Espaços do lado de fora do imóvel passaram a ser os preferidos para receber amigos ou simplesmente relaxar Júnia Leticia Tornar casas e apartamentos mais agradáveis para se morar, com a construção de espaços reservados ao lazer. Transformar áreas externas em locais que deem a sensação de liberdade com segurança. As tendências mais recentes são de varandas e sacadas construídas para se tornarem espaços de convívio da família ou simplesmente locais que proporcionem momentos de relaxamento. Independentemente da vista, as varandas podem ser integradas ao ambiente social ou íntimo de casas e apartamentos, como diz a arquiteta urbanista Alicia Rodrigues. “Elas deixaram de ser sinônimo de espaços abertos usados apenas como jardins ou sacadas. Ultimamente, elas ganharam formas arrojadas e passaram a ser espaços valiosos para receber os amigos ou aproveitar momentos de descanso e lazer, apreciando o sol, vento e a paisagem”, comenta. Segundo Alicia, arquitetos e decoradores têm trabalhado no intuito de deixá-las o mais próximo possível da sala de estar com todo o conforto dos equipamentos e que compõem a decoração das áreas internas. “É possível, inclusive, fazer reformas para tornar o local um agradável complemento da ala social ou íntima da casa, ganhando mais espaço. As pessoas que vivem em grandes cidades e passam horas em escritórios e congestionamentos necessitam e querem ter um espaço harmonioso em casa, aconchegante e, ao mesmo tempo, de portas abertas para a natureza”, destaca. Mas, para que o projeto se torne uma realidade, algumas medidas têm de ser tomadas. Segundo o engenheiro civil especialista em cálculo de estruturas de concreto e administração de obras e diretor do Instituto Mineiro de Engenharia Civil (Imec) Maurício Fernandes da Costa, é necessário, antes de tudo, que o responsável pelo projeto verifique a legalidade da obra no código de posturas municipais. “Se for em um apartamento, é preciso a concordância dos demais condôminos”, acrescenta. Apesar de possível, o engenheiro civil da Oficina de Engenharia Kurt Wallner Júnior diz que a construção de varandas em prédios já prontos é inviável. “Esses locais deverão ser previstos no projeto inicial de edifícios, por questões estruturais”, conta. Segundo ele, depois de o prédio pronto, para se construir uma varanda é necessário subdividir um cômodo da casa, como a sala, e adaptá-lo, o que acarreta perda de espaço físico. Caso seja uma área projetada para fora da fachada do prédio, que geralmente é chamada de sacada, o transtorno necessário para se fazer o local, em termos estruturais, não compensa a obra. Ao se decidir pela construção, o primeiro passo é contratar um profissional para que sejam feitos os projetos arquitetônicos que serão aprovados na prefeitura. “Para a execução desse projeto, a pessoa deve informar qual será o tipo de uso. Muitas varandas ou sacadas ficam abandonadas sem nenhuma utilização por não ter sido bem idealizadas ou não ter espaços suficientes para o conforto”, observa o diretor do Imec, Maurício Costa. Os móveis colocados na varanda devem ser confortáveis BOM USO Kurt Wallner Júnior acrescenta que, por se tratar de uma área externa, a varanda é mais usada em dias quentes, quando é possível relaxar e fugir do calor. “Portanto, os móveis colocados no local devem ser confortáveis. Também são muito utilizadas plantas, mesinhas de centro, chafariz, entre outras peças, que têm de ser fáceis de limpar por causa da poeira”, explica. Criada para ser um espaço de transição entre o ambiente interno e externo, a varanda possibilita o encontro e o descanso, de acordo com a arquiteta Alicia Rodrigues. “Atualmente, o espaço busca a extensão do ambiente interno, ampliando a área de lazer em casas e apartamentos. Por ser um local aberto, coberto, geralmente com boa insolação, a varanda permite o uso variado e versátil: área para leitura, meditação, espaço gourmet, jogos, contemplação, TV e cultivo de orquídeas e outras plantas”, comenta. A arquiteta acrescenta que, de acordo com a funcionalidade, diversos equipamentos, móveis e objetos podem ser usados. Projeto define custo No momento de escolher o material a ser usado na construção das varandas, opções que garantem maior durabilidade, facilidade de manutenção e estética são as mais indicadas Júnia Leticia Para se construir uma varanda, a escolha da localização é um fator determinante para a viabilidade do projeto. A obra em casas é mais fácil, se comparado com prédios que não foram projetados para abrigá-las inicialmente, como informa diretor do Instituto Mineiro de Engenharia Civil (Imec), Maurício Fernandes da Costa. “Em casas, esses espaços podem ser no nível do terreno, onde uma cobertura e um piso resolvem o problema. Em apartamentos, ficam suspensas nas fachadas. Nesse caso, dependem de projeto estrutural, tanto em concreto armado como em estrutura metálica”, conta. Dessa forma, é preciso prever o escoamento das águas de chuva para evitar infiltrações. Quanto ao material utilizado, em casas que ficam no mesmo nível do terreno, as coberturas das varandas são geralmente em estrutura de madeira e telhas coloniais. Os pisos, em cerâmica, pedra polida ou natural, dão conforto ambiental adequado. “Mas também há opções de laje de concreto, impermeabilizada, e outras em estrutura metálica. Nos apartamentos também é usada a estrutura metálica ou de concreto armado. Já os materiais de acabamento são os convencionais, resistentes às intempéries”, completa Maurício Costa. Kurt Wallner Júnior, da Oficina de Engenharia, diz que um material ainda muito usado é a madeira. “Principalmente nos telhados à vista, que mostram o engradamento (estrutura que segura o telhado) e as telhas, ou nos cobertos por forros de madeira. Para o piso, o mais usual é o granito e o porcelanato”, informa. A arquiteta urbanista Alicia Rodrigues conta que se preocupar com a praticidade e a funcionalidade é essencial na hora de escolher qual material usar para se construir uma varanda. “Em revestimentos de piso, o uso de materiais que ofereçam durabilidade, resistência, facilidade de limpeza, não escorregadios, que não manchem, é o mais indicado. Para a estrutura, pode-se usar madeira ou estrutura metálica”, explica. VERSATILIDADE Na cobertura, podem ser usadas as diversas telhas disponíveis no mercado. “Mas a mais utilizada é a telha cerâmica, pelo conforto térmico. O policarbonato, acrílico e o vidro também têm ampla utilização, por proporcionarem transparência, rapidez na construção, além de cores e formas variadas”, conta a arquiteta. De acordo com ela, os toldos de lona ou policarbonato para varandas mais estreitas oferecem praticidade. “Existem também toldos retráteis e em fibra, que possibilitam abertura e versatilidade”, acrescenta Alicia. Para quem pretende incrementar um pouco mais a área, ela sugere fechar a varanda com portas de correr de vidro ou instalar persianas e fazer com que tenham dupla função. “Quando aberta, pode ser uma área de lazer e, quando fechada, se transforma em uma extensão do ambiente interno. Outra medida que pode transformar essa área é a substituição dos pisos cerâmicos normalmente utilizados por pisos ou deques de madeira”, diz. Medidas de segurança devem ser observadas Depois de tomadas todas as medidas legais necessárias para o início das obras, é imprescindível a adoção de procedimentos de segurança para evitar acidentes, que podem ocorrer durante a construção. “Os funcionários precisam ser registrados, utilizar equipamentos de segurança individual e seguir processos que minimizam os riscos durante a obra. Além disso, a empresa contratada deve estar devidamente registrada no Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) e ter experiência no mercado”, enfatiza Maurício Costa. O engenheiro civil Kurt Wallner Júnior diz que também deve-se atentar para a queda de materiais do telhado, como pregos e lascas de madeira. “Para isso, o acesso à área de intervenção deverá ser restrito aos trabalhadores, que, por sua vez, deverão usar os equipamentos de proteção individual, tais como luvas, botas, capacetes e protetor auricular ao manusear a serra circular”, ressalta. Além disso, em imóveis que têm crianças, a atenção deve ser redobrada. Nas varandas suspensas, o grande risco é que elas subam no peitoril e caiam. Quanto ao espaço necessário para se construir, a arquiteta Alicia Rodrigues diz que essa medida depende do local disponível, do uso que se quer e da necessidade do morador. “Geralmente, as residências têm espaços maiores, possibilitando varandas mais largas. Com 2,5m de largura, a varanda tem uma área confortável e também estrutura simples. Em apartamentos mais recentes, as construtoras já oferecem projetos com varandas maiores e mais versáteis”, explica. O espaço disponível, o projeto e a utilização da área são os fatores que determinarão o valor da obra. “Quanto mais equipamentos, maior o custo. Uma varanda com espaço gourmet requer, além da colocação de piso e cobertura adequados, bancada de pia, churrasqueira, geladeira, forno à lenha, entre outros”, conta a arquiteta. O engenheiro civil Kurt Wallner Júnior estima o valor em R$ 450 por metro quadrado, mas diz que varia muito de acordo com o acabamento e o tipo de cobertura utilizados.