Hoje, existe uma dúvida dos consumidores é se vale a pena comprar o imóvel agora ou esperar um pouco mais para ver se haverá uma queda de preços. Contudo, uma análise das perspectivas futuras do mercado imobiliário e das condições de crédito aponta claramente que as oportunidades atuais são momentâneas. Embora as empresas estejam buscando equalizar os seus estoques, as possibilidades de queda nos preços são cada vez menores. Isso porque, as margens das construtoras estão muito apertadas, não dando espaço para grandes descontos. Apesar das margens líquidas variarem de empresa para empresa e, inclusive, de empreendimento para empreendimento, de forma geral, os percentuais na Indústria da Construção são baixos. Erradamente, devido ao fato do valor envolvido ou agregado a um empreendimento imobiliário ser alto, parte da sociedade acredita que a rentabilidade no setor é grande. Mas, na realidade, o percentual de retorno na Construção é baixo. Essas margens, hoje, são pouco atrativas frente à taxa Selic que está em 13,75% ao ano. Ou seja, diante desse cenário de incertezas no ambiente de negócios e juros altos, o retorno com atividade de construção, que implica em assumir riscos, não está tão vantajoso frente à remuneração das aplicações financeiras. A consequência disso poderá ser uma redução no número de lançamentos. Deste modo, no médio prazo, os estoques estarão equacionados, não ocorrendo uma pressão por desvalorização nos preços. Por outro lado, a demanda seguirá existindo, visto que o déficit habitacional do País divulgado pela Fundação João Pinheiro está em 5 milhões de unidades. Assim, cabe ressaltar que o setor não vive uma crise, mas sim um momento de acomodação. As promoções de desconto que algumas empresas estão realizando são para unidades específicas, mas não é uma prática generalizada do setor e nem se sabe até quando se sustentará. É preciso entender que o mercado funciona como uma balança. A partir do momento em que há um descompasso, como o do volume de imóveis em estoque, os agentes econômicos tendem a tomar decisões que convergem para o retorno ao nível de equilíbrio. Se hoje o consumidor pode escolher um imóvel com as configurações mais adequadas ao seu perfil, no médio prazo as opções tendem a ficarem mais escassas. Vale lembrar também que, diante das medidas tomadas pelos governos, a operação de compra pode ficar mais onerosa devido à alta dos juros por parte dos bancos públicos e, por consequência, dos bancos privados. No início do ano, muitos compradores que postergaram a compra do imóvel viram a Caixa Econômica Federal aumentar os juros e, mais recentemente, reduzir o percentual de financiamento dos imóveis usados de 80% para 50%. Por enquanto não se sabe se outras medidas para restringir o crédito virão. Em Belo Horizonte, caso algumas propostas da Prefeitura para o Plano Diretor sejam aprovadas pela Câmara Municipal, haverá uma aumento de custos de produção, seguido de uma elevação nos valores dos novos empreendimentos. Como o mercado é interligado, esse aumento de custos e de preços nas unidades novas refletirá na valorização dos imóveis usados. Para o consumidor que adiar a decisão de compra, as consequências podem ser várias, desde a necessidade de maior financiamento, passando pela restrição de ter que escolher um imóvel de padrão inferior ao pretendido até a se ver forçado a buscar moradia em cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte. No cotidiano desse consumidor, tais implicações resultam em mais gastos com juros bancários, infraestrutura reduzida do imóvel e de seu entorno ou no aumento do tempo de deslocamento entre casa, o trabalho e a escola. Portanto, saber avaliar as oportunidades pode trazer mais que somente benefícios financeiros. * Jorge Luiz Oliveira de Almeida é vice-presidente de Comunicação Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Publicado em 21/06/2015 no jornal Estado de Minas – BH (Lugar Certo)