Preocupado com a perspectiva para o ano que vem, o governo vai anunciar, na próxima semana, medidas de sustentação do volume de crédito para a construção civil. Ontem, em entrevista à TV Globo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que, neste ano, não há problema. Disse que houve um volume inédito de financiamento e a Caixa Econômica Federal vai emprestar cerca de R$ 20 bilhões. “Existe alguma preocupação para o ano que vem. Então, temos de garantir que 2009 continue tendo o mesmo volume de crédito.” O ministro negou que os bancos estejam represando recursos liberados por medidas tomadas pelo Banco Central. “Os bancos não estão retendo, estão emprestando menos. É um volume menor de recursos, mas está fluindo. Por outro lado, tínhamos a vantagem do aumento do crédito numa velocidade muito alta. Essa era a vantagem. Desaceleramos essa velocidade do crédito”, disse. Portanto, o diagnóstico de Mantega indica que não há por que recuar nas medidas de aumento da liquidez e flexibilização do compulsório. O ministro também procurou negar a existência de uma lista de 100 ou 200 empresas brasileiras que estariam enfrentando graves problemas com a desvalorização do real frente ao dólar. “Não há lista. Isso é invenção, não sei de quem. Ninguém tem um número. É claro que sabemos que tem meia dúzia, algumas empresas, que fizeram apostas na desvalorização do dólar e, aí, têm que pagar o preço disso”, afirmou. Para o ministro, isso é normal em qualquer país que tenha um mercado futuro. “Alguns perderam dinheiro, mas estão pagando o preço e saldando suas posições. Uma revisão do orçamento também é medida que Mantega considera prematura. O ministro da Fazenda admitiu que não há razão para projetar uma arrecadação menor, mas, se for necessário, no futuro, o governo vai promover as adaptações. Para ele, o PIB poderá expandir-se entre 4% e 4,5% em 2009, apesar da gravidade da crise financeira global. Disse que o Brasil não precisa de pacote porque a situação é completamente diferente da dos EUA e Europa. Ele acredita que as empresas não vão ter de rever seus investimentos. Mantega admite que o crescimento do país vai desacelerar em 2009, mas isso já estava sendo considerado pelo governo antes de setembro, quando a crise se agravou. Na sua interpretação, o Brasil vai desacelerar menos que os países mais avançados, mas numa crise dessa proporção, não dá para sair ileso.