Sinduscon – MG

Notícias

Home / Sobram vagas…

Sobram vagas…

Governo, sindicato e universidades investem na qualificação de mão de obra para a construção civil, que não tem número suficiente de profissionais preparados para o mercado Carolina Cotta Sobram vagas e faltam profissionais qualificados na construção civil. De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento (Sedese), só no Sistema Nacional de Emprego (Sine) existem hoje cerca de 900 vagas, mas parte delas deixa de ser preenchida no estado. Minas Gerais não tem o número suficiente de trabalhadores qualificados para a construção civil. Há uma carência desse profissional no nosso mercado. Temos a vaga, mas não conseguimos preenchê-la ou muitas vezes a preenchemos com trabalhadores de outros estados, afirma Lara Valadares, coordenadora do programa Usina do Trabalho, da Sedese. Mônica Rodrigues Barroso, de 28 anos, voltou a trabalhar na semana passada. Depois de um ano desempregada, resolveu aceitar a orientação do Sine para atuar na construção civil, aproveitando a oferta de vagas. Ela é um dos 457 formandos da primeira turma do Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional (Planseq), do governo federal, que está preparando beneficiários do programa Bolsa-Família para atuarem no setor da construção. A ex-auxiliar de estoque agora é meio-oficial de pedreiro. Em 31 de julho, ao lado de outro colega do curso, teve sua carteira de trabalho assinada na presença do presidente Lula. Uma semana depois, já estava no canteiro de uma obra da Construtora Lider, que contratou outros cinco profissionais da turma e tem planos de empregar mais formandos. Quando recebeu a sugestão para se qualificar e conquistar uma vaga na construção civil, Mônica nunca tinha trabalhado na área, mas aceitou o desafio de aprender uma nova profissão. Durante três meses frequentou as aulas no Senai, das 8h às 12h, recebendo vale-transporte e lanche como benefício. Tive a oportunidade de aprender uma profissão sem custo algum, um incentivo para voltar ao mercado de trabalho. É gratificante ter massa e tijolo na mão e saber que posso construir uma parede, uma casa. O governo estadual também tem um programa de qualificação de mão de obra, o Usina do Trabalho, desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Social por meio do Sine. Segundo a coordenadora Lara Valadares, o setor da construção civil é um dos que mais demandam mão de obra. O problema é claro: falta qualificação. Hoje, um profissional da construção civil ganha cerca de R$ 800 por mês e o autônomo pode receber até R$ 100 por dia. Mesmo assim, segundo a coordenadora, existe um certo preconceito com a ocupação. Muitas pessoas acabam priorizando vagas na área de informática, por exemplo, apesar de o salário na construção civil ser maior e de existirem mais oportunidades no setor. O mercado da construção civil está carente de diversos profissionais. Há pouca gente qualificada tanto para os empregos formais quanto para a atuação de forma autônoma. Está sobrando vaga. Diante desse cenário, o Usina do Trabalho faz parcerias com empresas mineiras para qualificar profissionais. Os cursos para o setor da construção civil já são oferecidos em 36 cidades de todas as regiões de Minas e podem ser formatados para atender a demanda específica de um local. O resultado é uma qualificação com maior assertividade. Desde o início do programa, em março de 2008, mais de 3,5 mil profissionais já foram formados para a construção civil. Não qualificamos por qualificar. Atuamos onde existe a vaga, onde há como absorver os alunos. Assim, o Usina do Trabalho já conquistou um índice de 70% de inserção de profissionais no mercado. No segundo semestre deste ano, o programa vai qualificar mais 10 mil pessoas, 30% no setor da construção civil. …Falta mão de obra Programas de qualificação no setor da construção civil envolvem tanto quem está à procura de emprego como quem já está trabalhando Carolina Cotta A crise mundial instaurada no fim do ano passado trouxe grande preocupação para o setor da construção civil, já que a origem da retração estava ligada ao mercado imobiliário americano. Mas, para o vice-presidente da área de materiais, tecnologia e meio ambiente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (SINDUSCON-MG), Eduardo Henrique Moreira, a crise está na falta de mão de obra qualificada. “Chegamos a uma realidade em que não adianta mais ter trabalho e não ter o profissional preparado. Só a mão de obra qualificada pode impulsionar nossa indústria a produzir com qualidade, eficiência e produtividade e, consequentemente, com preços acessíveis para o mercado comprador.” Percebendo que não adianta buscar as obras sem ter quem as execute, o SINDUSCON segue investindo em qualificação. Além de apoiar os projetos do governo, incentivando os associados a contratar a mão de obra recém-formada em programas como o Planseq, o sindicato tem as próprias iniciativas para preparação de sua base de profissionais. Por meio do Serviço Social da Indústria da Construção Civil (Seconci), e em parceria com o Sesi, o sindicato está montando salas de aula nos canteiros de obras, onde profissionais têm acesso ao ensino fundamental. Mas um dos principais projetos do SINDUSCON é o Programa de Requalificação de Mão de Obra, criado há mais de 3 anos e realizado em parceria com a Universidade Fumec. Precisamos dar educação e formar nosso trabalhador, mas não podemos nos esquecer de requalificar quem já está no segmento, defende Eduardo. O curso é gratuito e destinado aos funcionários das empresas filiadas ao sindicato. Nas salas de aula da universidade, eles recebem noções de sociedade e urbanismo, interpretação de textos, noções de matemática, qualidade na construção e leitura de projetos e um módulo básico que trata de temas ligados à realidade do trabalhador. Para o SINDUSCON, dando aos profissionais a chance de se qualificar e de se requalificar, estão sendo criadas dentro do setor as oportunidades para a consolidação de um plano de cargos e salários. A remuneração na construção civil começa a se mostrar interessante. Um salário inicial no setor é maior que o salário mínino e muitos salários pagos em outros segmentos. Além disso, somos uma área que está sempre alavancando trabalho, um setor em franca atividade e que precisa de profissionais preparados. Atualmente, o setor tem vagas de pedreiro, pintor, carpinteiro, armador, bombeiro predial e eletricista predial. Esse profissional existe, mas está desqualificado, não sabe utilizar as novas técnicas da construção civil. PROMOÇÃO Roque Oliveira da Silva hoje é pedreiro da MRV, mas há dois anos trabalhava como servente na mesma construtora. Depois de passar pelo Programa de Requalificação de Mão de Obra em 2008, foi promovido. O curso foi ótimo porque aprendi muito e tive a oportunidade de crescer na empresa. Achei ótimo voltar a estudar, aprendi muita coisa de que não tinha a mínima ideia. Roque conta que no início questionou se deveria mesmo fazer o curso, com aulas durante o sábado, mas o engenheiro da obra o incentivou e ele resolveu aceitar. Muitos colegas não quiseram fazer, depois se arrependeram quando viram que com a qualificação teriam conseguido uma promoção, como eu. A atual engenheira da obra, Daniela de Avila Modesto, conta que a empresa divulga o curso e identifica os profissionais que têm perfil para fazer a requalificação. O convite é feito a vários funcionários, mas alguns são resistentes até conseguir visualizar os ganhos para a carreira. “A empresa está sempre divulgando as oportunidades de cursos gratuitos na área por meio dos engenheiros das obras, que incentivam os funcionários a investir na formação. A maioria deles não tem acesso a essas informações, muitas vezes não sabem que existem esses cursos. Nosso papel é mostrar esse tipo de oportunidade, explicar que uma qualificação pode melhorar sua condição”, defende Daniela. Fique de olho Carolina Cotta Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional (Planseq) Programa do governo federal com cursos de pedreiro, pintor, bombeiro hidráulico, eletricista e auxiliar de escritório/almoxarife. Duram três meses, com aulas de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, no Senai. Só podem participar beneficiários do Bolsa-Família (o aluno não perde o benefício se fizer a qualificação). Os alunos ganham vale-transporte e lanche. Informações nos postos do Sine. Usina do Trabalho Programa do governo estadual com cursos de eletricista predial, bombeiro predial, pedreiro, pintor, armador, carpinteiro e calceteiro (o setor de construção civil). Duram um mês, com 8 horas/aula por dia, de segunda a sexta-feira, em um espaço público que necessite de benfeitoria. O público-alvo são pessoas desempregadas que ganham vale-alimentação, vale-transporte, kit de segurança e bolsa-auxílio. As inscrições podem ser feitas na última semana de agosto, nos postos do Sine. Programa de Requalificação de Mão de Obra Iniciativa do SINDUSCON-MG em parceria com a Universidade Fumec com cursos de pedreiro de alvenaria e acabamento, bombeiro hidráulico e eletricista instalador. Os cursos têm seis meses de duração, com aulas aos sábados, das 8h às 17h, na Fumec. Para participar é necessário ser funcionário de uma das empresas associadas ao SINDUSCON-MG. As inscrições só podem ser feitas pelas empresas. Informações: (31)3253-2666 ou no site www.SINDUSCON-mg.org.br. Curso intensivo de preparação de mão de obra industrial Promoção da UFMG com cursos de capacitação para construção civil, eletricidade de baixa tensão, introdução ao conhecimento em construção civil, preparação para encarregado geral de obras, tecnologia da soldagem. As inscrições para a próxima turma, no primeiro semestre de 2010, podem ser feitas a partir de janeiro. Informações: (31) 3409-1733 ou no site www.cipmoi.eng.ufmg.br. Projeto Construção & Cidadania Parceria do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas e o Programa de Reintegração do Egresso do Sistema Prisional da Secretaria de Estado de Defesa Social. São oferecidos cursos de oficial de obra bruta, alvenaria estrutural, instalações prediais: elétrica e hidraúlica, direito e cidadania. Durante quatro meses, os alunos têm aula de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, e aos sábados durante todo o dia, no câmpus Coração Eucarístico e nos laboratórios do Colégio Técnico (Coltec), da UFMG. Entre os benefícios estão: bolsa de estudos, vale-transporte, ferramentas de uso pessoal e equipamentos de segurança e lanche diário. O requisito para participar é ser integrante do Programa de Reintegração. Informações: (31) 2129-9621. Especialização em construção civil O curso da UFMG visa à formação de especialistas em construção civil, nas áreas de gestão e tecnologia na construção civil e de gestão e avaliações nas construções. É dirigido a engenheiros e arquitetos (para a área de gestão e tecnologia na construção civil) e para profissionais de nível superior (para a área de gestão e avaliações nas construções), que buscam alcançar maior competência técnico-gerencial na área de atuação. Informações: (31) 3409-1047/3409-1903 e no site www.cecc.eng.ufmg.br. Mestrado em construção civil A UFMG oferece curso de pós-graduação em construção civil, no nível mestrado, e concentra-se na área de materiais de construção civil. Os alunos podem optar por quatros áreas: materiais cimentícios, materiais metálicos para construção civil, resíduos como materiais de construção civil e gestão de empreendimentos de construção civil. Informações: (31) 3409-1047 ou no site www.pos.demc.ufmg.br.