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Socorro do governo pode evitar atraso nos lançamentos

Construtoras já anunciam vender terrenos e adiar data de novas obras Zu Moreira Com a falta de crédito no mercado, construtoras com ações negociadas na Bolsa de Valores de São paulo (Bovespa) estão anunciando que podem adiar lançamentos e vender terrenos para se capitalizarem. “Não há como ser diferente porque as empresas não vão investir em um cenário em que pode haver sobra de imóveis, principalmente no segmento de luxo”, disse o vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI), Kênio de Souza Pereira. Pelo menos um terço das 24 construtoras com ações na Bovespa atua em Minas Gerais. A maioria mantém empreendimentos na região entre Nova Lima e Belo Horizonte chamada de “Alto Belvedere”. Uma delas, a paulista Inpar S.A, já anunciou que pretende captar cerca de R$ 200 milhões no mercado com vendas de ativos (inclusive terrenos) e deve reduzir em 35% o volume de lançamentos neste ano. Para 2009, a redução pode chegar a 38%. A Rossi Residencial também anunciou que irá reduzir em 16% o volume de lançamentos previstos para 2008 e um recuo de 33% em relação ao próximo ano. O governo deve anunciar hoje os detalhes do pacote de até R$ 4 bilhões destinados à construção civil, estratégica para a geração de emprego e renda. “O governo quer evitar um efeito dominó na economia”, avalia o especialista em direito empresarial, advogado Fabiano Zettel. O socorro do governo federal foi bem recebido pelo mercado. No final do pregão da Bolsa, três das cinco maiores altas do dia eram ações de construtoras. A MRV Engenharia, voltada para o segmento de baixa renda, garantiu que as metas de lançamentos e de vendas em 2008 estão mantidas. Entre janeiro e setembro deste ano, os lançamentos da construtora totalizaram R$ 2 bilhões. “Ela atua em um segmento onde o déficit habitacional é alto”, avalia Kênio Pereira. Especulação. Antes que o governo anunciasse as medidas, o fundo internacional Equity Internacional aproveitou para adquirir 3,3 milhões de ADRs (ações brasileiras negociadas na bolsa de Nova York) da construtora Gafisa – 5% da empresa. O anúncio foi feito pela companhia ontem, mas a Gafisa não sabe precisar quando o negócio foi feito. “Quem está antenado sabe que o valor da ação está muito longe de expressar o valor real da empresa”, afirma o diretor de relações com investidor, Wilson Amaral. Recuperação -26,9% queda no valor das ações ON NM da Gafisa de janeiro a setembro de 2008 +7,52% foi a alta dessa ação ontem, já sobre outra elevação de 17,57% na véspera -76% queda nas ações ON NM da construtora Rossi na Bolsa de janeiro a julho +11,69% foi a alta dessas ações ontem, depois de já terem subido 10,14% na véspera, após o anúncio do “pacote” Sem pânico Nada muda para quem quer comprar imóvel Para o especialista em direito empresarial Fabiano Zettel, não deve haver mudanças para quem deseja adquirir a casa própria. “Não há motivo para pânico. A crise não afetou a oferta de crédito nem as taxas de financiamento da Caixa”, afirma. O especialista pondera que haverá mudanças no futuro, caso haja uma tendência de alta do quadro inflacionário. O vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário, Kênio de Souza Pereira, defende que o imóvel “sempre foi uma opção segura de investimento’. Em 2006, o IGP-M (um dos índices usados no contrato imobiliário) teve alta de 3,83%, enquanto fundos do renda fixa rendiam 20% ao ano. Agora o cenário se inverte. O IGP-M deste ano chega a 12%, enquanto a rentabilidade dos fundos não ultrapassa 10%. O especialista, porém, não acredita que haverá redução no preço dos imóveis, porque o custo de produção continua alto e faltam insumos e mão-de-obra. “O aço e o cimento subiram mais de 30% e o Índice Nacional da Construção Civil acumula alta de 10%, fatores que impossibilitam a queda.” (ZM) Contraponto A FAVOR Rafael C. de Pinho Analista da Bultick Capital Markets “A sinalização de que o governo prepara um pacote é positiva, mas precisamos esperar para entender como o repasse será feito”; Contra Um analista Prefere não ser identificado “Se o crédito for liberado via SFH, o efeito deverá ser limitado, já que os bancos continuarão seletivos nos novos financiamentos”; Construtoras Pacote chega a R$ 4 bilhões Rio de Janeiro. O pacote de medidas de ajuda do governo ao setor da construção civil envolverá o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal, num aporte de recursos para capitalização das construtoras. A Caixa lançará linha de crédito especial voltada a capital de giro; o BNDES subscreverá debêntures e participará do capital de empresas com ações na Bolsa de Valores. O governo ainda não bateu o martelo, mas o pacote pode ir de R$ 2,5 bilhões a R$ 4 bilhões, para desembolso imediato. As medidas, delineadas há uma semana, aguardam a aprovação dos ministérios do Planejamento e da Fazenda e o aval do presidente Lula. Caixa e BNDES devem dividir meio a meio o ônus financeiro do programa. Segundo fontes, o objetivo do programa, além de permitir a conclusão de empreendimentos imobiliários já iniciados, é facilitar processos de eventuais fusões e incorporações entre as companhias. De acordo com dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) há em torno de 100 mil construtoras no país, dos mais variados portes. Das 24 listadas em bolsa, 12 são acompanhadas mais de perto pelo mercado financeiro. Sem poder BNDES. O banco não quer ser acionista e muito menos ter grande participação no capital, dizem fontes. O papel do BNDES será o de fortalecer as empresas para a transição entre a crise e a normalidade.