Fonte: CBIC
Os números da indústria da construção no Rio de Janeiro foram o tema do “Encontro do Setor da Construção Civil e do Mercado Imobiliário”, realizado na capital fluminense, na última sexta-feira (18). Organizado pelo Sinduscon-Rio e pela Ademi-RJ, o evento contou com a participação dos presidentes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, do Sinduscon-Rio, Claudio Hermolin, da Ademi-RJ, Marcos Saceanu.
Na abertura do evento, o presidente da CBIC destacou a importância da realização de encontros regionais para conhecer melhor os dados e informações locais sobre o setor, além de compartilhar a experiência local com outros estados. “É fundamental termos um panorama do setor, conhecendo a realidade local, principais demandas e sugestões para atuarmos nos pontos mais relevantes. O Sinduscon-Rio e a Ademi-RJ proporcionaram um excelente encontro, com a participação dos associados, autoridades e com muito conteúdo significativo”, destacou.
Claudio Hermolin reforçou a necessidade da interlocução do setor com os poderes Executivo e Legislativo. “Estamos em constante diálogo e, mesmo que haja divergências, precisamos levar nosso ponto de vista e manter o debate aberto”, disse, ao afirmar a atuação das entidades locais para apresentar as principais considerações da indústria da construção ao governo, já que o Plano Diretor da cidade está no foco das discussões.
Marcos Saceanu enfatizou o panorama do mercado imobiliário, destacando a necessidade de incentivos, sob pena de perder a força para investimentos que o Rio de Janeiro possui. “Ficou claro que 2021 foi um ano grande, mas não homogêneo. Ainda temos muito o que crescer”, afirmou ele.
Presente no encontro, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio, Chicão Bulhões falou sobre a linha de atuação do município e os projetos implantados pela secretaria que visam potencializar os investimentos na cidade. “O Licin (Licenciamento Integrado) foi um projeto acertado que, inclusive, contou com a participação do Sinduscon e da Ademi nas discussões que antecederam sua aprovação. Agora, precisamos aperfeiçoá-lo e acompanhar os resultados para as adequações necessárias. Temos espaço para crescer. As sementes estão postas, mudanças estruturais foram feitas e, agora, precisamos aparar as arestas e chutar para o gol”, concluiu o secretário, ressaltando que o diálogo com a construção e o mercado imobiliário são fundamentais para encarar os desafios. “A discussão sobre o Plano Diretor, por exemplo, precisa do olhar de todos”, enfatizou.
O presidente da Câmara de Vereadores, Carlo Caiado, também participou do encontro e reiterou a importância do diálogo constante do poder público com a sociedade e com as instituições, para que se resgate uma agenda de confiança para a cidade. “É fundamental escutar a todos e ir ao encontro das ações que precisamos desenvolver”, afirmou, ao elencar uma série de projetos em andamento que visam trazer mais investimentos para a cidade.
Felipe Cavalcante, presidente de honra da Associação Brasileira para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico (ADIT), apresentou o projeto Capital Imobiliário, que visa reduzir a dependência dos bancos comerciais e aproximar as empresas do mercado de capitais. “O objetivo do projeto é promover essa aproximação para aproveitamento de novas fontes de funding. Entre os produtos oferecidos estão o financiamento à construção de loteamentos, antecipação de recebíveis (linha de crédito), home equity, crowdfunding e financiamento para retrofit. São oportunidades alternativas de acesso ao crédito, com produtos aderentes às necessidades e peculiaridades do setor. É uma forma customizada de atender os associados”, explicou.
Números do Rio de Janeiro
O sócio da Brain Inteligência de Mercado, Marcelo Gonçalves, apresentou o comportamento dos lançamentos imobiliários no Rio de Janeiro, em 2021. De acordo com o levantamento, houve um aumento de 17% em empreendimentos lançados no 4º trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2021. O Valor Geral de Vendas (VGV) lançado registrou aumento de 48% no 4º trimestre de 2020 em relação ao último trimestre de 2021.
As unidades vendidas apresentaram uma baixa de 21,9% em 2021 em comparação com 2021. O VGV vendido sofreu redução de 26%, no 4º trimestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020. Já na comparação anual entre 2020 e 2021, o aumento foi de 2,8%. A oferta final fechou 2021 com queda de 13,8% em 2021, em relação a 2020.
Sobre o desempenho da construção civil em 2021, Ieda Vasconcelos apresentou os números e projetou os dados do PIB local do setor. De acordo com a economista, o estado do Rio recuperou a queda de suas atividades registrada em 2020, por conta da pandemia. “Depois de recuar 6,9% em 2020, o setor cresceu 7,4% no ano seguinte. Em 2021, o crescimento do setor no estado foi de 14,2%, o maior registrado desde 2010”, disse.
Em relação ao PIB, Ieda afirmou que a construção local ainda não recuperou as perdas de anos anteriores. “De 2014 a 2021, houve retração de 38% no PIB da construção no Rio, enquanto que, no Brasil, esse recuo foi de 26%”, afirmou.
O mercado de trabalho, no entanto, apresentou bom desempenho no estado. Segundo a economista, em janeiro de 2022 o setor registrou um saldo positivo de 4.015 novos empregos no estado, o melhor desempenho nos últimos dois anos.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do Município do Rio de Janeiro (Sintraconst-Rio), Carlos Antonio Figueiredo de Souza, também participou do encontro.
Clube de Engenharia
Representantes da CBIC, do Sinduscon-Rio, da Ademi-RJ, da Aliança Centro e do Clube de Engenharia participaram de reunião com o senador Carlos Portinho (PL-RJ) para tratar de temas como valorização da Engenharia, principais demandas do setor e projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional. Entre eles, o PL 4.000/2021, de autoria do parlamentar, que facilita a conversão de imóveis.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, destacou a prioridade do assunto para incentivar o mercado. “O centro da cidade traz uma série de oportunidades de negócios”, afirmou, ao acrescentar que em diversos países o retrofit possui grande relevância na indústria da construção e na economia, sendo também uma forma para dar fôlego a prédios mais sustentáveis.
O presidente do Clube de Engenharia, Márcio Girão, ressaltou que essa parceria das entidades com o poder público deve ser constante e que a engenharia precisa garantir maior representação no Legislativo. “Precisamos de uma frente parlamentar forte e respeitada, que lute pelos interesses da engenharia que impactam positivamente a população, bem como valorize nossas soluções”, afirmou.
O senador Carlos Portinho destacou a importância da participação das entidades em parceria com o poder público. “Queremos ouvir os setores, pois vocês conhecem os gargalos e o que devemos observar para fazer o projeto atender da melhor forma o seu objetivo. Temos que articular juntos e contamos com esse diálogo”, concluiu.
A reunião, que aconteceu na sede do Clube de Engenharia, também contou com a presença do presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel; do vice-presidente do Sinduscon-Rio e diretor do Clube de Engenharia, Vinícius Benevides; do representante da Aliança Centro e diretor da Sérgio Castro Imóveis, Cláudio Castro; da gerente executiva do Sinduscon-Rio, Carla Oliveira; do superintendente da Ademi-RJ, Murillo Alevatto; e da economista da CBIC, Ieda Vasconcelos.