Estado cresceu acima do país. O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais registrou crescimento de 9,55% no segundo trimestre, ante igual período de 2007, segundo levantamento apresentado pela Fundação João Pinheiro (FJP). O desempenho mineiro ficou acima do resultado nacional que, no mesmo período, apresentou uma expansão de 6%. De acordo com o estudo, o setor que puxou o resultado foi o agropecuário, com 22,29%; seguido de serviços (6,97%) e indústria (6,22%). No segundo trimestre, o segmento agropecuário foi beneficiado pelo acréscimo de 42,6% da safra cafeeira. O Estado é o principal produtor de café no país. O aumento está diretamente ligado à bianualidade da cultura. Outros destaques foram o trigo (40,8%), sorgo (30,7%), feijão (19%), cana-de-açúcar (18,5%), milho (9,1%) e soja (4,3%). Quanto ao setor de serviços, o desempenho do transporte foi o mais representativo, com crescimento de 10,01% entre maio e junho. Na seqüência, aparecem o comércio varejista (9,3%), outros serviços (7,86%), administração pública (4,08%) e aluguéis (3,59%). Já na indústria, a construção civil, que vive um boom em todo o país, teve a melhor performance, com expansão de 7,71% no segundo trimestre. A indústria de transformação aparece em segundo lugar (5,89%), puxada pelos resultados da Fiat Automóveis S/A (Fiasa), com unidade um Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Já a extração mineral teve uma expansão de 4,92%, com destaque para o minério de ferro. Já no primeiro semestre, o PIB mineiro teve uma expansão 8,09% frente ao mesmo intervalo de 2007. O resultado também ficou acima do resultado nacional que, em igual base de comparação, apresentou expansão de 6%. Foi o melhor resultado desde 2003, quando já estava em vigor a nova metodologia, segundo a coordenadora executiva do Centro de Estatística e Informações (CEI) da FJP, Maria Helena Magnavaca de Alencar. “O crescimento acumulado de 2003 até o segundo trimestre de 2008 no Estado foi de 27,3%, 3,1 pontos percentuais acima do nacional, que ficou com 24,2%”, disse. Diversificação – Para ela, a expansão acima da média nacional se deve ao perfil da economia mineira. “Temos um parque fabril bem diversificado, com forte produção de bens intermediários, além de uma agricultura forte”, observou. O resultado do PIB mineiro no acumulado dos seis primeiros meses do ano foi impulsionado pelo setor agropecuário, que apresentou incremento de 17,1%. O segmento tem participação de 9% do total do Produto Interno Bruto do Estado. A produção animal registrou incremento de 5,1%, com destaque para o abate de suínos (10,5%), aves (8,2%), produção de leite (14%) e ovos (6,4%). Já o abate de bovinos apresentou recuo de 0,3% no primeiro semestre de 2008 ante o resultado de igual intervalo do exerício anterior. Em igual base de comparação, o setor agropecuário do país apresentou desempenho inferior frente ao mineiro, com expansão de 5,2%, em função da queda da produtividade da soja. Crescimento pode encerrar o ano em 6,5% O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado poderá fechar 2008 com crescimento da ordem de 6,5%, superior ao resultado do ano anterior, quando foi computada alta de 5,7%. A avaliação é da coordenadora executiva do Centro de Estatística e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP), Maria Helena Magnavaca de Alencar. “O que se percebe atualmente na economia é a redução do ritmo, com queda, por exemplo, na venda de automóveis”, analisou. Para ela, há vários problemas que deverão ser enfrentados ainda neste ano, com destaque para a alta da taxa de juros. “A crise financeira internacional pode até ter um certo impacto, mas acredito que o reflexo mais intenso deve acontecer em 2009”, disse. De acordo com a FJP, Minas Gerais cresceu 7,33% no acumulado dos quatro últimos trimestres, resultado acima do nacional que, em igual base de comparação, apresentou expansão de 5,95%. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Robson Braga de Andrade, destacou o desempenho positivo do Estado, que também foi verificado no primeiro semestre (8,09%) ante igual intervalo de 2007, também acima do desempenho nacional (6%). “O desempenho de Minas acima da média do país se deve ao bom clima de negócios presente no Estado, marcado por uma política de desenvolvimento”, disse. Para Andrade, o segundo semestre também deve ser marcado pelo crescimento. “O PIB de Minas deve apresentar resultado positivo, mas poderá diminuir um pouco na comparação com o resultado do primeiro semestre”, observou. Peso – Ainda segundo o levantamento da FJP, na divisão por setores no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período do ano anterior, a atividade industrial, tanto do Estado quanto do país, registrou expansão de 6,3%. O setor é responsável por 35% do PIB mineiro. Com evolução de 5,6%, a indústria da transformação contribuiu de forma mais incisiva para a formação da taxa global do setor industrial em razão da sua importância relativa. A construção civil (9%) e a indústria extrativa mineral (8,1%) responderam pela segunda e terceira contribuição, respectivamente, no acumulado de janeiro a junho deste ano frente igual intervalo de 2007. Para o economista e coordenador sindical do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti, o desempenho da construção no Estado é fruto do aumento do crédito imobiliário e dos prazos de financiamento. “Vale destacar que isso não acontece só em Minas, mas em todo o país. A particularidade do Estado são as diversas obras públicas de porte, como o Centro Administrativo, por exemplo”, disse. Ele afirmou que o setor vive um momento de retomada das atividades, depois de duas décadas de crescimento “pífio”. O resultado da construção civil, calculado pela FJP, ficou um pouco abaixo da média nacional no mesmo intervalo, que registrou alta de 9,4%. Entretanto, o setor vem apresentando bom desempenho desde o terceiro trimestre de 2005. (JG) Influência da renda e geração de emprego O setor de serviços de Minas Gerais, que representa 56% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, registrou incremento de 6,4% no acumulado do ano até junho contra igual período do ano anterior. O desempenho ficou acima da média nacional que, neste intervalo, teve alta de 5,3%. As informações foram divulgadas ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP). Na subdivisão comércio e serviços de manutenção e reparação, o incremento foi de 9,9%. O resultado, segundo a chefe do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Silvânia de Araújo, foi fruto do aumento do emprego e da renda, além da ampliação do crédito e dilatação dos prazos de financiamento. De acordo com dados da entidade, o faturamento real do comércio varejista na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi de 10,5% no primeiro semestre frente ao mesmo intervalo de 2007, influenciado pelo grupo automotivo (19,3%) e materiais de construção (18,7%). A coordenadora executiva do Centro de Estatística e Informações (CEI) da FJP, Maria Helena Magnavaca de Alencar, ressaltou que os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a importância do grupo veículos, motocicletas, partes e peças no comércio varejista ampliado do Estado, com contribuição de 47,9% na taxa. O crescimento do ramo no acumulado dos seis primeiros meses de 2008 foi de 22,3%, bem acima dos 13% do resultado global do comércio varejista ampliado calculado pelo IBGE. 13º salário – No que se refere ao desempenho do comércio no segundo semestre, Silvânia de Araújo aposta que o resultado deverá ser positivo em razão do crescimento tradicional dos últimos meses do ano graças ao pagamento do 13º salário e dos reajustes salariais de várias categorias. “No entanto, há problemas com os juros altos, que desestimulam os investimentos e podem contribuir para o aumento da inadimplência”, analisou. Já a crise financeira internacional poderá não ter reflexos acentuados ainda este ano na opinião da economista da Fecomércio Minas. “Acredito que os impactos podem ser mais evidentes em 2009”, disse. Ainda segundo o levantamento divulgado pela Fundação João Pinheiro, o setor de transportes, armazenagem e correios apresentou crescimento de 8,2% nos primeiros seis meses deste exercício ante igual período de 2007. Outro segmento que apresentou expansão foi o de aluguéis, com alta de 3,3%. A coordenadora executiva do CEI ressaltou que no cálculo do PIB a FJP analisou 17 subsetores da economia mineira. O agropecuário, por exemplo, foi subdividido em agricultura e pecuária. (JG)