Autor: Ilso José de Oliveira *
Há cerca de três anos, o Brasil tem enfrentado uma profunda crise política e econômica e, neste contexto, o setor de Engenharia e Construção foi um dos mais comprometidos. Isto porque, na medida em que a economia não vai bem, há corte nos investimentos, que são os principais geradores de oportunidades de trabalho para empresas que atuam no segmento de Engenharia.
Entretanto, esse horizonte estava começando a apresentar sinais de melhora. Em função da possibilidade de implantação de algumas reformas, foi possível vislumbrar perspectivas mais animadoras para a Indústria da Construção. No último trimestre, o Brasil experimentou uma queda na inflação, levando à redução da taxa de juros, aspectos que estimulam o consumo, promovem investimentos por parte das empresas e, por consequência, ajudam a alavancar a economia. Apesar disso, é necessário ter cautela, uma vez que, provavelmente, atravessaremos um longo período de estagnação e baixo crescimento até alcançarmos os patamares anteriores à crise. O País passa por uma instabilidade e é preciso que sejam tomadas decisões firmes e bem planejadas.
Por outro lado, é possível enxergar o Brasil com uma nova perspectiva, principalmente pela aprovação das medidas propostas pela equipe econômica. Começamos a ver um cenário diferente que, se continuado e bem conduzido, pode favorecer a economia como, por exemplo, a aplicação de medidas de reestruturação da dívida dos estados e as reformas trabalhistas, tributárias e da Previdência. Vemos que, diante desta possibilidade, o volume de investimentos apresenta sinais de melhora e, se o cenário continuar evoluindo dessa maneira, podemos pensar em um 2018 diferente.
Outro aspecto que pode ser observado como importante medida de recuperação é a manutenção do programa de concessões e Parceiras Público-Privadas (PPP’s), anunciado para o setor de infraestrutura. Isso poderá gerar uma alteração na proporção de contratações durante a recuperação do setor de Engenharia, com possível redução no volume de investimentos do setor público e um incremento nos investimentos privados. A infraestrutura, que ainda é muito deficiente e passou por um longo período de carência de investimentos, necessita de melhorias urgentes.
Observa-se um movimento de empresas globais que traçam planos de se instalar no Brasil, aproveitando o espaço deixado por outras empresas no período da crise. Algumas já estão abrindo escritórios no País, outras buscam parcerias ou mesmo fusões e aquisições de empresas locais. Vejo esse movimento como oportunidade, pois pode representar um potencial de crescimento para as empresas brasileiras. Em uma associação bem formatada, cria-se uma relação ganha-ganha, uma vez que a empresa brasileira dispõe de um sólido conhecimento técnico e do ambiente, e a empresa estrangeira, de tecnologias complementares e capital para investimento.
Em conclusão, reforço a necessidade de continuarmos nos esforçando no sentido de aproveitarmos as oportunidades proporcionadas. Mais do que nunca, agora é o momento de debater, conversar e buscar uma relação de transparência entre contratantes e contratadas em um esforço para viabilizar mais projetos. Quanto mais projetos viabilizados, maior será a geração de emprego e renda. Somente assim conseguiremos promover um crescimento consistente da engenharia brasileira.
* Ilso José de Oliveira é vice-presidente de Obras Industriais e Públicas do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).