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Obras a todo o vapor

A construção civil em Minas Gerais encerra o semestre com bons motivos para comemorar. Em comparação aos seis primeiros meses do ano passado, o setor registrou ganhos significativos em produção, vendas e oferta de emprego. Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Walter Bernardes de Castro, a ampliação da oferta de crédito, especialmente pelos bancos privados, é a principal responsável pelo bom desempenho das empresas. Sem ter ainda números fechados da performance do setor no semestre, a análise do presidente da entidade se baseia nos dados apurados nos três primeiros meses do ano pela pesquisa Construção e comercialização – mercado imobiliário de Belo Horizonte, realizada pela Fundação Ipead. O levantamento apontou que, de janeiro a março, as principais construtoras da capital alcançaram um crescimento de vendas em torno de 77%, sobre igual período de 2007. Já o número de lançamentos de empreendimentos pulou dos 538 registrados no primeiro trimestre do ano passado para os 830 computados de janeiro a março deste ano. Outro dado que mostra o bom momento vivido pela construção civil é o aumento na geração de empregos. Segundos informações oficiais do Cadastro de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged/MTE), de janeiro a maio, o setor empregou na Região Metropolitana de Belo Horizonte 14.345 trabalhadores, enquanto que, em igual período de 2007, o número de trabalhadores empregados era de 5.908. Em todo o estado, o número de empregados da construção civil subiu de 13.764, entre janeiro e maio do ano passado, para 26.574 nos cinco primeiros meses deste ano. Mas o retorno da inflação, combatida pelo governo com a elevação das taxas de juros, já preocupa o setor. “Se os juros subirem aos patamares anteriores, será uma ducha de água fria para o mercado. Esperamos que o governo mantenha o equilíbrio. A taxa de juros brasileira já é alta e um país com grau de investimento não precisa elevar juros para atrair capital”, defende. Recorde de vendas Nem mesmo o fantasma da inflação, que voltou a assombrar o Brasil nos últimos dois meses, atrapalhou os negócios das construtoras e incorporadoras mineiras no semestre que se encerra. “Nunca vi uma situação de vendas como esta”, diz Dennyson Porto, diretor de Incorporação da Lider Cyrela, joint-venture formada recentemente entre a Construtora Lider e a paulista Cyrela Brazil Realty. Segundo ele, a nova incorporadora faturou em Minas Gerais, de janeiro a abril deste ano, R$ 165 milhões, contra os R$ 102 milhões faturados pela Construtora Lider no estado em todo o ano passado. Dennyson Porto avalia que a performance positiva da empresa é resultado do bom desempenho da economia brasileira e também do retorno da Lider, desta vez em parceria com a Cyrela, ao mercado de empreendimentos econômicos. “Lançamos em abril um empreendimento do segmento econômico no Bairro Fernão Dias, que foi um grande alavancador de vendas.” Já a Habitare Construtora, atesta seu diretor comercial, Alexandre Soares, atingiu de janeiro a maio deste ano um valor geral de vendas (VGV) de R$ 89 milhões, ante os R$ 32 milhões alcançados em igual período de 2007 e os R$ 83 milhões registrados no ano passado. Alexandre Soares credita o bom resultado ao cenário econômico favorável e à decisão estratégica da empresa de aumentar a oferta de unidades. “Temos hoje em estoque 440 unidades e outras 1.054 em fase de projeto”, informa. Desempenho semelhante foi registrado pelo grupo Patrimar, formado pelas empresas Patrimar Engenharia e Novolar. De acordo com Marcelo Martins, diretor de Marketing do grupo, juntas, as duas empresas repetiram no primeiro semestre deste ano o volume de vendas alcançado nos 12 meses de 2007. “É um resultado extraordinário, porque no ano passado já tínhamos crescido 120% sobre 2006.” Marcelo considera que uma conjunção de fatores foi responsável pelo crescimento de vendas verificado pelo setor. “Estamos em um círculo virtuoso. Embora a volta da inflação possa mais adiante afetar o mercado, pressionando a taxa de juros, ainda temos estabilidade econômica e muita liquidez, com os bancos ávidos por emprestar recursos a quem deseja comprar um imóvel, já que agora temos segurança jurídica para a retomada do bem, nos casos de inadimplência”, analisa. José Francisco Cançado, diretor da Conartes Engenharia, também comemora os resultados obtidos pela empresa neste primeiro semestre. “Registramos crescimento nos quatro indicadores usados para medir o desempenho de uma empresa: nosso estoque cresceu 120%, o número de consultas de potenciais compradores aumentou 55%, elevamos o volume de unidades vendidas em 77% e o valor das vendas se expandiu em 120%”, assegura. Para o segundo semestre, a expectativa das empresas é de manter o ritmo de vendas alcançado de janeiro a junho. “Com o retorno da inflação e a possibilidade de novos aumentos das taxas de juros, se os negócios se mantiverem no patamar atual, já está muito bom”, avalia o presidente do Sinduscon-MG, Walter Bernardes de Castro. Na mesma linha de raciocínio, José Francisco Cançado, diretor da Conartes, diz estar apreensivo com os impactos que a inflação pode causar na economia brasileira, mas considera que os negócios da empresa não serão abalados por uma possível nova alta dos juros. “Como atuamos no segmento de alto padrão, nossos clientes não dependem tanto do financiamento”, explica, ao informar que a Conartes planeja dois lançamentos para o segundo semestre. “Vamos lançar mais um empreendimento no Bairro Villa da Serra, em Nova Lima, com 92 unidades de quatro quartos, e outro no Bairro de Lourdes, próximo ao Diamond Mall, mais na linha de studio, voltado para casais jovens, idosos e solteiros, com 30 unidades de dois quartos”, diz. Ele observa que, com os lançamentos, a Conartes espera repetir no segundo semestre o bom desempenho registrado nos seis primeiros meses deste ano. Já o diretor de Incorporação da Líder Cyrela, Dennyson Porto, afirma que a empresa confia na expansão dos negócios do setor e na estabilidade da economia brasileira que, em sua avaliação, está no caminho do crescimento sustentável. “Tanto que vamos colocar na rua, no segundo semestre, mais três lançamentos com uma VGV estimada de R$ 130 milhões”, informa, sem adiantar detalhes dos novos empreendimentos. O grupo Patrimar, diz seu diretor de Marketing, Marcelo Martins, também planeja lançamentos no segundo semestre. “Pela Novolar, vamos lançar mais dois empreendimentos no Buritis e, pela Patrimar Engenharia, estamos planejando, até o fim do ano, mais um lançamento no Villa da Serra e um empreendimento comercial no bairro Funcionários”, antecipa. Na Habitare, conta Alexandre Soares, diretor comercial, estão planejados 15 lançamentos para o segundo semestre, que somam 1.054 unidades, com valor estimado de R$ 268 milhões. Em relação ao volume de vendas, ele calcula que a empresa deve chegar ao final do ano com mais de mil unidades comercializadas. Empresas ampliam área de atuação A exemplo de empresas paulistas, grandes construtoras mineiras buscam novos mercados para a expansão de seus negócios. “No próximo semestre, vamos lançar, por meio da Patrimar Engenharia, nosso primeiro empreendimento no estado de São Paulo, em parceria com a MRV Engenharia, dando seqüência a um projeto de expansão de mercado do grupo, iniciado há quatro anos, quando entramos no Rio de Janeiro, com a marca Novolar, em dois tipos de operação: no segmento popular, com a construção de empreendimentos do Programa de Arrendamento (PAR), da Caixa Econômica Federal, e no segmento econômico, também em parceria com a MRV”, diz o diretor de Marketing do grupo Patrimar, Marcelo Martins. Ele informa que, em São Paulo, a Patrimar Engenharia deve lançar um empreendimento residencial de alto padrão, na cidade de Campinas, em uma área de 52 mil m2, situada ao lado do Shopping Galeria. “Serão 418 unidades, de três e quatro quartos, divididas em quatro torres e com completa área de lazer, com o conceito de club resort.” Segundo Marcelo Martins, a construção ficará a cargo da Patrimar e a incorporação será dividida com a MRV. “A idéia é aproveitar a experiência da MRV na região, com grande poder de barganha junto aos fornecedores, com a nossa expertise no segmento de alto padrão e, a partir deste primeiro empreendimento, chegar a outras cidades do interior paulista”, observa. A Conartes Engenharia é outra empresa que fará sua estréia no mercado paulista no próximo semestre. A empresa prepara o lançamento de um empreendimento residencial de alto luxo num dos pontos mais nobres da cidade de São Paulo: um edifício de 22 apartamentos, de 220 metros quadrados cada um, com quatro suítes e quatro vagas de garagem, situado a 300 metros do Parque Ibirapuera. “É um produto compatível com o padrão da região e estamos desenvolvendo todo o projeto de maneira que ele nos possibilite entrar com o pé direito no mercado paulista”, diz José Francisco Cançado. Já a Lider Cyrela, informa Dennyson Porto, além de Minas Gerais, toca empreendimentos em São Paulo e no Distrito Federal. “E estamos abertos para atuar em outros mercados, uma vez que nossa meta é alcançar R$ 605 milhões em lançamentos em 2009 e de chegar a R$ 1 bilhão em 2010”.