Mesmo com a crise, investimentos para formação são bem maiores em 2009 Zu Moreira Apesar da mudança do cenário do mercado de trabalho brasileiro, as perspectivas para 2009 são boas. “Com a crise, a qualificação profissional torna-se mais fundamental ainda para a manutenção do emprego”, diz o gerente de Educação Profissional do Senai-MG, Edmar Fernando de Alcântara. Segundo pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a oferta de vagas na educação profissional no país cresceu 14,7% em 2008, na comparação com o ano anterior, com a criação de 101,8 mil vagas. Neste ano, o Senai-MG estimava ofertar 140 mil vagas em todas as modalidades de cursos oferecidos, com um orçamento de R$ 15 milhões, mesmo montante gasto em 2008. Apenas o Programa de Educação Profissional (PEP) planeja oferecer, este ano, 30 mil novas vagas em Minas Gerais, em 80 cursos que serão realizados em 155 municípios, com duração de 14 a 28 meses. Cerca de 20 mil vagas serão ofertadas até junho e mais 10 mil no segundo semestre, com investimentos da ordem de R$ 137 milhões, contra R$ 68 milhões no ano passado, quando outras 30 mil vagas foram ofertadas. De acordo com o superintendente de Ensino Médio e Profissional da Secretaria de Estado da Educação (SEE), Joaquim Antônio Gonçalves, alguns pré-requisitos foram eliminados para ampliar a participação dos alunos do ensino público estadual. “Não tem mais limite de idade. Qualquer pessoa que tenha concluído o ensino médio ou que esteja matriculado no segundo ou terceiro grau pode participar”, revela. Inscrições. Para os cursos ministrados em parceria com instituições de ensino profissionalizante, as inscrições gratuitas começam em 29 de janeiro. A adesão só pode ser feita pela Internet, onde já está o manual do candidato em www.educacao.mg.gov.br. Além do convênio, o programa também tem parcerias com entidades filantrópicas e com escolas estaduais que possuem ensino técnico. Segundo o superintendente, o programa é uma forma de atender projetos de expansão de empresas nas diversas regiões do Estado, como o setor sucroalcooleiro, de mineração e siderurgia, aeronáutico, logístico, entre outros. “Independentemente do cenário, os recursos para o programa estão assegurados”, garantiu Gonçalves. Sobrevivente. Para Tharcísio Mendes de Freitas, 21, a qualificação pode fazer a diferença. Instrumentista de uma usina de açúcar e álcool no Triângulo Mineiro, viu cerca de 180 colegas perderem o emprego nos últimos meses, por conta da crise financeira. “Acho que um profissional qualificado faz a diferença, mas você também tem que ter comprometimento com a empresa”, salienta Mendes, estudante do curso técnico em eletrotécnica do Senai em Ituiutaba. O ex-cortador de cana já havia concluído o curso de aprendiz industrial e viu seu salário dobrar depois que buscou capacitação. Cursos de especialização Cursos do Senai iniciados em 2008 do consórcio minero-metalúrgico Técnico em mecânica 1.724 vagas nas cidades de Belo Horizonte, Nova Lima, Barão de Cocais, João Monlevade, Itaúna, Betim, Ouro Preto, Mariana, Sabará e São João del Rei Técnico em mineração 360 vagas em Nova Lima e Itabira Técnico em desenhos e projetos industriais 380 vagas em Itabira, Belo Horizonte e Contagem Técnico em eletrotécnica 320 vagas em Belo Horizonte, Mariana Técnico em construção civil 180 vagas BH Técnico em saúde e segurança do trabalho 180 vagas em Belo Horizonte Técnico em eletromecânica 320 vagas em Nova lima e São João del Rei Técnico em mecânico de manutenção 460 vagas em Itabira, Ouro Preto e João Monlevade Novas vagas 30 mil vagas em 2009. Inscrições abertas em 29 de janeiro pelo site www.educacao.mg.gov.br 80 cursos Planseq Construção Beneficiários do Bolsa Família podem se inscrever em qualquer posto do Sine Setor do álcool deve crescer De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais, Luiz Custódio Cotta Martins, os trabalhadores que foram dispensados pelas usinas em razão da crise devem ser qualificados dentro do Plano Setorial de Qualificação (Planseq). “Eles devem ser aproveitados nos novos empreendimentos que entrarão em operação neste ano”, ressalta. Antes da crise, os projetos de expansão do segmento em Minas Gerais previam uma demanda de 59,5 mil vagas de trabalho até 2016, entre empregos diretos e indiretos. “O cenário mudou, empresas estão em compasso de espera. Depois do primeiro trimestre, tudo será reavaliado.” No momento, cerca de 574 alunos (maioria cortadores de cana) estão sendo treinados para atuar em várias áreas. Em abril, o setor vai se reunir para discutir um novo convênio do programa, que usa recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O Planseq da construção civil, porém, ainda não saiu do papel. O objetivo é oferecer cursos para os beneficiários do Bolsa Família, por intermédio do Sistema Nacional do Emprego (Sine). De acordo com o órgão, apenas 1.416 pessoas, 4% dos beneficiados, se cadastraram nos postos do sistema no Estado para os cursos. “Espero que com mais divulgação haja mais adesão”, disse o vice-presidente de Política, Relações de Trabalho e Recursos Humanos do Sinduscon-MG, Ricardo Catão. O programa tem apoio dos ministérios do Trabalho e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Negociação Bolsa para qualificação não começou Empresas e sindicatos vêm negociando a suspensão temporária do contrato de trabalho por até cinco meses, para evitar demissões. Durante esse tempo, a empresa custeia treinamento, enquanto o trabalhador recebe a bolsa-qualificação. “Empresas nos procuraram, mas até agora não assinamos nenhum contrato”, conta Edmar Fernando de Alcântara, do Senai-MG. Na opinião dele, a pressão por qualificação profissional no Estado deve continuar. Ele ressalta que o curso é diferente, pois inclui temas como empreendedorismo, informática e meio ambiente. Aviação civil é promessa no Estado Segundo o subsecretário de Assuntos Internacionais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Luiz Antônio Athayde, a expectativa para este ano é abrir 600 vagas para cursos de qualificação do pólo de aviação civil. A demanda do setor a curto prazo é de 5.300 profissionais, 900 vagas só para pilotos. Outras 300 vagas serão para a área de engenharia, 2.000 para técnicos de manutenção e mais 2.000 para comissários, além de cem vagas para controladores de vôo.