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Temporada de oportunidades

Em dois momentos distintos, o professor da PUC-SP, Laerte Temple, estudioso do mercado imobiliário nacional fez diferentes constatações: sua tese de mestrado defendida na década de 1980 analisava a intervenção do Estado no setor, o quanto ele atravancava a produção, emperrava as vendas e competia em desigualdade de condições no segmento de imóveis de baixa renda, com franco favoritismo para o setor público. Temple mostrava que “o setor passou a década de 1980, chamada de ´perdida´, duelando com tecnocratas, produzindo sem financiamentos e regras claras”. Já na virada do milênio, o doutorado do professor estudava os efeitos da globalização no mercado imobiliário e mostrava que, “após a redemocratização e seus primeiros tumultuados anos com hiperinflação, planos econômicos equivocados etc., a economia finalmente entrou nos eixos, e pleitos do setor – tais como marcos regulatórios claros, taxas de juros decentes, prazos mais elásticos, segurança jurídica etc. – tornaram-se realidade.” Essas duas constatações evidenciam o avanço do setor no decorrer dos anos. Transformações que elevaram a atividade construtora para um patamar bastante interessante. O Produto Interno Bruto do segmento é a prova desse novo cenário. De 2004 a 2008, ele cresceu a uma taxa média nacional de 5,22%, deixando para trás a apatia observada por décadas. O momento atual de pós-crise financeira internacional veio reforçar a temporada das oportunidades. Ao se descolar dela, o Brasil vem, cada vez mais, sendo alvo dos investidores com interesse em apostar suas fichas nessas terras. De acordo com Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, a razão mais importante para a rápida superação da crise foi “a dos 15 anos consecutivos de maior amadurecimento macroeconômico e político.” Segundo ele, o país acertou muito mais do que errou nesse período. E, se o nosso país está de janelas abertas para investimentos, a construção nacional pode ser a principal porta de entrada para ajudar nosso desenvolvimento. Tudo leva a crer que será. A Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016, o projeto do Trem Bala, o Programa Minha Casa, Minha Vida são alguns exemplos que movimentarão a indústria da construção. Neste ano em especial – ano de eleições – certamente novas obras públicas serão lançadas. Portanto, o futuro está empolgante e promissor. No entanto, ainda existem pedras no caminho que podem desestabilizar os trilhos das oportunidades: as dificuldades com a mão-de-obra qualificada, a burocracia em várias esferas, além das questões macroeconômicas, como a urgente necessidade das reformas tributária, previdenciária, trabalhista, administrativa e política. E, claro, a dificuldade do setor público em reduzir seus gastos, comprometendo o bom andar da economia. Assim, mesmo estando otimistas, temos que ser cautelosos e não podemos nos deslumbrar em relação ao momento positivo que estamos vivenciando. Temos, sim, é que trabalhar com seriedade, ética e conscientes do relevante papel que temos que desempenhar para contribuirmos para a construção de um novo Brasil. * Jorge Luiz Oliveira de Almeida é diretor de Comunicação do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).