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Minas e SP lideram criação de empregos na construção

Luciana Rezende Repórter * O nível de emprego na construção civil superou a marca de dois milhões de trabalhadores com carteira assinada em maio, atingindo 2,02 milhões de empregos formais, de acordo com levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon/SP), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV Projetos). Esta é a primeira vez, desde 1995, quando a metodologia do estudo foi reformulada, que os postos registrados no setor ultrapassam tal marca. O estado de São Paulo, com um estoque de mão-de-obra de 568,9 mil, seguido por Minas Gerais, que totalizou 285.494 vagas, no mesmo mês, deram as maiores contribuições para o resultado. Na comparação com maio do ano passado, a construção registrou um aumento de 17,5% do número de trabalhadores. Já no acumulado de janeiro a maio de 2008, o acréscimo foi de 10,1%. Foram criadas 185,3 mil vagas formais, número que corresponde a 89,7% do volume de postos de trabalho gerados em todo o ano de 2007 (206,6 mil). Mais uma vez, São Paulo e Minas lideraram o ranking, apresentando as maiores taxas de crescimento para o setor. Em território paulista, foram contratados 52,8 mil trabalhadores nos primeiros cinco meses do ano, uma expansão de 10,2%. Nos 12 meses encerrados em maio, o crescimento foi de 21%. As empresas da construção em terras mineiras preencheram 30.883 novas vagas formais, no mesmo período, registrando uma ampliação de 12,13% em 2008. Considerando-se apenas maio, Minas superou a geração de vagas de São Paulo, totalizando 5.997 postos de trabalho – alta de 2,15% – contra 3.800 dos paulistas. Em 12 meses, o crescimento mineiro ficou em 16,76% (40.981 pessoas contratadas com carteira assinada). “Havia uma carência no setor e, agora, com o aquecimento da economia, os investimentos vão aumentando. No Estado, há ainda um movimento interessante tanto na área de infra-estrutura quanto no mercado imobiliário. O potencial de expansão do setor é muito grande”, avalia o vice-presidente de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sinduscon/MG, Ricardo Catão Ribeiro. Segundo ele, as contratações em infra-estrutura estão muito ligadas a obras públicas, como a Linha Verde e o Centro Administrativo do Governo, enquanto há um avanço nos lançamentos de imóveis residenciais. “Em função do aumento do emprego e da renda do trabalhador, alongamento dos prazos dos financiamentos – não passavam de 15 anos e hoje podem chegar a 30 – e juros mais baixos. Também há uma aposta no potencial de crescimento do Estado, principalmente em torno da mineração”, completa Ribeiro. A ameaça a esse ciclo positivo, no seu entendimento, é uma aceleração da inflação e um cenário de elevação de juros. “O mercado está pujante, porém esses fatores podem refletir negativamente e atrapalhar”, conclui. O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, também avalia que esses fatores podem prejudicar, principalmente provocando um maior rigor dos bancos na concessão de crédito. «Os bancos privados tendem a recuar nesse mercado. O cenário incerto adiou um novo “boom” de crédito imobiliário para 2010 ou 2011», completa o analista da Lopes Filho & Associados, João Augusto Frota Salles. Ele garante que instituições que, há alguns meses, apresentavam estratégias agressivas para conquistar esse mercado, como Santander e HSBC, devem mostrar recuo na concessão desse crédito. No entanto, lembra que os bancos privados têm uma participação proporcionalmente pequena no crédito imobiliário total do país e que, por essa razão, essa desaceleração será sentida «só na margem». (* Com agência) Alta de juro pode desacelerar mercado SÃO PAULO – A expansão das vendas do setor imobiliário pode sofrer uma desaceleração neste segundo semestre, impulsionada por um cenário de elevação das taxas de juros dos financiamentos e de maior rigor dos bancos nas concessões de crédito. A avaliação é feita por representantes dos setores da construção e financeiro. O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, avalia que os bancos, que estavam muito agressivos na concessão de crédito imobiliário, começam a tirar o pé do acelerador nesta modalidade de financiamento, por conta das incertezas geradas pela crise norte-americana e os riscos de inflação. Expectativa semelhante tem o analista da Lopes Filho & Associados, João Augusto Frota Salles, que também avalia que no cenário de incerteza algumas instituições tendem a adotar uma posição mais cautelosa na expansão do crédito imobiliário. Segundo ele, o movimento se mostrará mais evidente entre os bancos privados, que nos últimos anos desenvolveram plataformas para atender a maior clientela possível quando ocorresse o boom do financiamento de imóveis, esperado, inicialmente, para 2009. “Os bancos privados tendem a recuar nesse mercado. O cenário incerto adiou um novo “boom” de crédito imobiliário para 2010 ou 2011. Nesse ambiente, quem sinaliza o recuo são os bancos privados”, afirma Salles. De acordo com Salles, bancos que há alguns meses apresentavam estratégias agressivas para conquistar esse mercado, como Santander e HSBC, devem mostrar recuo na concessão desse crédito. No entanto, o analista lembra que os bancos privados têm uma participação proporcionalmente pequena no crédito imobiliário total do país e que, por essa razão, essa desaceleração será sentida só na margem. O movimento ficará mais evidente a partir do primeiro trimestre do ano que vem, quando a elevação dos juros reduzir a demanda de forma mais efetiva, o que trará conseqüências para o principal agente financiador desse setor, a Caixa Econômica Federal (CEF). Embora com taxas mais baixas do que em outras modalidades de empréstimos, os bancos utilizam esses financiamentos de longo prazo para fidelizar os clientes e, dessa forma, aumentar a venda de produtos a esse público. No entanto, nesse ambiente de incerteza, os bancos tendem a apostar em outras linhas de negócios, que oferecem maior rentabilidade, como o segmento corporate, destinado a empresas de grande porte. Essa estratégia também irá produzir efeito sobre o crédito imobiliário. “A demanda por imóveis ainda não foi impactada pelas recentes altas de juros, mas poderá haver pequena redução no próximo trimestre e principalmente no quarto. As vendas vão crescer, mas menos que no primeiro semestre”, opina um analista, que preferiu não se identificar. A analista da Unibanco Corretora, Maria Laura Pessoa, lembra que o crédito imobiliário possui problemas estruturais que precisam ser solucionados para que haja uma aceleração dessas operações. Como exemplo, ela cita a falta de um mercado secundário e o descasamento entre o principal funding do setor (recursos da poupança) e o prazo do financiamento. “Isso não evoluiu ainda. Além disso, você tem um cenário diferente, com juros subindo, e isso é determinante para a entrada de um consumidor em um financiamento de longo prazo”, afirma. Na avaliação do economista e professor da FGV Online, André Comunale, pode haver diminuição no ritmo de crescimento das vendas de imóveis no fim do ano ou início de 2009, mas sem que haja reversão de tendência. “O foco do consumidor ainda é a prestação cabendo no orçamento”, afirma Comunale. Segundo ele, as altas de juros ainda não se refletiram nas vendas mas, se prosseguirem, é possível que sejam repassadas, parcialmente, pelos bancos para os financiamentos imobiliários. Segundo uma fonte do mercado, nos últimos anos, o crédito imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) concedido pelos bancos no primeiro semestre correspondeu à parcela de 40% a 45% do ano, enquanto o segundo semestre ficava com percentual de 55% a 60%. A expectativa é que a proporção se mantenha neste ano.