São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, anunciaram ontem a liberação de mais recursos para o financiamento da safra 2008/2009, ajuda para o setor de construção civil e a possibilidade dos bancos oficiais federais agirem mais agressivamente na concessão de crédito. Na área rural, para onde o governo já direcionou R$ 7,5 bilhões através de liberações do depósito compulsório, agora também aumentará a percentagem de recursos captados pela poupança rural para o financiamento de safra. Atualmente, 65% da captação tem essa finalidade e o governo pretende aumentá-la para 70%. Esta medida, segundo Mantega pode injetar mais R$ 2,5 bilhões no financiamento da safra. A medida, informou Mantega, poderá ser anunciada hoje pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo o ministro, o CMN precisa primeiro criar uma resolução e depois aprová-la, mas a partir deste momento a liberação dos recursos será rápida. “Não há motivo para redução da safra 2008/2009, exceto por fatores fora do controle, como questões climáticas ou falta de crédito que não conseguimos detectar”, afirmou Mantega, que falou com a imprensa em São Paulo após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Henrique Meirelles, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, o presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco Lima Neto, e a presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Coelho. “De modo geral, estamos dando conta das questões de falta de crédito na agricultura”, avaliou. Construção – Para a área de construção, Mantega sinalizou medidas para injetar de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões para capital de giro. “A liberação dos recursos será feita ou através do BNDES, que já apresentou uma proposta ao governo, ou via CEF, através de participação acionária”, relatou Mantega. “Uma das duas medidas será tomada nos próximos dias.” Sem citar prazos, o ministro explicou que a medida para ajudar as construtoras deverá ser tomada logo após a do setor agrícola. Mantega afirmou que o presidente Lula convocou a reunião para fazer uma avaliação da situação econômica, financeira e de crédito no país. Segundo ele, foram discutidas as medidas que o governo brasileiro está adotando, assim como as ações dos governos norte-americano e europeus. Bancos – Durante o dia de ontem, a equipe econômica do governo realizou reuniões com os principais bancos oficiais, onde revisaram suas ações diante da crise, como por exemplo a compra de carteiras de financiamento de bancos médios e pequenos. Segundo Meirelles, agora eles devem partir para o aumento da concessão de crédito. “Os bancos oficiais estão se preparando para aumentar sua participação na concessão de crédito para capital de giro para as empresas, para pessoas físicas e consumo, e o BNDES para investimentos”, afirmouo presidente do BC. A autoridade monetária também disse que há ainda “uma boa margem” de depósitos compulsórios para serem liberados para bancos médios caso seja necessário. O mesmo pode ser aplicado para o caso dos leilões de dólares com garantias para financiamento às exportações que começaram a ser feitos ontem. (FP/AE)