Desemprego em várias atividades industriais deve repercutir negativamente no setor. A escalada do desemprego nos principais setores da economia mineira, como mineração, siderurgia e automobilístico, devido à crise financeira mundial, deverá afetar as vendas das confecções em 2009, conforme informações do Sindicato da Indústria do Vestuário no Estado de Minas Gerais (Sindivest-MG). De acordo com o presidente da entidade, Michel Abourachid, os índices de crescimento de 2008 persistirão, mas o ano que vem permanece uma incógnita, com o receio de redução do poder de compra das pessoas. “Nossa preocupação diz respeito à disponibilidade de crédito e de pessoas com renda suficiente para usar esses recursos adquirindo nossos produtos. Sem empregos nos demais setores da indústria, não teremos compradores. Por isso, o cenário ainda está obscuro para 2009 e deverá persistir assim até meados de janeiro”, avaliou Abourachid. Os efeitos mais drásticos da crise no setor afetariam primeiro o segmento de alto luxo, para depois chegar nos resultados das empresas que produzem peças com menor valor agregado. A proximidade com o Natal seria o principal fator para manter as vendas das empresas que fabricam artigos com preços mais baixos. Até mesmo a alta do dólar, que tem sido o grande aliado do setor de vestuário, uma vez que inibe a concorrência de produtos chineses, pode se tornar um fator negativo, já que a indústria nacional está cada vez mais repassando os custos de produção para os artigos fabricados no país. Termômetro – “Por enquanto, o único termômetro que nós temos está relacionado às vendas do terceiro Minas Trend Preview, em novembro. Elas cresceram 40% em relação à edição anterior, que aconteceu em maio”, afirmou Abourachid. O evento foi realizado na última semana pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). De acordo com Abourachid, o setor ainda não percebeu a influência negativa das turbulências externas. “Estamos persistindo nas vendas e confiantes de que a demanda de final de ano será mantida e deve superar 2007”, afirmou. O crescimento esperado para 2008 no ramo de vestuário é de 20% ante o exercício anterior. Em relação ao contingente da indústria de confecções, ele disse que será mantido, sem demissões. Até outubro o setor estaria driblando a falta de mão-de-obra, sendo que uma retração nas atividades é esperada para o final de dezembro, no que Abourachid chamou de “entressafra”. “Certamente, sem a crise as vendas poderiam ser maiores neste ano, mas estamos indo bem”, afirmou. Para o presidente do Sindivest-MG, não haverá queda acentuada em 2009, já que o câmbio favorece o setor, reduzindo a entrada de produtos estrangeiros. Mas isso não corta o principal fator, a disposição do comprador. No próprio Minas Trend Preview, a organização do evento chegou a afirmar que diante do atual cenário, se as vendas deste ano empatarem com 2007 seria lucro. MARX FERNANDES Quadro não é de demissões Para o vice-presidente de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ricardo Catão Ribeiro, o ritmo menor das contratações no setor está relacionado com a crise global. “É uma tendência para o começo do próximo ano, se nada mudar até lá”, disse. Entretanto, ele afirmou que o quadro não é de demissões. “Há obras que já foram contratadas e, logo, precisam ser executadas”, observou. O cenário positivo para a mão-de-obra para o setor da construção civil também foi destacado pelo presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), Márcio Damazio Trindade. De acordo com ele, apesar da crise de liquidez, a demanda por profissionais qualificados da área irá permanecer alta, fruto da carência de década de trabalhadores qualificados. O gerente de Relações Institucionais do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), Jobson Andrade, ressaltou que se país mantiver uma taxa de incremento de 4% ao ano, somente em 2018 a balança entre a carência por engenheiros e a demanda do mercado interno será estabilizada. Até o momento, a taxa de crescimento prevista para o Brasil no próximo ano é de 4%, segundo anunciou recentemente o ministro da Fazenda Guido Mantega, durante a 28ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Conforme o Caged, no acumulado até outubro, o resultado é positivo para o setor de construção civil no Estado, com saldo de 49,009 mil vagas de trabalho formais. Na comparação com igual intervalo de 2007, o incremento foi de 76,64%. Naquele ano, no mesmo período, o saldo foi de 27,745 mil empregos. (JG)