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Sicepot corre atrás de recursos

Objetivo é driblar a falta de crédito no mercado devido à crise financeira internacional. Para driblar a falta de crédito no mercado devido à crise global, o Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG) pretende conseguir recursos para capital de giro com o Banco do Brasil (BB) e o Bradesco. A entidade também deve entrar em contato com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). A informação é do presidente do Sicepot-MG, Marcus Vinícius Salum. Ele ressaltou que o sindicato já iniciou as negociações com a Caixa Econômica Federal (CEF) para facilitar o acesso das empreiteiras mineiras aos recursos de curto prazo. “Estamos conversando, mas ainda não foi fechado nada”, observou. De acordo com o dirigente, é possível que na próxima semana seja marcada uma reunião com representantes da instituição financeira. Ele frisou que a dificuldade para conseguir os recursos sempre existiu, mas se acentuou com a crise financeira internacional, que tornou o crédito mais escasso e caro. “Antes nossas empresas eram atendidas por bancos de menor porte. Agora, em razão das turbulências, o capital ficou concentrado nas grandes instituições, que são bem rígidas com relação à aprovação do cadastro”, disse. Salum disse que empresários e representantes da Caixa se reuniram no último dia 10 para discutir a oferta de capital de giro para as construtoras, além de abordar as perspectivas do novo cenário econômico. O presidente do Sicepot-MG cobrou agilidade dos bancos na hora de conceder os recursos para capital de giro. “O setor trabalha com atividade no curto prazo e com recebíveis e isto dificulta a obtenção de crédito”, observou. Para ele, é importante retirar os gargalos nas aprovações dos financiamentos. De acordo com ele, os representantes da instituição estatal mostraram disposição em agilizar os processos para as empresas, já que o momento é oportuno para injetar recursos nas construtoras. Segundo ele, a análise de cadastros de algumas empresas já começou a ser feito. O gerente regional de Negócios da Caixa, Roberto Adelino Gomes, informou ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, que apesar do cenário de turbulências, a instituição financeira não irá alterar a concessão de crédito. A previsão é que neste ano as liberações de financiamentos para as empresas no Estado cheguem a R$ 7,5 bilhões. Conforme já foi antecipado pelo jornal, a escassez de crédito no mercado interno fará com que a indústria da construção pesada do Estado dependa ainda mais da demanda do setor público em 2009, garantindo a manutenção dos negócios. JULIANA GONTIJO Custo mais caro neste ano Construir neste ano está bem mais caro na comparação com 2007, segundo representantes do setor ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO. O principal “vilão” foi o aço, que no acumulado dos dez primeiros meses do ano aumentou 59,85%, em Minas Gerais. Enquanto os gastos com material de janeiro a outubro de 2008 sofreram alta de 15,96%, no mesmo intervalo do exercício passado o incremento foi de 5,91%. Para o economista e coordenador Sindical do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Ítalo Richard Furletti, não há justificativas plausíveis para os aumentos, em especial do aço, que ficaram bem acima da inflação do período. Ele frisou que no acumulado dos últimos 12 meses vencidos em outubro deste ano o insumo contabilizou aumento de 62,31%. “O problema é que o aço, que representa em média de 7% a 8,5% do custo de uma obra, não dá para ser substituído”, observou. De acordo com Furletti, o produto aumentou 1,81% em outubro frente setembro e o cimento 6% nesse mesmo período. O concreto sofreu alta de 5,96%. O proprietário da Construtora Futura, Nelson Baeta, confirmou a elevação nos custos em 2008, acima do verificado no exercício passado. “A alta foi geral. Agora, os materiais marcados pela fraca concorrência, com poucos fornecedores, foram os que apresentaram as altas mais expressivas. De acordo com ele, em novembro os custos ficaram praticamente estáveis na comparação com o mês anterior. “A previsão é que os custos parem de aumentar no próximo ano em razão da redução da demanda”, observou. O diretor da Patrimar, Marcelo Martins, afirmou que os aumentos dos insumos ficaram acima do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que computou elevação de 9,53% de janeiro a outubro. No acumulado dos últimos 12 meses, o incremento foi de 12,23%. A perspectiva é que os custos fiquem estáveis em 2009. “O cenário para o próximo ano, que é de redução do ritmo de crescimento, não permite altas expressivas”, ressaltou. Conforme o diretor da Patrimar, até outubro as pressões nos custos eram mais fortes, com o aço sendo o grande vilão. Agora, em novembro frente ao mês anterior, o cenário é mais estável. O diretor comercial da Habitare, Alexandre Soares, também estima que haja estabilidade nos custos no exercício que vem graças à queda na demanda, com destaque para o aço. “Neste ano, os custos no geral aumentaram, desde a área administrativa das obras como dos materiais”. Ele ressaltou que os produtos marcados pela baixa concorrência foram os que apresentaram os principais aumentos, como o aço e o cimento. (JG) Consumo de cimento ficará estagnado São Paulo – O consumo aparente de cimento no Brasil não vai crescer em 2009 no patamar de 8%, como se esperava antes do acirramento da crise financeira.”Com toda a certeza, isso não vai acontecer”, disse o secretário-executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), José Otávio de Carvalho. Segundo ele, estudos preliminares apontam que a variação do consumo aparente de cimento deve ficar entre zero e crescimento de 3% em 2009. “Nós esperamos que não haja redução de consumo”, afirmou. Um dos efeitos da crise financeira é a redução de lançamentos por parte das incorporadoras para 2008 e para o próximo ano. Para o fechamento de 2008, a expectativa é de aumento do consumo aparente de até 15%. O Snic estima que o consumo fique entre 51,5 milhões de toneladas e 52 milhões de toneladas este ano, ante as 45 milhões de toneladas de 2007. A projeção do crescimento para este ano foi revisada em julho. Até então, espera-se aumento de 12% a 13%. Segundo o representante do Snic, as indicações são de que os pedidos de cimento se mantiveram normais no mês de novembro. “O mercado não dá sinais de nenhum arrefecimento.” Não se espera também que as obras em andamento do setor imobiliário sejam suspensas. “As obras de infra-estrutura podem compensar a retração na área de construção imobiliária. O nível de consumo poderá ser mantido e até haver crescimento”, acrescentou, destacando o apoio do governo federal ao setor de construção civil. Turbulências- Em relação a 2010, é impossível fazer projeções, segundo o representante do Snic. O desempenho do setor de construção e, conseqüentemente, do consumo de cimento, vai depender de como se comportará a economia brasileira em 2009 e de fatores externos como a mudança de governo nos Estados Unidos e do quanto o crescimento da China será afetado pelas turbulências. Em 2007 e 2008, fabricantes de cimento anunciaram investimentos em ampliação da capacidade instalada. De acordo com o secretário-executivo do Snic, os investimentos programados indicam que, até 2012, a capacidade do setor deve aumentar pelo menos 50%. Conforme Carvalho, a decisão de elevar a capacidade deverá ser mantida, mesmo diante de um cenário macroeconômico pior. “O que pode acontecer é que a velocidade dos investimentos seja maior ou menor em função do melhor entendimento do quadro em 2009.” Ele ressaltou que o consumo per capita de cimento no Brasil é muito pequeno em relação ao de outros países e que há muitas necessidades no segmento de habitação e infra-estrutura. Segundo Carvalho, se o ritmo de crescimento de 15% no consumo aparente de cimento fosse mantido em 2009, haveria problemas “mais sérios” de abastecimento. No período de agosto a outubro deste ano, foram registrados alguns problemas de abastecimento no estado de São Paulo, em função de algumas fábricas estarem operando no limite de sua capacidade instalada, conforme o representante do Snic. Houve também problemas técnicos em algumas unidades. Na região, a maior demanda por cimento ocorre no intervalo de agosto a outubro, devido a menor ocorrência de chuvas e ao maior número de dias úteis nesses meses. No Mato Grosso e no Maranhão, foram registradas dificuldades de abastecimento antes desse período. Atualmente, não se tem notícias de problemas desse tipo, de acordo com Carvalho. (AE)