No Brasil, a cultura do uso adequado e da manutenção programada e preventiva de estruturas, equipamentos e edificações ainda precisa ser encarada com mais seriedade. No ambiente organizacional, diante da necessidade de diminuir custos e aumentar a eficiência, os funcionários já vêm desenvolvem ações que busquem preservar os equipamentos e instalações das empresas. Contudo, o mesmo funcionário, quando chega em casa, esquece que observar as instruções de uso dos equipamentos do edifício onde mora pode significar economia também no orçamento doméstico. Hoje, o brasileiro apenas programa as revisões do automóvel. Mas praticamente todos os bens demandam cuidados que, além de preservar a garantia e o desempenho, podem estender sua vida útil. Com o imóvel não é diferente. Muito pelo contrário, por ser um bem valioso, as manutenções periódicas deveriam ser praxe, mas não são. Assim como acontece com veículos, todo cliente recebe da construtora e/ou incorporadora as chaves e manual de uso, operação e manutenção. E esse documento não deve ser esquecido na gaveta. O ideal é consultá-lo periodicamente para saber quais sistemas da edificação precisão ser checados em períodos pré-determinados. Ele também é essencial para planejar e executar cada intervenção. Um simples furo na parede para pendurar um quadro pode virar dor de cabeça se a broca encontrar um encanamento. Todo o cuidado com a manutenção do imóvel, com certeza, resultará em economia financeira. O mau uso e falta de inspeção da rede elétrica, por exemplo, pode favorecer a ocorrência de um curto circuito e incêndio. Por isso, é preciso promover a cultura preventiva junto aos proprietários e usuários de imóveis. Recentemente, com a entrada em vigor da norma NBR 15.575:2013, conhecida como Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais, um dos avanços foi a informação dos prazos de garantia para os diversos sistemas da edificação. A norma também define os direitos e responsabilidades de construtoras, compradores, usuários e síndicos. Deste modo, os cuidados com o desempenho dos sistemas da edificação passaram a ser maiores e os construtores ainda devem oferecer informações detalhadas sobre as características e especificidades dos sistemas do imóvel. Assim, cabe ao usuário promover as manutenções conforme a necessidade indicada para cada componente ou sistema. Por isso, a Indústria da Construção já se movimentou. Para auxiliar o construtor/incorporador na elaboração dos manuais, o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), por meio de sua Vice-presidência de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente e sua Assessoria Técnica, elaborou a 5ª edição do Manual de Garantias. A publicação traz todas as informações necessárias que devem constar nos manuais sobre as edificações, como uso adequado, operação, manutenção, direitos e responsabilidades e prazos de garantia, assim como, um modelo de Sistema de Gestão de Manutenção. Uma contribuição para as empresas e que irá repercutir em um grande benefício para compradores, moradores e síndicos. São detalhados quarenta e cinco sistemas construtivos e mais seis complementares para que os manuais elaborados para cada edificação estejam alinhados com normas técnicas em vigor e que facilitem o entendimento dos usuários quanto à conduta de uso dos equipamentos e instalações, bem como aos cuidados de manutenção programada e inspeções. O conteúdo também orienta quanto à indicação dos responsáveis pela manutenção, em conformidade com a NBR 5674. Com essa iniciativa, o Sinduscon-MG contribui para a evolução do setor na medida em que municia empresários e o próprio consumidor com informações que agregam eficiência longevidade aos apartamentos e condomínios. *Jorge Luiz Oliveira de Almeida é vice-presidente de Comunicação Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). **Publicado em 02/02/2014 no jornal Estado de Minas – BH (Lugar Certo)