Minas detém 50% da produção. Apesar de uma pequena desaceleração no início do segundo semestre, as vendas internas de cimento continuam caminhando para números recordes neste ano, com a distribuição total de 51 milhões de toneladas, cerca de 11% acima do volume alcançado em 2007, de 46 milhões de toneladas. Somente de janeiro a agosto de 2008 foram comercializadas 33,3 milhões de toneladas do insumo, volume 15% superior ao registrado em igual intervalo de 2007, segundo dados preliminares divulgados ontem pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). Com o resultado, o setor cimenteiro elevou em 3,4% as projeções de consumo para este ano, que saltaria de 49,31 milhões de toneladas para 51 milhões de toneladas. Segundo o secretário Executivo do Snic, José Otávio Carneiro de Carvalho, o segundo semestre apresentará desacelerações mínimas no consumo, sobretudo devido à forte base de comparação do mesmo período de 2007, que não influenciarão os resultados até o final dezembro. “Além do reflexo da demanda do setor da construção civil, as estimativas da entidade apontam que as obras de infra-estrutura deverão apresentar uma participação ainda mais expressiva até o final do ano, no que diz respeito ao consumo interno de cimento”, avaliou. Participação – Dados da entidade mostram que Minas foi responsável por cerca de 6 milhões de toneladas vendidas no período de janeiro a agosto deste ano, sendo que em todo o exercício de 2007 a distribuição no Estado atingiu aproximadamente 10 milhões de toneladas. Cinco dos dez grandes grupos que atuam no país estão em terreno mineiro, onde cerca de 50% da produção estaria concentrada. Em agosto, o setor cimenteiro comercializou 4,6 milhões de toneladas, elevação de 14,8% sobre igual mês de 2007. As vendas por dia útil subiram 1,9% no oitavo mês do ano, chegando a 195,9 mil toneladas. No mercado interno, as vendas de cimento acumuladas nos últimos 12 meses (setembro de 2007 a agosto de 2008) atingiram 49,1 milhões de toneladas, com incremento de 14,3% em relação ao intervalo anterior (setembro de 2006 a agosto de 2007). Capacidade – As projeções do setor apontam que até 2009 a produção superará as 52,88 milhões de toneladas previstas. O nível da demanda interna é considerado relativamente tranqüilo para as cimenteiras, já que o país tem capacidade instalada para produzir 63 milhões de toneladas ao ano. O setor vem se preparando para um possível salto na demanda prevista, com investimentos anunciados entre 2007 e 2008 que chegarão a quase R$ 3 bilhões em novas plantas e expansões das existentes, além de aquisição e modernização de equipamentos. A maioria das plantas fabris do setor no Estado está instalada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), próximas às jazidas de calcário, principal matéria-prima para a produção do insumo. MARX FERNANDES Precon: apoio da construção O aquecimento da construção civil no país está elevando os negócios da Precon Industrial S/A, sediada em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). As projeções do presidente da empresa, que completou 45 anos de mercado, Bruno Simões Dias, é de um incremento da ordem de 40% este ano na comparação com o exercício passado. Em 2007, a empresa alcançou um faturamento da ordem ade R$ 144 milhões. De acordo com informações da empresa, no exercício passado o crescimento foi de 20% na comparação com o período anterior. A indústria é especializada na produção de pré-fabricados, telhas, lajes, blocos, dormentes e estacas. O presidente da empresa explicou que no segmento varejista a elevação dos negócios é atribuída ao aquecimento da economia. Segundo Dias, a melhora na renda da população e a expansão do crédito foram os principais fatores para os resultados positivos. A mudança no perfil das construtoras também colaborou para o cenário, avaliou o empresário. “As empresas começaram a abrir o capital e passaram a construir um maior volume de unidades habitacionais”, afirmou. A empresa vem investindo na ampliação da produção e do mix de produtos. Por questões estratégicas o presidente não divulgou os valores dos aportes realizados pela Precon e nem a capacidade instalada. Apesar disso, neste ano foram lançadas três linhas de argamassa. No segmento de pré-fabricados, conforme Dias, a elevação dos negócios é reflexo do esgotamento da capacidade instalada da indústria. Em virtude do aumento da demanda, também impulsionada pelo aquecimento da economia, o setor industrial está investindo na ampliação da produção. Além disso, os investimentos na construção de shopping centers em todo o país estão alavancando os negócios da Precon, de acordo com o presidente da empresa. Cenário – Para Dias, o cenário positivo deverá se manter pelos próximos dez anos. “A construção civil deverá continuar em alta”, afirmou. De acordo com as projeções do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o setor deverá crescer 6% em 2008 ante o exercício passado. Apesar disso, a alta nos juros preocupa. “Se a Selic continuar a subir poderemos ter uma redução na oferta de crédito”, disse. A taxa básica de juros passou por três elevações em 2008 e está em 13% ao ano. A medida do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) visa conter o avanço da inflação no país. A Precon possui cinco unidades. Uma em Pedro Leopoldo, Serra (ES), Nova Iguaçu (RJ) e duas em Belo Horizonte. A empresa é responsável pela geração de 800 postos de trabalho. RAFAEL TOMAZ