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Pela construção de um novo Brasil

Deitado eternamente, mas não em berço esplêndido, o Brasil acordou. Acordou de um sono profundo e a sua gente valorosa e varonil, mostrou a sua cara. Apareceram primeiros os jovens e, apressadamente, foram se juntando pessoas das mais diversas idades, classes sociais e etnias. Uma “festa” bonita e convocada inicialmente para ser ordeira. Mas, como toda festa, não tem deixado de receber penetras e brigões. De onde eles vêm e para onde querem ir, ainda não ficou claro. Como já tem sido bastante comentado, os protestos, que começaram em defesa da mobilidade urbana, têm revelado o descontentamento de anos e de passividade e aceitação em relação ao “status quo” da política nacional. Uma análise do sociólogo Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, resume esse sentimento mais ou menos assim: as manifestações são uma resposta dos cidadãos ao “assédio moral” que há anos vimos vivendo do Estado “autocrático”, travestido de democrático. Este Estado que desrespeita os cidadãos em todos os seus direitos. Segundo o sociólogo, a população está “desreprimindo anos de emoções negativas e mágoas contra os operadores do Estado”. E, como tudo na vida tem um basta, muita coisa leva a crer que a hora do Brasil pode ter chegado. Com a ajuda principal da internet, o povo foi às ruas, sem uma liderança formal, e está lutando para fazer valer a sua voz, a sua vontade, o seu espanto e a sua indignação com os seus pseudos líderes. Líderes estes que estão sob a observação de toda a Nação e dos olhares internacionais. Líderes que precisam rever a sua postura. Que têm que escutar, mais do que nunca, a sua gente. Que têm que olhar para o País, além dos seus interesses próprios. Como é sabido, alguma coisa já começou a mudar. Desde as transformações a partir da coragem do início do movimento até as vitórias já conquistadas. A pressão do povo nas ruas começou a fazer efeito (redução das tarifas de ônibus em algumas cidades, condenação de um deputado, rejeição da PEC 37, destinação dos royalties do Petróleo para a educação e saúde, corrupção como crime hediondo, dentre outros). Mas muito mais é preciso ser feito, como imploram os cartazes e os gritos da população: fim da corrupção e da impunidade; saúde, educação, segurança, transporte, moradia, saneamento, estradas, infraestrutura etc.. Mais uma vez lembrando que a origem dos protestos foi a mobilidade urbana, reproduzo aqui parte de um texto escrito pelo músico Makely Ka: “sem transporte público as pessoas não chegam no hospital, as crianças não vão à escola, a periferia não frequenta os equipamentos culturais do centro, muitos não conseguem sequer ir trabalhar. A configuração das cidades é excludente e a mobilidade é um privilégio que discrimina e segrega mais do que o salário. Mobilidade se tornou uma questão tão imprescindível quanto educação, saúde e segurança.” Algumas destas reivindicações passam necessariamente pela Indústria da Construção, que é executora de alguns desses serviços essenciais. Enquanto representantes de parte considerável desta Indústria, fazemos coro às manifestações, colocando todo o nosso know how teórico e técnico para defender a ocupação ordenada das cidades, com habitações dignas e de qualidade, mais escolas e hospitais com serviços de excelência, universalização do saneamento básico, ruas, avenidas e rodovias seguras, além de transparência e ética nos negócios. Enfim, como sempre, o nosso setor está a postos para ajudar a construir um novo Brasil. *Jorge Luiz Oliveira de Almeida é vice-presidente de Comunicação do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). **Publicado em 01/07/2013 no jornal Estado de Minas – BH (Lugar Certo)