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Produção no campo sustenta crescimento de 6% do PIB

Aquecimento. Consumo das famílias aumenta e todos os setores apresentam expansão acima da esperada Mais dinheiro na economia nacional fortalece a indústria e o agronegócio Queila Ariadne Mais dinheiro na economia faz as famílias gastarem mais, aumenta os investimentos e impulsiona as produções industrial e agrícola. O resultado dessa equação é o crescimento de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre de 2008, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só no segundo trimestre, o Brasil acumulou R$ 716,9 bilhões em riquezas, 6,1% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Todos os setores da economia apresentaram bons desempenhos, mas o agronegócio manteve o posto de protagonista do crescimento nacional. A agropecuária deslanchou em relação ao segundo trimestre de 2007, com um incremento de 7,1%. As vedetes foram o café, com aumento 27,7% e o milho, com uma colheita 12,8% maior nesse período. A produção de arroz e de soja também cresceu.Os números confirmam os recentes dados de safras recordes e as constantes afirmações do presidente Lula sobre o potencial do Brasil para alimentar o mundo. Com R$ 44,8 bilhões, o setor foi responsável por 5,8% do PIB. No primeiro semestre o valor movimentado foi de R$ 84 bilhões, o equivalente a 70% de tudo que a agropecuária gerou em todo o ano passado. Apesar de robustos, os números agropecuários chegam numa temporada de preços baixos, segundo o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues. Ele considera os preços mínimos insuficientes para a safra 2008/2009 e afirma que há uma falta de atenção dos ministérios da Fazenda e do Planejamento para a aprovação de uma dotação orçamentária adequada para o setor. “É o agronegócio que mantém o saldo positivo da balança comercial brasileira. Ironicamente, o setor não encontra uma política de sustentação no governo federal, com um tratamento equivalente à sua importância”, comenta Viana. Em caso de excesso de oferta no mercado, destaca Viana, os produtores se sujeitam a vender para o governo pelo preço mínimo porque não encontram outra alternativa. “Ou seja, terão uma remuneração inferior ao que foi gasto para produzir”, explica. Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou que o setor agropecuário mostra que os agricultores “estão aproveitando os bons preços do mercado doméstico e internacional”. O maior ritmo de crescimento foi elogiado pelo ministro, que citou como bom exemplo o aumento dos estoques do país no período. “Essa alta dos estoques mostra que a capacidade instalada da economia é mais do que suficiente para atender à demanda”, avaliou. Mais gastos. As famílias brasileiras gastaram 6,7% a mais no segundo trimestre do ano. Foi o 19º aumento trimestral consecutivo. Segundo a gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, o resultado responde a uma aceleração no aumento da massa salarial real (8,1% no segundo trimestre ante igual período do ano passado) e a um crescimento nominal de 32,9% do saldo de operações de crédito do sistema financeiro. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), Roberto Alfeu, esse aquecimento foi motivado pelo aumento na taxa de emprego. “E até mesmo pelo custo das taxas de juros, que até o segundo trimestre estavam em queda”, analisa Alfeu. De acordo com o consultor do Núcleo de Negócios Internacionais da Trevisan Consultoria, Pedro Raffy Vartanian, o aumento do consumo pode gerar inflação de demanda, provocada pela alta nos preços. “A inflação será uma preocupação no segundo semestre, pois os preços sobem no fim do ano, puxados pelo aumento de circulação de dinheiro na economia”, destaca. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que o consumo tem crescido em ritmo elevado. No entanto, ele acredita que haverá uma desaceleração que fará esse indicador fechar o ano com alta de 6% a 6,5% e, em 2009, com elevação de 5,5% a 6%. Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o ritmo é bom. “Não é desejável que o consumo cresça acima do PIB.” Alta. “Pibão” do trimestre, como disse o ministro Paulo Bernardo, leva governo a rever previsão do ano Investimento cresce mais que país Construção civil puxa a alta, lidera a expansão industrial e é bom indicador Queila Ariadne Os investimentos no Brasil tiveram um aumento recorde no segundo trimestre deste ano. De acordo com o balanço do PIB, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a formação bruta de capital fixo cresceu 16,2% em relação ao segundo trimestre de 2007. O resultado foi impulsionado pela produção e importação de máquinas. “A formação bruta de capital fixo cresceu quase três vezes mais do que a expansão do PIB. Isso é um bom indicador”, destaca o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A construção civil puxou a alta dos investimentos e liderou a expansão industrial, com um crescimento de 9,9% no segundo trimestre deste ano, em relação a igual período em 2007. De acordo com o economista do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o cenário indica que a indústria está investindo e se preparando para absorver um aumento da demanda no futuro. A expectativa de Mantega é de que o crescimento da economia supere as estimativas de 5% e encerre o ano entre 5% e 5,5%. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, chegou a chamar os resultados de “Pibão”. Ele acredita que o crescimento da economia em 2008 terá um efeito positivo no ritmo de 2009, contagiando a atividade econômica no próximo ano. (Com agências) Análise Alta nos estoques dá o sinal da desaceleração Brasília. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que o crescimento dos estoques no PIB é um sinal de desaceleração no crescimento econômico. Os estoques subiram para R$ 16,6 bilhões (2,3% do total do PIB), ante R$ 9,6 bilhões (1,5% do total do PIB de igual trimestre do ano passado). “A formação de estoques é um sinal de acomodação do crescimento em um patamar mais elevado. Quando há aceleração da economia, a tendência dos estoques é de queda”, afirmou. O secretário destacou que o crescimento está acontecendo com a inflação já mostrando trajetória de queda. Ele disse acreditar que o IPCA deste ano ficará abaixo do teto da meta (6,5%) e que vai convergir no ano que vem para o centro, de 4,5%. Para Barbosa, o crescimento atual é “perfeitamente sustentável”. Brasil ainda fica atrás no Bric SÃO PAULO. Mesmo com um desempenho acima do previsto pelo mercado, o PIB brasileiro continua na lanterna dos chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Na comparação entre o 2º trimestre deste ano e o 2º de 2007, a China registrou uma variação de 10,1%, contra os 6,1% do Brasil. A Índia aparece em seguida com 7,9%, enquanto na Rússia a produção de riquezas aumentou 7,5%. Carga Imposto sobre valor agregado sobe 8,5% Rio de Janeiro. Os impostos sobre valor agregado cresceram 8,5% no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado e 8,3% no primeiro semestre, segundo a pesquisa do PIB do IBGE. No acumulado de 12 meses, os impostos aumentaram 9,2%. As informações se referem à arrecadação e não necessariamente à alta de alíquotas ou base de contribuição. O IBGE não computa os impostos na série com ajuste sazonal, que compara o trimestre com o anterior. Em parte, o aumento vem do crescimento da importação, já que aí entra também o imposto de importação. Os impostos sobre produtos têm tido variação maior que sobre a indústria, serviços e agropecuária, nas últimas pesquisas do PIB, e dessa vez não foi diferente. Eleição. As eleições elevaram os gastos do governo, que foi obrigado a antecipar a colocação de recursos e as contratações em função de regras eleitorais. As despesas do governo cresceram 5,3% no segundo trimestre.