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Um em cada três brasileiros vive em moradia precária

Saneamento. Análise do Ipea mostra que há 54 milhões de pessoas vivendo em condições inadequadas Apesar de avanços, 30 milhões ainda não têm uma rede de esgoto em casa Renata Medeiros No Brasil, 54 milhões de pessoas – 34,5% da população urbana – ainda vivem em condições de moradia inadequadas. Os dados fazem parte de um estudo feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília. Segundo a pesquisa “Pnad 2007: Primeiras Análises”, praticamente um em cada três brasileiros que vivem nas cidades não tem condições dignas de moradia. Em Belo Horizonte esse número chega a 1,4 milhão. O comerciante Edeomar Ribeiro, 38, é um exemplo dessa realidade. Há 15 anos morando no bairro Taquaril, região Leste da capital mineira, ele diz que o pior problema que enfrenta é a falta de saneamento básico. A casa onde mora, assim como o bar que possui, ficam em frente a um córrego a céu aberto que recebe dejetos de várias moradias da região. “O pior de não ter rede de esgoto é o mau cheiro”, reclama. “Queria investir no bar, mas não compensa por causa do local”, completa. O cheiro desagradável atrai ratos, e, para a dona de casa Cleusa Nascimento, 48, também moradora do Taquaril, esse é o pior problema trazido pela falta de saneamento básico. “Às vezes os ratos entram dentro de casa. Toda a vizinhança fica preocupada por causa das doenças que eles podem trazer”, diz. Desigualdades. A ausência de saneamento básico está relacionada a baixos níveis socioeconômicos, e o Ipea alerta que as desigualdades no acesso ao esgotamento sanitário são ainda mais gritantes do que o acesso à água potável no país. Para os 20% mais pobres, a cobertura de rede geral ou de fossa séptica é de 64,6% enquanto para os 20% mais ricos a cobertura chega aos 92,8%. O aumento da população coberta por esgotamento sanitário adequado ainda é o maior desafio para a política de saneamento básico. O déficit absoluto desses serviços nas áreas urbanas supera 30 milhões de pessoas. Nas favelas, o crescimento absoluto foi de mais de 2 milhões de pessoas, alcançando a cifra de 7 milhões em 2007, dos quais 4 milhões estão concentrados nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte, segundo o Ipea, em 1992, 306 mil pessoas viviam em favelas. O número subiu para 424 mil, 15 anos depois. País atinge meta para água O Brasil já alcançou neste ano a meta do milênio relativa a água, prevista para 2015. Dos domicílios brasileiros, 91,3% já recebem água por meio da rede canalizada. Entre os anos de 2006 e 2007, o maior incremento absoluto (cerca de 877 mil pessoas) registrado aconteceu no Nordeste. Negros e pardos em más condições Os dados da Pnad mostram que os problemas habitacionais recaem sobretudo sobre a população negra e parda, que representa 66,3% dos moradores em cortiços, 52% dos sem-teto, 65,6% dos residentes em favelas, 52,7% dos moradores com irregularidade fundiária e 65,8% dos que moram adensados. Rede de esgoto Da Pnad 2006 para a 2007, houve um aumento de 3 pontos percentuais na proporção da população urbana com acesso à rede coletora de esgoto. Foi o maior aumento ocorrido nos últimos 15 anos (passou de 54,4% em 2006 para 57,4% em 2007). No quesito rede geral de esgoto ou fossa séptica, a região que apresenta a pior performance é o Centro-Oeste, onde pouco mais de 52% da população possui saneamento adequado. A cobertura no Nordeste é de 68,4% e no Norte, de 64%. Coleta de lixo de quase 100% Os serviços de coleta direta e indireta dos resíduos sólidos estavam disponíveis para quase 97,6% da população urbana em 2007 (90% de forma direta), representando um aumento de 0,5 ponto percentual em relação a 2006. Na zona rural o serviço de coleta de lixo atinge menos de 27% da população. Aluguel compromete renda No Brasil 5,4 milhões de pessoas (3,4% da população urbana) gastam mais de 30% de sua renda com o aluguel da moradia. Em 2006, esse indicador era 3,2%. Das dez regiões brasileiras analisadas, Brasília teve o maior gasto (6,9%), seguida de São Paulo (4,9%) e Rio (4,5%).