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Construção civil terá R$ 10 bilhões

Do total, Caixa entrará com R$ 3 bilhões. Recursos virão da poupança. Bancos privados vão entrar com R$ 7 bilhões Geórgea Choucair Construção de prédio em zona nobre de Belo Horizonte: setor foi surpreendido com montante da ajuda bilionária liberada pelo governo O governo surpreendeu o setor de construção civil e anunciou na noite de ontem um socorro total de R$ 10 bilhões para as construtoras. Segundo o Ministério da Fazenda, as empresas que atuam na construção civil vão poder contar com esse valor em recursos da poupança dos bancos para capital de giro. A Caixa participará com R$ 3 bilhões, e os bancos privados, com os outros R$ 7 bilhões. O setor esperava um pacote de R$ 3 bilhões. Os recursos alcançaram esse montante porque os bancos brasileiros foram liberados para direcionar 5% do saldo da poupança (cujo total soma R$ 205 bilhões) para capital de giro de construtoras. Hoje, as instituições financeiras são obrigadas a aplicar 65% em financiamento imobiliário. Os 5% (cerca de R$ 10 bilhões) poderão ser abatidos desse total. A verba pegou de surpresa os empresários do setor. “Eu estava sabendo só dos R$ 3 bilhões, que estavam sendo negociados”, afirma Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Segundo o Ministério da Fazenda, a liberação dos R$ 10 bilhões foi adotada para facilitar o acesso ao crédito para as construtoras. A aplicação de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) em capital de giro era vetada até ontem, mas ficará limitada a até 5% do saldo da poupança. A Caixa também vai formar um fundo de reserva como lastro de garantia de até 35% do valor das operações realizadas pela instituição. O valor total dos dividendos que poderá ser retido para o fundo é de R$ 1,05 bilhão. O Ministério da Fazenda salientou que essa reserva só será utilizada em “última instância”, pois serão exigidas as garantias habituais dos proponentes. As condições para os financiamentos vão ser definidas em resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que definirá as condições para os financiamentos. O pacote de socorro ao segmento da construção civil vem sendo negociado com entre governo e representantes do setor há mais de um mês. O mercado imobiliário brasileiro, que vivia em 2008 momento de expansão galopante, foi obrigado a pedir socorro ao governo para salvar as construtoras. O pontapé inicial das dificuldades foi a crise financeira americana, que começou a secar a torneira do crédito mundial e derrubar bolsas de valores em todo o globo. Muitas empresas de construção civil abriram capital na bolsa e usaram o dinheiro para adquirir terrenos. O problema é que a maior parte das ações foi comprada por investidores americanos. Com a crise, eles venderam os papéis para compensar as perdas no mercado externo, deixando as empresas descapitalizadas justamente na hora de construir e lançar empreendimentos. Os empresários do setor pediram ao governo recursos para que sejam aplicados na conclusão de empreendimentos imobiliários, compra de ativos das construtoras, linha de crédito para descontar os recebíveis e processos de fusão e incorporação dos empreendimentos imobiliários. Apesar das turbulências, o setor da construção civil mantém as estimativas de crescimento de 8,5% este ano, em relação a 2007. Também ontem, a Caixa informou que negocia a compra mais R$ 2 bilhões em carteiras de crédito de bancos médios e pequenos ainda neste ano. Segundo o vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, esse valor deve se juntar aos R$ 11 bilhões já anunciados desde que o governo criou um incentivo para os bancos fazerem esse tipo de aquisição. (Com agências) Setor enfrenta redução de vagas Paula Takahashi A construção civil, que vinha se destacando nas últimas Pesquisas de Emprego e Desemprego (PED) como o setor com o maior número de vagas em oferta, registrou uma redução de sete mil postos de trabalho no último mês de setembro em relação a agosto, passando de 178 mil pessoas ocupadas para 171 mil. O levantamento foi divulgado pela Fundação João Pinheiro, Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Fundação Seade. Ricardo Catão Ribeiro, vice-presidente de política, relações trabalhistas e recursos humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), descarta qualquer relação entre a redução do número de vagas e a crise econômica mundial. “É um situação pontual que pode estar relacionado à finalização de obras e um momento em que outros empreendimentos não foram iniciados”, explica. Em agosto, comparativamente a julho, o setor havia aumentado em 11 mil o número de vagas. A mesma avaliação é feita por Teodomiro Diniz Camargos, presidente da Câmara da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que não acredita que haja relação direta entre a crise e os dados divulgados. Porém, Teodomiro não descarta que os números podem ser resultado de uma queda nas vendas de imóveis ocorrida no período. “Houve uma redução do movimento de vendas o que, de certa forma, diminui o ritmo acelerado de construção”, afirma. Já a indústria, que já vinha apresentando uma trajetória de queda nas últimas pesquisas, manteve a tendência e reduziu em nove mil o número de vagas. Comparativamente a setembro de 2007, a indústria já perdeu 19 mil vagas. A taxa de desemprego total na Grande BH, apresentou queda de 2,1% em setembro com relação a agosto, passando de 9,7% para 9,5% da População Economicamente Ativa (PEA). Essa é a menor taxa de desemprego registrada na região desde o início da pesquisa há 12 anos.