Encanamentos devem ser planejados de acordo com particularidades do imóvel e levar em consideração detalhes como o uso de sistema separado para máquinas de lavar roupa Rosana Zica As instalações hidráulicas envolvem o abastecimento de água, a coleta de esgoto e a rede de águas trazidas pelas chuvas. O diretor da área de Materiais e Tecnologia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Contídio Alvim Drumond, calcula que os gastos com essa etapa da construção representam, em média, 4% do custo total de uma obra residencial. Ele considera que o fator mais importante para o bom resultado será a qualidade e a implantação do planejamento. “Se o trabalho usar bom material, mas não tiver um bom projeto, o imóvel poderá apresentar problemas, como pressão insuficiente para as torneiras”. É na fase do projeto que são traçadas soluções para o fornecimento de água quente, fria e pluvial, gerada pelas chuvas, especificando o material a ser usado. “A rede hidraúlica é complexa e se não for bem dimensionada, prevendo vazão mínima ou máxima, pode apresentar patologias”, explica Drumond. Para o presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip), Marcelo Dicker, o sucesso em uma instalação hidráulica depende, principalmente, da contratação de profissional experiente para elaborar esse projeto para a o sistema. O plano a ser executado deve, na opinião de Dicker, atender as normas técnicas, ser econômico e eficiente, facilitar a montagem dos sistemas hidráulicos da obra e prever manutenção fácil e de baixo custo. Na avaliação de Dicker, o bom projeto deve também levar em consideração a altura da construção, local de implantação da obra, assim como arquitetura, estrutura e rede elétrica do imóvel. Para o engenheiro, alguns exemplos de falhas nos sistemas hidráulicos estão relacionados ao retorno de espuma nas tubulações de esgoto da máquina de lavar roupa, mau cheiro dentro das unidades e vazamentos. As causas desses problemas, diz o engenheiro, estão no projeto, que não foi elaborado como deveria, usando material inadequado ou com execução errada dos serviços. “As causas podem ser conjuntas ou independentes e cada problema exige uma solução muito específica”, explica Dicker. COLETA O engenheiro destaca que, assim como os resíduos gordurosos da cozinha, a água da máquina de lavar precisa ser recolhida em sistemas independentes e conduzida para caixas especiais, que têm como função evitar o retorno de gases para o interior do imóvel e acomodar o excesso de espuma. “Para toda a rede deve-se ter cuidado especial com o sistema de ventilação, que precisa ser dimensionado em conformidade com as normas específicas”. O bombeiro hidráulico Patrick Roncali Zardini de Morais diz que é preciso paciência para construir uma rede hidráulica perfeita. Para ele, não dá para ter qualidade no sistema sem um bom lixamento para tirar o esmalte dos tubos de PVC e uma solda minuciosa. “A peça hidráulica em si dificilmente vem com defeito. Os problemas são gerados na maneira de utilizar o material.” O resultado de erros nessa fase aparecem com seis meses de uso do imóvel. “O problema na rede hidráulica não surge de um dia para o outro. Depois que põem água na tubulação é que pode minar.” O bombeiro acredita que a elaboração do projeto e a contratação de bom profissional garantem economia futura na manutenção da rede, uma vez que qualquer reparo no sistema hidráulico ou de esgoto “A maioria das intervenções na rede é gerada por serviços mal-executados. Só no caso de imóveis muito antigos, com tubulação galvanizada, o motivo da reforma é a corrosão natural dos tubos e conexões”. MÃO-DE-OBRA Para a rede hidráulica e de esgoto básica, com um vaso, um chuveiro, ducha íntima, torneiras do banheiro, cozinha e área de serviço de uma casa de três quartos, sala, cozinha e um banheiro, o bombeiro estima que são necessários quatro dias de trabalho. Se o serviço for combinado pelo sistema de empreitada, pode custar, segundo Patrick Roncali, R$ 1,5 mil. Material mais em conta Economia pode ser feita na escolha das marcas de tubos e conexões, metais e louças para a obra, desde que o consumidor verifique a existência de selos de certificação de qualidade Rosana Zica O material mais utilizado nos sistemas de água quente e fria, esgoto e drenagem são tubos e conexões em cobre e os materiais plásticos, como PEX, PPR e PVC. Mas o presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip), Marcelo Dicker, lembra que existem no mercado diversos tipos de produtos, cada um com suas vantagens em relação a custo, uso, tipo de construção e resultado desejado. “Cabe ao projetista decidir com o cliente aquele material que melhor atende as expectativas e características da construção.” Para o bombeiro hidráulico Patrick Roncali Zardini de Morais, é possível reduzir gastos com material mantendo a qualidade na rede. O especialista acredita que o mais importante não é escolher o produto pela marca, mas pela certificação para construções da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O bombeiro diz que a diferença de preço entre peças do mesmo padrão de qualidade pode ser de 15%. Ele cita como exemplo um tubo de seis metros feito por uma marca famosa, que custa em media R$ 70, e outros de R$ 60 de fabricantes alternativos. Morais ressalta que as peças metálicas são as mais caras e a escolha é orientada também pela aparência e preço. O engenheiro e diretor do Sinduscon, Contídio Alvim Drumond, ressalta que também dá para economizar nas louças e metais, sem comprometer o resultado operacional da rede. “Desde que tenham selo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), todas as peças funcionam e a escolha vai depender do orçamento disponível.” O local da construção, ressalta Drumond, também influencia o custo dos sistemas. Ele chama a atenção para a harmonia entre a rede hidráulica e de esgoto com normas de ventilação, especialmente para o vaso sanitário e a cozinha. “É muito frequente ter que usar material que suporte pressão mais elevada, principalmente no período da noite, evitando problemas de vazamento e perda de vida útil dos materiais”, explica o engenheiro. ATENÇÃO ÀS NORMAS A decisão por qual tipo de caixa d’água usar dependerá de várias questões relacionadas ao projeto. Marcelo Dicker explica que é preciso verificar se o volume de água a ser dimensionado está compatível com os espaços disponíveis para acomodação ou se a estrutura de concreto da cobertura suporta o volume de água dimensionado. A Copasa é responsável por fornecer uma pressão mínima de 10 metros de coluna d’água e máxima de 60 metros de coluna d’água para todos as construções. “Qualquer valor diferente deve ser informado à concessionária, para uma avaliação e orientação quanto à necessidade de adotar válvulas redutoras de pressão.” As caixas de gordura seguem especificações das empresas de saneamento e podem ser construídas com concreto durante a obra ou compradas pré-fabricadas, de acordo com as normas sanitárias, o que torna a instalação mais rápida. Dicker ressalta que, assim como em outros sistemas, é importante que, depois da conclusão da obra, haja manutenções periódicas para que fique garantido o bom funcionamento do sistema hidráulico. Ele destaca que a descoberta de vazamentos ocorre somente depois de vários dias de desperdício de água ou de possíveis estragos na edificação. O diretor do Sinduscon-MG ressalta que barulhos na descarga podem ser sinal de problemas na rede.