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Vaga assume status de quarto

Janaína Oliveira Nos tempos em que carro era artigo para poucos, ter uma vaga particular era considerado algo quase supérfluo. Com o passar dos anos, a evolução do mercado automotivo, a expansão do crédito e o esticamento dos prazos de pagamento, os veículos tornaram-se mais populares. De coadjuvante, o espaço na garagem passou a estrela na hora de comprar um imóvel. O sonho da casa própria não leva mais só em conta o número de dormitórios, suítes ou o tamanho da sala de estar. Para ser completa, a realização tem que contar com espaço suficiente para abrigar todos os carros da família. Ciente da exigência dos motoristas, construtoras ampliam a quantidade de vagas por apartamento nos empreendimentos. A cada prédio novo, elas se multiplicam. E recebem carinho especial nos projetos. Antes, as empresas entregavam até edifícios sem garagem. Depois, passaram a oferecer uma vaga por apartamento. Hoje, com a forte demanda, há casos de mais de cinco vagas por imóvel. O estacionamento virou ponto fundamental na escolha de um lugar para morar, afirma o vice-presidente de Políticas, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (SINDUSCON-MG), Ricardo Catão Ribeiro. Segundo ele, até mesmo apartamentos de dois quartos já são ofertados com duas vagas ou mais. Os casados têm dois carros, os solteiros podem se casar ou querem uma vaga para guardar o carro do namorado ou namorada. O certo é que todo mundo quer ter esse conforto, diz Ribeiro, acrescentando que a construção de vagas extras, em pavimentos diferentes, por exemplo, impacta o custo final da obra, mas não ofusca o brilho do complemento. Vale a pena pagar o preço. O edifício que não oferece duas vagas por imóvel, no mínimo, fica encalhado, conta o diretor comercial da Habitare, Alexandre Soares, ressaltando que o custo de uma vaga pode chegar a R$ 4.500 para a construtora, e entre R$ 8 mil e R$ 25 mil para o consumidor. Depende muito do bairro, do terreno, se tem cobertura ou não, explica. Movida pela paixão da clientela por carros, a empresa resolveu agradar moradores e seus amigos. Alguns empreendimentos tiveram direito a espaço especial para os veículos dos visitantes. Motos também foram lembradas e ganharam um cantinho próprio. “Isso facilita até a convivência entre os vizinhos”, propaga.