A possibilidade de se usar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do mês para ir abatendo o saldo devedor da casa própria pode incentivar o volume de financiamentos para o setor de habitação. A medida, que está sendo estudada pelo governo, deve também contribuir para reduzir o tempo gasto na quitação do saldo devedor do imóvel. Atualmente, esse mecanismo é usado periodicamente, a cada 12 meses, e o abatimento só atinge até 80% da prestação. Pela proposta em discussão, em vez de os 8% recolhidos pelo empregador irem para a conta vinculada do trabalhador, o dinheiro seria destinado diretamente ao banco onde o mutuário fez o financiamento. De acordo com o vice-presidente de Política, Relações de Trabalho e Recursos Humanos do Sindicato das Indústrias de Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ricardo Catão Ribeiro, se adotada, a medida será muito positiva não só para o setor de construção, mas para toda a economia. “Além de diminuir os custos dos juros para o mutuário, vai permitir que haja sobra do orçamento, antes comprometido com a parcela do financiamento”, avaliou. Já o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, disse que ainda é muito cedo para avaliar a proposta. “Ainda é tudo muito incipiente. Estou estudando os reflexos que teria uma possível implantação da medida. Mas, não sou muito simpático a ações intepestivas e que usem os recursos do FGTS sem saber ao certo o alcance que pode ter a alteração. Não se pode aproveitar a crise para alterações aleatórias e provisórias. É preciso avaliar e checar tudo de forma responsável”, analisou. Demissões – Outra ação que envolve os recursos do FGTS foi anunciada ontem pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi. A medida prevê a suspensão dos recursos do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) às empresas que estiverem demitindo. Vale ressaltar que os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) são alimentados com recursos do FAT. Para Ribeiro, a medida não altera em nada o que já vigora no setor de construção civil. “Os recursos são recebidos conforme execução das obras. A liberação só é feita mediante todo um monitoramento. Não há como demitir com as obras em curso”, informou. O presidente do Sindicato da Indústria Mecânica do Estado de Minas Gerais (Sindmec-MG), também vê pouca mudança com a medida. “Quem está demitindo não vai fazer nenhum tipo de empréstimo. Só há necessidade de investir quando a demanda está em alta, aí não tem razão para cortar funcionários”, avaliou. ALINE LUZ