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Perda do grau de investimento aprofunda crise e acende novo alerta na construção civil

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) avalia como extremamente grave a perda do grau de investimento do Brasil. A decisão anunciada pela Standard & Poor’s aprofunda o cenário de incerteza e desconfiança que impede o necessário movimento de retomada da atividade econômica brasileira e terá impacto sobre o setor. Responsável por mais da metade dos investimentos executados no país, a indústria da construção prevê a desmobilização de investimentos em projetos estruturantes, a redução da oferta de crédito e um aumento do custo de capital.

Esse quadro pode inviabilizar o setor, que já administra perdas irreparáveis impostas pela combinação de alta da inflação com o corte nos investimentos e desembolsos do governo federal. “Nossa preocupação é grande”, diz José Carlos Martins, presidente da CBIC. “Essa decisão é o resultado mais drástico dos efeitos do gasto público descontrolado e da insegurança que abate o setor produtivo”.

Segundo ele, a decisão da agência de risco tornou-se o ápice de uma agenda negativa composta pela queda no resultado do PIB e da atividade industrial, aumento do desemprego, pela indefinição em torno do Orçamento de 2016 e a escalada do dólar. “Há até mesmo um impacto psicológico. Quem está disposto a investir freia naturalmente, por insegurança”, diz Martins, para quem a inibição da entrada e da permanência de capital estrangeiro esvazia as oportunidades de recuperação da indústria da construção. O setor avança pelo segundo semestre acumulando retração de 8,4% e estima fechar 2015 com a demissão de 500 mil trabalhadores.

 “A perda do grau de investimento comprova, da pior maneira possível, o que temos dito: a atual política econômica está equivocada”, avalia o presidente da CBIC. A indústria da construção tem cobrado do governo federal maior rigor no gasto público, com uma revisão de prioridades para abrir novas margens para investimento.

 

“Não há como sair da crise sem enfrentar esse debate. É preciso melhorar a qualidade do gasto público”, diz Martins, frisando que o aumento da carga tributária pode melhorar a arrecadação federal, mas certamente enxugará o setor produtivo. “Temos trocado o benefício ao conjunto da sociedade, ao cidadão, pelo descontrole nos gastos, pelo pagamento de juros absurdos, por um risco Brasil muito maior. A sociedade brasileira não aguenta mais”.