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Mercado de trabalho apresenta retração

Caged detecta recuo de postos. JULIANA GONTIJO A crise global já chegou ao mercado de trabalho em Minas Gerais em outubro. No mês passado, o Estado apresentou o primeiro saldo negativo no emprego formal do ano, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgadas ontem. O recuo foi de 29,438 mil postos de trabalho. No décimo mês de 2008 foram feitas 172,816 mil admissões e 202,254 mil desligamentos no território mineiro. Em setembro deste ano, o saldo foi positivo, com 12,040 mil postos de trabalho, e em outubro do ano passado foram 13,703 mil empregos. No intervalo de janeiro a outubro, o saldo mineiro ainda continua positivo, com 252,705 mil postos. O desempenho foi 35,22% superior frente o mesmo período de 2007 quando o saldo chegou a 186,881 mil vagas. O ritmo de geração já é menor, já que no acumulado do ano até setembro frente igual período de 2007 o crescimento era de 62,92%. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo mineiro somou 234,222 mil, 67,78% superior ao do mesmo intervalo de 2007 (139,596 mil). Agropecuária – No décimo mês de 2008, o recuo mais expressivo no saldo entre as atividades econômicas no Estado foi da agropecuária com queda 28,079 mil vagas. A retração em outubro foi superior à verificada em setembro de igual ano, quando o saldo negativo chegou a 26,109 mil vagas. Em outubro do exercício passado, o saldo do setor foi negativo, porém menos intenso que o de resultado deste ano (-7,040 mil). Entretanto de janeiro a outubro, o saldo do segmento é 151,08% superior ao verificado em igual intervalo do ano passado. As vagas saltaram de 14,609 mil para 36,681 mil. No acumulado dos últimos 12 meses o saldo também foi positivo, com geração de 22,476 mil postos de trabalho, contra recuo de 8,008 mil no mesmo período de 2007. Para o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Gilman Viana Rodrigues, o saldo negativo do setor não tem relação direta com a crise financeira internacional. “O resultado é sazonal, pois as colheitas das safras de café e cana terminaram”, disse. “É fato que a economia vai crescer menos no próximo ano e é inevitável que isso acabe se refletindo no mercado de trabalho. Agora, o que ainda não se sabe é a intensidade dos impactos”, observou. Em termos de desaceleração, o segundo lugar no Estado ficou o segmento de serviços, com saldo negativo de 7,829 mil em outubro deste ano, contra 16,514 mil vagas geradas no mês anterior. País – No país, o Caged registrou em outubro a abertura de 61,4 mil novos postos de trabalho com carteira assinada, o que representa um crescimento de 0,20% em relação ao número total de empregos em setembro. Os dados do mês passado, anunciados ontem pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, porém, são inferiores aos que vinham sendo registrados nos meses anteriores, que superavam 200 mil novos empregos mensais. Com esse número, o saldo entre o número de empregos criados e o de demissões no acumulado do ano de janeiro a outubro é de 2,14 milhões de novos postos de trabalho. Nos últimos 12 meses até outubro, o saldo é de 1,95 milhão de novas vagas. Comércio segura empregos Apenas três atividades no Estado registraram saldos positivos no emprego formal em outubro, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgadas ontem. O comércio foi o setor que mais gerou vagas, com saldo de 5,067 mil, seguido pela construção civil, com 1,516 mil. A indústria da transformação mineira também apresentou saldo positivo de 366 vagas no décimo mês de 2008. Apesar dos números ainda positivos, eles são menores na comparação com setembro. Naquele mês, o comércio computou 7,550 mil vagas, a construção 5,921 mil postos e a indústria 7,615 mil. Em setembro deste ano, apenas a agropecuária obteve redução no saldo (-26,109 mil) em Minas Gerais. O mesmo aconteceu em outubro do ano passado, com recuo de 7,040 mil postos somente nessa atividade. Para a chefe do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Silvânia Araújo, o saldo ainda positivo das vagas formais do comércio está relacionado à proximidade do Natal, considerada pelos lojistas a melhor data do ano. “Agora, os primeiros efeitos da crise no mercado de trabalho da atividade são verificados nos desempenhos mais modestos frente 2007 e setembro deste ano”, disse. Em outubro deste exercício, o recuo no saldo foi de 7,9% frente ao mesmo mês de 2007. Perfil – O vice-presidente da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Jackson Camara, ressaltou que o saldo positivo do setor em outubro está relacionado ao ritmo, ao perfil da atividade. “Dificilmente um empreendedor vai parar uma obra já iniciada. O setor responde aos poucos às mudanças na comparação com outras atividades”, observou. Na comparação com outubro do ano passado, a construção civil no Estado computou recuo de 48,48% no saldo, que passou de 2,943 mil para 1,516 mil. Em termos de queda no saldo, ainda segundo o Caged, o terceiro recuo mais expressivo no Estado no décimo mês de 2008 foi da indústria extrativa mineral. Recuo da atividade formal também na RMBH O recuo do emprego formal em outubro também foi verificado na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), de acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgadas ontem. O saldo ficou negativo em 5,066 mil postos de trabalho. No décimo mês de 2008, o total de admissões chegou a 68,781 mil e os desligamentos somaram 73,847 mil. Em setembro, o resultado foi positivo na região, com saldo de 21,388 mil. O mesmo foi verificado em outubro do exercício passado, com 9,767 mil vagas formais de trabalho. Em outubro, quatro atividades apresentaram recuo no saldo: serviços (-8,879 mil), agropecuária (-72), serviços industriais e de utilidade pública (-63) e administração pública (-10). Enquanto que em setembro deste ano todos os setores computaram resultados positivos e no décimo mês do exercício passado apenas a administração pública registrou queda nas vagas (-27). Entretanto, nos dez primeiros meses do ano o resultado foi positivo ante igual intervalo de 2007, já que o saldo passou de 73,431 mil empregos para 91,375 mil. O incremento foi de 24,43%. No acumulado dos 12 últimos meses, o saldo contabilizou 98,405 mil vagas formais, o que representou um incremento de 37,04% quando comparado com igual período do exercício passado (71,807 mil). Na capital mineira, o saldo negativo também foi verificado em outubro. Foram 5,438 mil empregos a menos, contra crescimento de 16,843 mil vagas formais no mês anterior. Em outubro de 2007, o saldo chegou a 7,881 mil. No décimo mês deste ano, quatro segmentos apresentaram saldos negativos. O mais expressivo, assim como aconteceu na RMBH, foi do setor de serviços, com queda de -8,959 mil postos de trabalho. No mês anterior, o saldo tinha sido positivo em 11,941 mil empregos. A atividade em outubro do ano passado também tinha apresentado crescimento, com 4,266 mil vagas. De janeiro a outubro deste exercício, o saldo somou 58,958 mil postos, número 17,13% superior ao verificado em igual intervalo do ano anterior (50,333 mil). (JG)