Censo do Mercado Imobiliário, realizado pela Brain Consultoria para o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
De acordo com o vice-presidente da Área Imobiliária do Sinduscon-MG, Renato Michel, alguns fatores ajudam a justificar esses resultados: “O aumento exagerado no preço dos insumos da construção e a demora do prazo de entrega, o ambiente de incertezas e instabilidade, diante de uma segunda onda da pandemia, são alguns dos fatores que preocupam os construtores e podem estar adiando os investimentos”.
A queda nos lançamentos imobiliários e o expressivo incremento nas vendas vêm reduzindo sistematicamente o estoque de apartamentos novos disponíveis para comercialização. No final de março ela correspondia a 2.584 unidades, número que é 9% inferior ao de fevereiro (2.840 unidades). Foi o maior recuo, em termos percentuais, desde dezembro/18, quando caiu 10,7%. No terceiro mês do ano somente 16,1% de todo o volume lançado em Belo Horizonte e Nova Lima ainda estavam disponíveis para venda. O vice-presidente do Sinduscon-MG destaca: “Esse patamar é muito baixo. Num mercado em equilíbrio esse número é de cerca de 25%. Diante dessa situação e considerando o elevado incremento nos custos da construção, a tendência é de alta nos preços dos imóveis. Por isso, o momento atual é excelente para comprar imóveis”.
Mantendo-se o ritmo das vendas de apartamentos novos nos primeiros três meses de 2021, o estoque atual é suficiente para atender a demanda por apenas 6,5 meses. Isso significa que, se os lançamentos não apresentarem altas elevadas nos próximos meses, até o final de 2021 podem faltar imóveis residenciais novos para venda em Belo Horizonte e Nova Lima.
Enquanto os lançamentos e a oferta caem, as vendas de apartamentos crescem expressivamente. Em março foram comercializadas 479 unidades, o que correspondeu a um incremento de 48,8% em relação a fevereiro e alta de 65,74% na comparação com igual mês de 2020. Renato Michel explica: “O expressivo crescimento no volume do financiamento imobiliário e a ampliação da utilização do home office, que levou as pessoas a ressignificar o valor da moradia, são alguns dos fatores que ajudam a explicar estas elevações”. Destaca-se que o número de apartamentos novos vendidos em março (479) foi o maior observado desde agosto/20 (536). Além disso, foi o melhor mês de março desde o início da série histórica do Censo Imobiliário, em 2016.
No 1º trimestre/21 o número de unidades vendidas foi maior do que o de unidades lançadas. Neste período foram comercializados 1.195 apartamentos novos nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima enquanto os lançamentos totalizaram 1.004 unidades. Este foi o quarto trimestre consecutivo em que as vendas superam os lançamentos, o que têm contribuído sistematicamente para a redução do estoque de unidades novas.
Nos primeiros três meses de 2021 as vendas registraram o menor patamar desde o 2º trimestre de 2020 (830 unidades). Entretanto, a Velocidade de Vendas alcançou o patamar médio de 12,7% neste período, o maior de toda a série histórica iniciada em 2016. Isso mostra que as vendas estão mais dinâmicas, diante da redução da oferta. Em relação ao último trimestre de 2020 as vendas apresentaram retração de 6,35%. Já a comparação com igual período do ano passado demonstra incremento de 24,35%.
O número de unidades lançadas nos primeiros três meses do ano (1.004) foi superior ao apresentado no 4º trimestre de 2020 (632). A expressiva alta (58,9%) precisa ser avaliada com cautela, pois nos últimos três meses do ano passado eles se retraíram 45%, o que deprimiu a base de comparação. Em relação ao 1º trimestre de 2020 observa-se queda de 11,7%. Os dados demonstram que o mercado imobiliário de Belo Horizonte e Nova Lima precisam de novos lançamentos para atender a demanda. Mas os resultados do Censo em análise evidenciam que a tendência é de queda. Diante desse cenário, é necessário acompanhar a evolução dos novos projetos nos próximos meses, diante do incremento nos custos da construção.
Fonte: Assessoria Econômica/Sinduscon-MG