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Construtoras aderem a permuta

As construtoras e incorporadoras estão optando pela permuta para a formação de bancos de terrenos em Minas Gerais. O objetivo é reservar capital para investimento em novos lançamentos. Esse modelo, na opinião do presidente do Sindicato do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi-MG), Ariano Cavalcanti de Paula, pode já ter ultrapassado a compra em dinheiro na capital mineira. “Até mesmo empreendimentos comerciais estão sendo construídos através de permutas”, disse. De acordo com Cavalcanti, a aquisição de terrenos por meio de permutas pode beneficiar os resultados dos empreendimentos imobiliários. “Com muita freqüência não há o desembolso total do capital, o que permite à empresa investir no projeto”, afirmou. Conforme o presidente do sindicato, as permutas, na maior parte das vezes, são feitas em troca da área real privativa. “As construtoras repassam para o proprietário do terreno parte das vendas realizadas no empreendimento imobiliário ou unidades.” O diretor da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Bráulio Franco Garcia, afirmou que a utilização da permuta sempre foi bem utilizada pelo setor. “Mas, com o aquecimento da construção civil, houve um boom nessa forma de aquisição”, disse. Invasão – Além disso, a entrada de construtoras de outros estados, principalmente do eixo Rio-São Paulo, fomentou a utilização de permutas no mercado mineiro. “Essas empresas estão utilizando somente a permuta em Minas Gerais”, afirmou o diretor do Sinduscon-MG. Apesar de ser uma forma de viabilizar alguns empreendimentos imobiliários, o diretor do Sinduscon-MG alerta para as “armadilhas” da permuta. “Algumas empresas fecham contratos muito altos e desistem de dar continuidade ao empreendimento imobiliário”, disse. Conforme Garcia, em regiões populares aproximadamente 16% do empreendimento fica comprometido com as permutas. “São mais unidades e possuem um menor valor de mercado”, disse. De acordo com ele, nos terrenos em regiões centrais esse percentual pode alcançar 20%. Mercado – O diretor de Desenvolvimento Imobiliário do grupo mineiro Paranasa S/A, Jânio Valeriano Alves, afirmou que 90% das últimas aquisições de terrenos da construtora foram feitas através de permutas. “O permutante acaba por se tornar um parceiro do empreendimento”, disse. Alves lembrou que a permuta pode ser uma forma rentável de investimento para os proprietários dos terrenos onde serão construídos os empreendimentos. “Ele pode utilizar os apartamentos que serão direcionados a ele para formar patrimônio ou esperar uma valorização para vender”, disse o diretor da construtora. A permuta também está sendo utilizada em empreendimentos comerciais. Um dos exemplos é a construção do Boulevard Shopping, na região Leste da Capital, projeto da Aliansce Shopping Centers e da NRG Empreendimentos Ltda. Para viabilizar o centro de compras foi utilizado um terreno do América Futebol Clube de aproximadamente 23 mil metros quadrados. De acordo com informações dos empreendedores, o terreno do clube foi permutado em 50% de sua área. O América recebeu, além dos valores em dinheiro, um terreno de 96 mil metros quadrados em área vizinha ao seu Centro de Treinamento na região da Pampulha. A permuta ainda prevê que o clube terá assegurada fração ideal no mall, correspondente à loja do hipermercado Carrefour e à sede administrativa. O clube também receberá aluguel mensal e percentual sobre a receita do shopping. O Boulevard Shopping foi orçado em R$ 250 milhões, entre investimentos dos lojistas e empreendedores. A área total do terreno é de 26 mil metros quadrados. RAFAEL TOMAZ