AUGUSTO FRANCO REPÓRTER O preço médio do material de construção civil em Minas Gerais subiu 2,80% em junho, a maior alta registrada em um mês desde novembro de 2002 (4,93%). De acordo com o economista e diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti, as ferragens tiveram papel significativo nos aumentos. O principal exemplo foi o preço do aço CA-50 10 milímetros, que subiu 8,95%. Este insumo é responsável, na média, por 18% do preço total do apartamento-padrão do Sinduscon. “Somente no primeiro semestre do ano, o aço aumentou 19,89%. É um percentual muito alto, mesmo com as altas sucessivas dos commodities no mercado internacional”, destaca. No mês passado, o Custo Unitário Básico da Construção (CUB/metro quadrado – projeto-padrão), que inclui além do material de construção a mão-de-obra e encargos setoriais, aumentou 1,40%, enquanto em maio a elevação foi de 0,73%. Com isso, o custo do metro quadrado de construção para o projeto-padrão (residência familiar, com garagem, pilotis, oito pavimentos e três quartos) subiu de R$ 743,20 para R$ 753,63, de acordo com a pesquisa mensal divulgada pelo Sinduscon-MG. De acordo com o proprietário do depósito Obradec, Rui Fidélis de Campos Júnior, o mercado aquecido vem contribuindo para as altas sucessivas dos preços e, mesmo com os aumentos, o material tem saído bem. “Atualmente, para conseguir brita zero é necessário colocar o caminhão na fila da distribuidora e esperar a máquina moer o que você encomendou. Tijolo também está em falta. Até o início do ano, era pedir num dia e receber no outro. Hoje, a espera demora sete dias, em média”, assegura. O empresário afirma que, mesmo com alguma demora, o movimento da loja cresceu 6% no primeiro semestre, em comparação ao mesmo período do ano passado. Ele espera o mesmo movimento até o final do ano. “Não podemos reclamar”, diz. Para não perder vendas, a proprietária do Depósito Euclásio, Zanilde Ruas Andrade, apostou no “dinheiro de plástico”. Localizado no Bairro Santa Efigênia, o depósito atende principalmente a pequenas reformas de casas já existentes no bairro. “O material tem aumentado todo mês, e muito. Para não espantar o cliente a gente segura os repasses. Estamos trabalhando muito com o cartão de crédito, compras parceladas. Hoje, 40% das nossas vendas são no cartão. As linhas de financiamento (de materiais de construção) dos bancos também estão nos salvando”, assegura. Segundo o corretor de imóveis aposentado Marinho Esteves, o maior impacto sentido no bolso foi o preço do cimento. Depois de pintar e fazer pequenos reparos em casa, o aposentado acredita que o que mais pesou em relação ao ano passado foi o insumo. “Quando aumenta o cimento, o resto todo acompanha”, afirma. Segundo levantamento do Sinduscon, apesar de não ter registrado aumento no mês passado, o cimento acumula alta de 69,7% nos últimos 12 meses (entre junho de 2008 e julho de 2007). Ainda de acordo com a pesquisa divulgada ontem, com o resultado alcançado em junho, o CUB/metro quadrado acumulou, nos primeiros seis meses do ano, aumento de 4,14%, a maior alta para um primeiro semestre desde 2003, quando aumentou 5,98%. Já o custo com material cresceu 7,09%, e o custo com a mão-de-obra subiu 0,73%.