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Construção para baixa renda em alta

Concentração de 96% do déficit habitacional no consumidor que ganha menos puxa crescimento do setor. A concentração de 96% do déficit habitacional no público com renda de três a seis salários mínimos, ou de R$ 1,245 mil a R$ 2,490 mil, está puxando para cima as projeções de crescimento das principais construtoras que atuam com empreendimentos no mercado da construção civil para baixa renda, conforme representantes das empresas e do setor. Eles afirmaram que o reforço dos bancos ao oferecerem cada vez mais crédito para a casa própria com facilidades de acesso à classe C, além do expressivo aumento nos preços dos aluguéis, seria suficiente para manter o aquecimento do mercado por pelo menos mais cinco anos. A demanda continua extremamente alta em relação a empreendimentos para baixa renda, segundo o diretor comercial da MRV Engenharia e Participações S/A, Rodrigo Colares. De acordo com ele, a velocidade de vendas das unidades neste mercado é de 30 a 60 dias. Déficit – Colares explicou que o déficit habitacional do país é de aproximadamente 8 milhões de residências. Porém, o Brasil ganha cerca de 1 milhão de famílias por ano, enquanto constrói 250 mil moradias anuais. “Os números mostram que as construtoras ainda não acompanham a demanda, deixando o mercado extremamente promissor”, avaliou. Além disso, o diretor comercial da MRV ressaltou que os bancos não elevaram as taxas de juros para o crédito imobiliário, ou seja, não sofreram impactos causados pelos útlimos reajustes para cima da Selic, que chegou a 13% no mês passado. A MRV está focada nos públicos de média e baixa rendas, sendo que no primeiro semestre deste ano o crescimento das vendas contratadas teria atingido 200% em relação ao mesmo intervalo de 2007, segundo Colares. Localização – Os imóveis e condomínios residenciais voltados para a classe C estariam espalhados pela Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), além de outras regiões do Estado e do país. Na Grande BH, os empreendimentos estariam concentrados em Contagem e nas regiões de Venda Nova e da Pampulha. Os preços dos imóveis do padrão mais popular seriam de R$ 55 mil. “As unidades cujos valores estão entre R$ 80 mil e R$ 100 mil são o carro-chefe dos negócios da MRV”, ressaltou Colares. A empresa trabalha com vendas para famílias com rendas que vão de R$ 1,2 mil a R$ 7 mil. “A demanda não é problema para o mercado de baixa renda”, afirmou o diretor-executivo da Construtora Tenda, André Vieira. A empresa teria excelentes perspectivas para este nicho de vendas, segundo ele. Conforme as expectativas de Vieira, serão necessárias muito mais “Tendas” construindo para erradicar o déficit habitacional do país. Para ele, a demanda reprimida, reflexo do período de estagnação do mercado, é responsável pelo cenário atual. “Para acompanhar o aumento da capacidade instalada das construtoras, precisamos de outras políticas governamentais, como desburocratização para obtenção de alvarás de projetos e padronização nacional dos mesmo”, disse. A Tenda possui 100% do foco na construção de unidades de R$ 60 mil a R$ 120 mil, conforme Vieira. A construtora atua em 78 cidades espalhadas em 9 grandes centros urbanos, entre eles a RMBH. “Os empreendimentos para baixa renda são implantados sobretudo em Contagem, Betim, Santa Luzia, e em outros municípios da RMBH”, disse Vieira. Segundo o diretor de Programas Habitacionais do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), André de Sousa Lima Campos, um ponto importante para mostrar as boas perspectivas do mercado de baixa renda é a migração de construtoras tradicionalmente focadas em alto padrão para este nicho. “O que é preciso observar é até quando fatores macroeconômicos, como as altas da inflação acompanhadas pelas da Selic, não vão influenciar no crescimento do país e do setor da construção”, alertou. MARX FERNANDES